O outro lado
Menina vai para o outro lado o Pará. Isaís Lopes avô materno reunia sua família para uma jornada de trabalho, para o outro lado. Em sua canoa grande, junto com filhas, filhos genros, noras e netos, remavam pelo rio gurupi rumo ao oitero local de trabalho de lavoura da família desciam a remo pelo igarapé itapuriteua, onde tralhavam juntos na plantação de milho, feijão, mandioca, batata doce, amendoim, cana de açúcar, abóbora, melancia, quiabo, banana, arroz, etc. Enquanto os adultos iam para o trabalho as crianças maiores ficavam responsáveis pelos menores, porém em um descuido todos fugiam para o banho de rio que era a diversão dos pequenos, a avó materna preocupada com os menores resolveu pegar o espantalho da roça para colocar no meio do caminho que levava ao rio, de tão feio que e assustador que era o boneco, as crianças pensavam duas vezes antes de decidir ir ao rio, com o passar dos dias o boneco apelidado de judas deixou de ser tão assustador, pois resolveram, enfrentar o medo e formavam fila para passar no local, contavam um, dois, três, e corriam um a um, no início houve gritaria, mas aos poucos foram percebendo que o boneco não mexia, nem piscava e com um furo na blusa foi possível notar que era feito com folha de bananeira, umas roupas velhas um chapéu do vovô, seu nariz de madeira. E então coube aos adultos a arranjarem outras estratégias, as crianças corriam um sério risco indo banhar sozinhas e pela desobediência inventaram o babalu. Quando estavam todos reunidos as crianças todas juntas comentavam a respeito, que era feio é pegava crianças traquinas e dosobedientes, colocava todos em um saco e levava. O adulto que ficava responsável num piscar de olhos sumia e do nada aparecia o babalu, mascarado com o saco nas costas ameaçando levar crianças que desobedeciam os pais, o recado era bem dado, um pouco assustador mais funcionou por um tempo até que uma das crianças resolveu puxar a máscara dele e acabou o mistério, descobrindo a vovó, crianças boas entendedoras aprenderam a lição, só podia banhar no rio acompanhado de um adulto. A menina e as outras crianças tinham carinho imenso pela avó era brincalhona, os momentos ao lado dela eram intensos, apelidada de Dinha, apesar dos castigos era uma palhaça e após descoberta de suas armações tudo ficava claro, suas lições foram marcantes, tinha um dom especial nossa cura, nossa mãe duas vezes, quase todos os netos foi responsável pelo nascimento, era parteira de suas filhas e noras. O café da manhã dela era uma maravilha, todos reunidos ela sobia com o seu banquinho em cima do fogão de barro, fazia o beiju de tapioca, o mimgau de arroz com abóbora, a canjica de milho, o pirão de peixe com feijão com abóbora que fazia especialmente para os netos, servia em uma cuia um a um com sua mão de boquinha em boquinha até secar a cuia, enfim. A Dina costumava viajar e levar ao menos cinco netos com ela, quando perguntavam porque de andar com crianças, ela falava porque gosto da companhia deles, porque me ajudam a tornar a vida menos pesada. A menina feliz voltava para casa e contava os dias para uma outra aventura com a família.
Grande e unida minha família. Sou uma menina ainda com um pedacinho prezo na infância feliz, um pouquinho de mim deixado por pessoas incríveis que Deus me permitiu conviver e passaram por mim, algumas que já foram como um tio que tocava violão nas noites que a família reunia, um primo que brincava, fugia junto com todos a Dina que se foi e o pai que também Deus o levou. Pedacinhos meus que me preencheram me tornaram o que sou.
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Um pedacinho de mim
TerrorHistória baseado em fatos reais, eu Deuzenir fiz para obtenção de nota na formação de pedagoga.