“Espero que todas as lágrimas que estou derramando, lavem de vez a minha alma das expectativas frustradas de ser feliz ao seu lado.”
– André Guimarães
[...]
Desgastada. A vida se tornou tão maçante. A mesma rotina se repete todos os dias. Acorda, olha para o teto e vira pro lado. Minutos se passam, suspira, muda de posição, levanta apenas para desejar se deitar de novo, e então começa o dia. Com a energia já esgotada. Não aguentava mais aquilo. Quem em seu lugar conseguiria?
Pega o celular, olha as chamadas perdidas de suas melhores amigas. Mais um suspiro, e então a culpa volta, quase, substituindo a saudade. Se sentia péssima por preocupá-las, mas o quê podia fazer? Simplesmente não via mais graça em suas saídas usuais ou mesmo nas suas conversas cúmplices. Não via mais graça em muita coisa.
Novamente, o quê podia fazer? O que fazer se a vida tornara-se opaca para si?
Outro suspiro. Quantos já houvera dado e a manhã mal começara. Recusa a nova ligação da Park e põe o celular no silencioso. Entra no banheiro e lava o rosto. Se sente um pouco melhor e acha que hoje, talvez, seu dia finalmente será diferente. A animação começa a querer surgir mais uma vez em si, tímida como uma flor a desabrochar.
Tudo bem, ela acha que pode lidar com isso hoje.
Pobre Soo. Todas essas esperanças apenas para quando num deslize acabar olhando para baixo e ver aquela antiga escova de dentes vermelha exatamente como ela houvera deixado depois de resgatá-la da lixeira do seu banheiro, onde esta havia parado em uma das vezes que havia prometido a si mesma que o iria superar definitivamente.
Então, as lágrimas começam a se manifestar mais uma vez, invadindo-lhe juntamente com as lembranças, como uma onda singela mas tão súbita que não comseguiu impedir de derrubar seu irrisório castelo de areia. Pobrezinha.
Engraçado como ainda conseguia ter forças o suficiente para chorar. Depois de algumas semanas, já era de se esperar que não tivesse tanta facilidade em realizar esta façanha.
E como esperado, lá vem o desânimo, arrancando-lhe, como se fosse uma erva-daninha em um belo jardim, qualquer disposição que possa ter criado. Alguns minutos (ou foram horas?) se passam até que ela possa criar energias o bastante para arrastar-se para longe daquele maldito banheiro. Banheiro idiota que fora o responsável por trazer a tona todas aquelas infames memórias. Por acaso ele não sabe como os dias têm sido difíceis o suficiente, sem precisar da ajuda dele trazendo malditas recordações?
Deprimente e patética, era como se sentia. E esses sentimentos apenas se intensificaram ainda mais ao se perguntar como ele estaria sem ela. Sentiria ele sua falta como ela sentia a dele?
A dor e a saudade andam de mãos dadas dentro de si, exatamente como eles costumavam fazer, inseparáveis, como costumavam ser.
Tsc, tsc. Quem pode culpa-la, afinal? Quem nunca também achou que seria para sempre?
Uma sequência de suspiros angustiados se seguem. As horas se passam. Ela se sente anestesiada, como se tudo ao seu redor fosse apenas frutos do seu cansaço inesgotável pelas noites perdidas.
Quando a clareza volta a se fazer presente em sua mente, já anoiteceu. Sua consciência se torna pesada ao encostar a cabeça no travesseiro. Ela não aguenta mais conviver com essas lembranças. A noite passa devagar, e ao mesmo tempo, rápida demais, seus pensamentos em um estado de torpor surreal. Talvez, se ao menos conseguisse fechar seus olhos e desligar-se por mais de algumas poucas horas, estaria melhor.
No dia seguinte, o ciclo recomeça e continua.
Se ao menos ela não sentisse tanto a falta dele.
Se ainda não o amasse tanto.
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é isso, acabou? [♡] kim jisoo
FanfictionKim Jisoo não se importava mais com aqueles olhos castanhos hipnotizantes. Não se importava mais com aquelas jaquetas de couro. Não se importava mais com aquele sorriso doce e atraente. Não se importava mais com aquelas palavras traiçoeiras que esco...