16. JACOB

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- Vamos, Jacob – a voz manhosa de Sophia soa do outro lado da linha – Só uma vez

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- Vamos, Jacob – a voz manhosa de Sophia soa do outro lado da linha – Só uma vez. Precisamos falar para naturalizar isso.

   Nego com a cabeça, ainda que ela não consiga me ver – De jeito nenhum.

    A escuto bufar do outro lado – Como espera vê-la daqui alguns meses se sequer consegue ouvir o nome dela?

   Reviro os olhos enquanto termino de escolher a roupa de Lucy para o almoço.

   Eu e Sophia nos tornamos grandes amigos desde aquela noite, um mês atrás. Trocamos mensagens todos os dias e já tomamos café juntos mais vezes que posso contar. Ela até tentou me forçar a ir em alguns encontros marcados pelo Tinder antes de desistir, vendo o fiasco que sou.

   Foi quando cedi e lhe contei toda a minha história em New Haven, desde a primeira noite em que bebi no bar menos higiênico possível, até o ultimo dia, no qual descobri o sexo de minha filha. A professora de Lucy agora sabe tudo sobre minha vida amorosa, o que é meio esquisito de certa forma.

   Sophia então vem tentando me fazer dizer em voz alta o nome de Megan. Segundo ela, o primeiro passo para superar um amor é admitir que de fato existiu amor.

- Lidarei com isso quando a ver – é a resposta que dou.

    Parte de mim está ansioso de uma maneira que nunca estive antes para quando isso acontecer. Só pensar na possibilidade faz meu coração palpitar.

    A outra parte quer correr para as montanhas quando pensa em ser observado por aqueles olhos azuis novamente.

- Meu Deus, o que essa mulher tem que o deixa tão abalado? – a pergunta retórica me faz rir – Quero conhecê-la um dia, porque se não consegue nem ouvir o nome dela...

- Já existem muitas coisas no mundo que me fazem recordar de tudo – confesso, sentando na coberta cor de rosa de minha filha – Não preciso de mais uma coisa.

- Tudo bem, tudo bem – ela cede e eu quase consigo ver a expressão em seu rosto. Estou me habituando com suas caras e bocas – Mas voltaremos a falar sobre esse seu bloqueio depois do almoço com seu irmão – seu tom autoritário me faz sorrir.

- Sabe que ele é terapeuta, não é? – pergunto, debochado.

- Exatamente por isso você precisa de mim, sou mais imparcial que ele – é sua resposta final.

    Nós continuamos conversando por mais alguns minutos até Lucy me chamar, pedindo para tirá-la da banheira. Enrolo meu pacotinho loiro em sua toalha macia e a carrego de volta para quarto, ajudando-a a colocar seu vestido lilás e suas sapatilhas brilhantes.

- Estou linda, papai? – pergunta, colocando uma tiara da mesma cor dos sapatos em seus cabelos.

    Abro meu maior e mais brilhante sorriso, aquele exclusivo de Lucy – Sempre, querida. Agora vamos, temos que aproveitar o seu padrinho enquanto podemos.

Todos os dias deixados para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora