TPM é mesmo uma sensação que só quem vive ou viveu na pele pode entender. Não é nervosismo, tensão, chateação. É tudo isso e muito mais. É um período de transformação. Momento em que nos transformamos em outra pessoa.
E foi isso que aconteceu na oficina. Eu me dava bem com o mecânico, o seu José, principalmente, porque o meu carro vivia dando problema. Custava caro, mas sempre terminava bem.
Até que um dia fui levar a minha barca barulhenta para o seu José verificar o que estava acontecendo. Do momento em que desci do carro até a manhã seguinte não sei contar com clareza o que aconteceu.
Lembro do seu José dando explicações: o pistão, o carburador, a revisão, alguns dias, não sei quantos reais. E depois disso os meus berros. Um abuso. O que é que o senhor está pensando? Está querendo me enrolar? É um absurdo. Até que voltei para casa e, extenuada pelo surto, dormi vinte horas seguidas.
Quando acordei, tive a enorme felicidade de constatar que estava menstruada. Nossa, era isso, só isso.
Precisava voltar no mecânico. Me senti culpada. O que eu tinha feito?
Chegando lá percebi que era tão exagerado tudo que tinha acontecido que não havia palavras para dizer. Então, louca por louca, banquei a louca mesmo. Fingi que era outra pessoa e comecei a conversar muito doce e simpática sobre o carro com ele como se nunca nada tivesse acontecido.