• capítulo único •

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Kim Taehyung se encontrava na casa vazia, onde anteriormente viveu momentos felizes ao lado de Jeongguk. O grande e único amor de sua vida.

Jeongguk tinha partido cedo, na flor da idade, culpa de uma infeliz doença diagnosticada tarde demais.

Os anos que viveram juntos agora tinha ficado apenas na memória de Taehyung. Apesar de seus amigos diariamente tentarem animar o mesmo, tentando fazê-lo sair de casa para algum lugar que não fosse a própria casa em que viveram juntos, quase nunca obtiam sucesso.

Fazia pouco menos de um ano que seu amado tinha falecido, mesmo que parecesse anos. A casa, o cantinho de amor, como dizia o mais novo, ficou vazia. Não tinha mais vida, apenas uma mobília velha coberta por lençóis além das caixas e mais caixas contendo suas coisas.

Taehyung semanalmente à visitava, sentia saudades dos móveis que Jeongguk e ele escolheram assim que se mudaram, quando ainda mal tinham dinheiro para pagar o aluguel.

Lembrava das conversas e planos para o futuro. Lembrava do mais novo contando cada centavo do salário dos dois para conseguirem comprar o sofá que ele tanto queria. Lembrava de tudo.

Mas do que adiantava? Lembranças eram apenas lembranças.

Tudo que lhe sobrava era Yeontan, um dócil cachorrinho adotado pelo casal cerca de cinco anos antes. Era o filhinho que eles não puderam ter.

Naquele sábado em específico lá estava ele novamente, sentado em meio às milhares de caixas, revendo as fotos dos dois. Fotos de suas viagens, suas aventuras malucas, ou simplesmente dos dois deitados na cama com o filhote no meio.

Eles conheceram muitos lugares juntos. Não eram ricos, longe disso. Mas todos os anos, sem exceção guardavam dinheiro para que pudessem ao fim do ano voar até um país diferente.
Não pense que ficavam em hotéis de luxo e coisas do tipo. Quase sempre passavam o que Jeongguk nomeava de "perrengue chique".

Taehyung às vezes se estressava na viagem, ora quando chegavam ao destino e tinham de esperar horas até o check-in no hotel, ora quando acontecia algum erro que indicava que os dois na verdade não fizeram reserva para aquele dia, e sim para aquele mesmo dia mas um mês depois.

E Jeongguk, otimista e positivo como era dizia coisas do tipo "Relaxa amor, nós estamos na Argentina" ou "Tae, você precisa ficar de boa, lembra que estamos em Amsterdã e fica tudo bem".

O mais novo sempre foi a calmaria enquanto o outro era tempestade. De certa forma se completavam, como o céu e o mar.

Nos últimos meses de vida, ele sentia que não aguentaria por muito tempo então começou a escrever cartas para que de alguma forma o mais velho sempre sentisse a presença dele onde quer que ele estivesse.

Taehyung sempre as lia. Chorava após ler as belas palavras de Jeongguk e então lia tudo de novo.

Ele não culpava ninguém pela morte de seu amor, nenhum deus ou divindade. Ele também não aguentava ver o sofrimento de Jeongguk, que nas últimas semanas de vida ficou bastante debilitado.

No fim de tudo, mesmo certamente ciente de que nunca superaria cem por cento a morte da pessoa mais importante de sua vida, ele entendia.
Entendia que Jeongguk precisava descansar. Entendia que havia vivido lindíssimos anos ao seu lado e que foram felizes ao extremo. Também entendia que era sortudo, um puta de um sortudo que fora escolhido para viver tantos momentos ao seu lado.

Relia novamente um dos vários bilhetes que lhe foram deixados dentro das caixas de papelão.

"Ei, amor, tudo bem? Espero que sim. Não esqueça nem por um segundo que aonde quer que eu esteja estarei olhando por você. Por favor cuide de nosso bebê, não esqueça de alimentá-lo, sim?

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