Inesquecível

Capítulo 2

Era noite de terça-feira e ficar em casa não fazia parte de meus planos.

Vesti minha blusa azul favorita e aquela saia branca com babados discretos nas pontas... Como toda noite, a pracinha era o único lugar daquela cidade na qual podia dar uma "voltinha" com as amigas, logo em seguida como de costume iriamos a lanchonete e depois de longas conversas voltaríamos para casa.

Novamente a primeira casa a me receber era a de Carina.

"Carina! Carina!" - Gritos acompanhados de palmas pra não perder o costume.

E eu jamais faria ideia de como aqueles atos tão simples me fariam tanta falta.

Carina apareceu e fomos na casa de Luene.

Saímos as três em direção a velha e amigável pracinha.

Uma hora ou outra elas comentavam o quanto eu faria falta, já eu sabia que sim, mas também tinha consciência de que o tempo as faria esquecer de discar o número de meu celular...

Jessye (minha irmã mais velha) que disse que ficaria em casa me ligou mudando de ideia. Estava indo nos encontrar na praça.

As vezes me magoava o fato de Hilda não estar ali conosco. Ela era tão minha amiga! Tínhamos uma conexão diferente...

Sabe, aquelas amigas que você pode ver até mesmo todos os dias, mas que nunca vão ser como aquela sua amizade que você não sabe o porquê muito bem, mas tem algo diferente... Como se fôssemos irmãs, era assim que eu pensava na Hilda, mas nesse caso, irmãs que não brigam.

Conversamos por horas na pracinha, a Jessie chegou e participou de nossas conversas e brincadeiras, e dessa vez não passamos na lanchonete. Estávamos meio que sem dinheiro para um lanche naquele dia.

Caminhamos para a casa da Carina, e lá fiacamos em frente, até a hora que Dona Inês apareceu aos berros mandando ela entrar... Nem estava tão tarde assim, eram 22:45hrs ainda.

Eu ria por dentro de toda aquela situação, mas bem que na hora mesmo era meio tenso...

Ficamos um pouco mais conversando, Luene, Jessie e eu. Até que Jessie viu no relógio 23:17hrs. Era melhor irmos para casa.

Nos despedimos de Luene e fomos para casa.

Lembro-me daquela noite como se fosse hoje.

Dobrei meus joelhos ao lado da rede e orei a Deus falando palavras de forma bem explicativa, como quando contamos uma história em detalhes a um amigo e queremos que ele compreenda ao máximo possível.

"Deus, meu Deus...

Me dá alguém sincero, que te sirva de todo coração e que me ame de todo coração, e eu a ele.

Alguém que não me engane, que não minta, que não me traia.

Estou cansada de procurar e o Senhor sabe que não tenho paciência de esperar, por isso tantas vezes quebrei a cara!

Por favor, me mande logo alguém que seja realmente fiel a mim, que não tenha olhos para outra mulher.

Que seja meu marido um dia...

Por favor, alguém que não me traia nem com o olhar!

O Senhor sabe que se a pessoa me trair, mesmo que eu esteja casada eu me separo! O Senhor sabe como eu sou meu Deus, por favor, me mande alguém fiel. Que me ame muito e eu a ele, e que possamos viver felizes te servindo, enquanto vivermos.

              Amém."

Fui dormir e depois disso só consigo lembrar o quanto minha vida mudou.