Capítulo Único

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14 de fevereiro – Valentine’s Day

Seria a primeira vez que passariam o dia dos namorados como um casal. Sakura não colocava muitas expectativas sobre a data. Desconfiava que Sasuke ao menos se lembraria. Definitivamente essa não era a preocupação dele no momento. No entanto, como uma boa apaixonada que sempre fora, não queria que passasse em branco, e parecia que assim como nunca ela se sentia totalmente entregue aos sentimentos por seu noivo. Talvez fossem os hormônios que se agravaram com a gravidez. Não sabia. Mas de toda forma queria presenteá-lo.

Pensava em como faria isso. O esconderijo de Orochimaru em que estavam morando era afastado da vila, e certamente receberia um sermão de Sasuke se resolvesse sair daquele local desacompanhada, visto que era perigoso no momento, por conta da ameaça Ootsutsuki.

Pensou em pedir ajuda para Karin, mas achou que não seria o apropriado. Para falar a verdade ela nem sabia como presentear Sasuke. Ele não era o tipo de pessoa que se importava com objetos materiais, tão pouco era alguém que se conquistava pelo paladar. Bem, só restava uma alternativa. Pensou se ela era ousada ao ponto de fazer tal coisa que se passava por sua mente, decidiu que sim. Já haviam passado dessa fase, estavam juntos a certo tempo, carregava um filho seu e em breve se casariam, não seria tão difícil. Era o que ela queria pensar.

Seguiu seu dia normalmente com seus afazeres, sempre no seu ritmo, tendo que fazer pausas constantes. Seus quase oito meses de gestação não contribuíam em nada naquele momento e qualquer esforço além do comum seu corpo sentia, dando em reposta uma fadiga desagradável. Pensou em tirar o resto do dia de descanso, mas essa foi uma ideia que sumiu na mesma velocidade em que apareceu. Já se sentia invalidada o suficiente, deixando que Sasuke se arriscasse sozinho lá fora, enquanto passava o dia todo naquele lugar, que ainda não se acostumou a chamar de lar. Sabia que não tinha culpa em não poder ajudá-lo, e mesmo que sua gravidez não tivesse se tornado de risco, duvidava que Sasuke a deixaria fazer tal coisa. Então ela tentava ser útil de alguma forma, além do mais, Sakura era agitada demais para pensar na possibilidade de ficar deitada por horas sem fazer nada, a não ser que fosse para dormir ao final do dia.

Felizmente a época dos enjoos havia passado, o que amenizava um pouco a tortura que era passar o dia naquele laboratório, que cheirava a produtos químicos. Seu maior incômodo no momento eram os chutes que o bebê dava. Por Deus, se essa criança for agitada da forma que demonstra ela estaria com problemas. Suplicou momentaneamente para que ela puxasse a calmaria de Sasuke. Sentiu um pontapé forte atingir seu estômago, o que a fez grunhir baixo, mas não o suficiente para passar despercebido pela presença peçonhenta que adentrou o cômodo.

-Não devia se esforçar tanto. 

A mesma voz rouca de sempre.

-Estou bem.

-Sasuke-kun não ficaria feliz se soubesse que você passa tanto tempo trabalhando sem descansar.

-Já disse que estou bem. E ele não precisa saber.

-Se você diz.

Sakura ainda não tinha se acostumado com Orochimaru exalando algum traço de preocupação para com outro ser que não fosse si próprio. Não queria admitir que ele estivesse certo. Sabia que não podia se esforçar tanto, essas últimas semanas deviam ser de repouso quase que absoluto. Mas ela era teimosa demais para isso. Sentiu seu estômago roncar ao se lembrar da última vez que comera. Se amaldiçoou por estar sendo tão imprudente. Ela não era assim. Mas eram tantos os pensamentos que rodeavam sua cabeça que não conseguia se preocupar com mais nada, além das expectativas que estava colocando na noite que se aproximava. 

Comeu qualquer coisa para espantar o desconforto na barriga e continuou suas tarefas. Quando as finalizou imaginou que o céu já devia estar escurecendo. Não conseguia saber ao certo pois não entrava nenhuma luz natural no local. Esse era um dos motivos que a deixava tão frustrada por ter que viver ali naquele tempo. Saiu do laboratório, que se tornara seu local de trabalho, e se dirigiu ao quarto em que estavam ficando. Resolveu tomar um banho para tentar tirar o cheiro do ambiente que a impregnava, mesmo sabendo que isso não aconteceria. O banho era mais para tentar colocar a cabeça no lugar e tirar os nós que formavam em seus ombros.

A lua está linda. Onde histórias criam vida. Descubra agora