(conhecido como o capítulo mais longo até agora. Se preparem).
Havel
- E EU NÃO aguento mais - disse, cruzando os braços por fim.
Rose piscou devagar para ela, sorrindo pacientemente. Abraçou a pequena almofada de seda rosa, com cuidado para as unhas não arranharem o tecido.
Havel balançou a cabeça, indignade com seu próprio monólogo, e se recostou sobre o sofá atrás de si.
Odiava que as pessoas falassem de sua altura. Mas, principalmente, odiava parecer mais baixa que Rose. E agora, a linda feérica de cachos cor de canela estava lá, em todo esplendor de uma divindade. Sentada no sofá, ainda mais imponente sobre ela.
Rosebeth Silvy balançou a cabeça, se deitando entre as almofadas e tecidos para ficar mais perto dele. Havel paralisou no lugar, sem piscar. O pequeno chalé, na beira do riacho que cortava as terras do Colégio, pareceu encolher.
- Ele parece uma criança - disse, a voz doce como de um conto infantil. - Ethan ainda é imaturo demais para perceber que as coisas que acontecem ao nosso redor significam algo.
Havel anuiu com veemência, erguendo os braços.
- EXATAMENTE! E o que ele espera? Nós estamos com uma falha de segurança enorme e ele não tem a coragem de contar pra ninguém. E eu fico com medo de dizer para a minha mãe e ela dar um surto e culpar o menino pra sempre.
Rose ergueu uma sobrancelha.
- É, não é como se ele não merecesse - Havel estalou a língua, cruzando os braços.
A feérica de pele marrom largou a almofada de seda, se inclinando para mais perto. Havel olhou para cima, para seus olhos cor de jabuticaba, e engoliu em seco.
Rosebeth riu baixinho, sem piscar, com o desconforto da companheira. Então passou um de seus longos dedos macios pela franja delu, para tirá-la da frente dos olhos.
Um pequeno arranhão avermelhado manchava sua testa, de uma das quedas enquanto corria pela cidade. A fada puxou a mão pequena da companheira, com a palma levemente ralada.
Com uma carícia leve, tão delicada que dava cócegas, Rose depositou seu poder em cada uma das feridas, que desapareceram instantaneamente. Era uma magia antiga que corria no sangue de sua família, tão familiar que provavelmente não a devia impressionar. Mas Havel jamais deixaria de encontrar algo fascinante e maravilhoso em como a companheira parecia tecer com os dedos o poder da própria vida.
Normalmente um ferimento daquele tipo demoraria de seis a oito horas para sumir, devido à rápida regeneração dos feéricos. Mas, sabendo que Rose faria aquilo todas as vezes, não se importava nem um pouco de aparecer com um ou outro arranhão.
A loira sorriu levemente, um arrepio suave e quente correndo por seu corpo.
Então arregalou os olhos, como se tivesse tomado um choque.
Rose piscou pacientemente, um pouco decepcionada, mas não a tempo de Havel se apoiar nos joelhos, ficando a dois centímetros dela.
- Eu 'tava com saudade. - Rose sussurrou em seu rosto, e Havel sorriu, trêmula.
Tudo parecia tão certo. Tão doce, tão ela...
- HAVEL VOCÊ TEM QUE VER ISSO!
As duas saltaram no lugar, quando Ethan Starlet abriu as portas abruptamente, gritando a plenos pulmões. Havel o olhou com ódio e confusão, mas Rose apenas ficou calada.
O garoto olhou de uma para a outra, três vezes, antes de abrir um sorriso sem graça.
- Atrapalhei alguma coisa ou..?
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Aurora | Adhara: Deraia - Livro I
Fantasía🏅#1 no concurso Aventuras Literárias 🏅#1 em Capa no concurso Raposa de Ouro Uma história sobre sonhos, reinos mágicos e autoconhecimento. Para Ana Foster, cujo horizonte não se limita à antiga cidade onde vive, todos temos nosso legado. Nossa hist...