Eu acho o nariz e o queixo parecidos com o meu. - Pondero fingindo
que o comentário dele não teve problema algum. Heitor analisa meu
rosto e em seguida o de Bernardo.
- Tem razão. - Concorda. Depois ele olha para Renato. - Se bem que
se seu noivo for loiro como Renato, o cabelo do menino é... ele para
de falar, olha para mim, o bebê e Renato. Depois dá um sorriso sem
graça e se desculpa. - Bem, deixa pra lá.
Renato coloca uma mão possessiva no meu ombro e encara Heitor.
- Bom, acho que você tem que ir colocar o bebê para dormir. Olha os
olhinhos dele. - Renato palpita.
- Sim, tem razão.
- A propósito, gostei muito do lugar. - Heitor fala com Renato que faz
só um muxoxo com os lábios e assente. Voltando-se para mim e Beni,
Heitor diz:
- Nos vemos amanhã?
- Sim, amanhã.
- Até logo garotão. - Ele faz outro carinho na bochecha de Bernardo e
vira-se em direção ao mar.
Eu poderia ficar aqui e ver esse espetáculo que é ele tomando banho.
Mas preciso despistar Renato e levar Bernardo para casa.
A minha noite foi tranquila na teoria, pois na prática foi repleta de
pensamentos indecorosos, que envolve um moreno bonito, lugares
paradisíacos, e ideias sobre como seria beijar aqueles lábios...
Certo, eu preciso apenas de uma caneca de leite morno.
Vou para a cozinha, já é meia noite. Enquanto o leite esquenta eu
pondero sobre certas circunstancias. No momento eu não quero um
homem na minha vida, preciso antes juntar grana para sumir por um
bom período. Eu e Renato estamos planejando uma ida para o
Canadá. Será o tempo de a poeira abaixar e o pai de Bernardo se
esquecer da traição de Carolina . Homens como ele não ligam muito
para filhos, ainda mais um homem de trinta anos, solteiro e que
possivelmente vive nas festas mais badaladas do Rio. Se ele não veio
até hoje, duas semanas depois de ter descoberto tudo, é lógico que
não vai vir mais. E se por ventura querer vir, será apenas por vingança
e não por querer ter uma convivência intima com o filho. Segundo
Renato, eu não preciso me preocupar; ele disse que homens assim
têm filhos espalhados por ai e correm de responsabilidade como o
diabo corre da cruz. Me apego nisso para respirar aliviada.
Pego o leite e dou uma bicada, recosto o quadril no pequeno balcão e
penso: Portanto, um breve romance de verão com Heitor não seria
perigoso.
Isso se Heitor te quiser. Convencida. - Meu interior preconceituoso
zomba de mim e eu dou de ombros.
É. Tem toda razão. Céus! Eu não estou me reconhecendo. Nunca fui
atiradinha desse jeito, toda minha vida sempre foi orquestrada com
calma e perspicácia não vou jogar isso fora por causa de um abdome
sarado e um rosto bonito.
Coloco a caneca na pia e caminho para o banheiro, antes paro na sala
e olho para a janela. Vou me aproximando devagar, há algo que me
atrai; meus passos são comedidos e meio temerosos, me aproximo e
me posiciono atrás da cortina, puxo-há um pouco e espio. Do outro
lado está à casa de Renato, no andar de cima uma luz está acesa e
consigo ver nitidamente um homem seminu levantar pesos; um fogo
de origem libertina toma meu corpo e eu engulo saliva.
Renato me faz fazer cada coisa. Será que quero mesmo dar um fora
no novo vizinho amanhã no café do descarte?
Na manhã seguinte Vanessa recusou a minha chamada para cuidar
de Beni enquanto eu vou ao tal encontro. Ela disse que é semana de
prova e precisa estudar. Ligo para as meninas do salão e elas estão
atoladas de serviço, Renato eu nem tento, ele sai muito cedo para ir à
padaria e a única forma que vejo é ir até Heitor e dizer que não posso
sair com ele. A perspectiva de bater na porta de um homem as sete da
manhã me deixa com os poros eriçados.
Com o coração aos pulos, me arrumo, visto um vestido de verão e
calço sandálias de dedo, coloco um chapéu de praia e pego Bernardo
que desde as seis já está desperto.
- Vamos bebê. - Pretendo usar meu filho como escudo. Saio de casa e
sem pensar muito no que estou fazendo, caminho até a casa de um
estranho. Subo a escada lateral, bato na porta e alguns segundos
depois a porta se abre e eu sou recebida com uma visão da palavra
"tesão" personificada em um homem alto, com músculos definidos no
lugar certo e usando apenas uma calça de flanela caída no quadril.
Uma tira de pelos pretos desce sumindo na calça incitando a olhar até
onde o elástico da cueca aparece.
Heitor me olha meio intrigado depois abre um meio sorriso.Karol . Que surpresa. - A atenção dele recai sobre Bernardo e um
sorriso maior se forma no rosto másculo.
- Sei que não são oito horas ainda, mas vim te dizer que não vou
poder comparecer ao nosso encontro. O motivo? Esse pequeno ser
aqui.
- Oi amigão. Você agora é um problema? - Heitor, como da outra vez,
encara Bernardo com um olhar devotado. Como se meu bebê fosse a
oitava maravilha do mundo.
- Pois é. Não encontrei ninguém para ficar com ele enquanto eu vou
tomar café com você.
- Traga ele com a gente.
- Levar Beni? Sei não...
- Será divertido, nem vamos a uma lanchonete ou padaria.
- Não?
Heitor faz uma cara de suspense os cantos dos olhos repuxam em um
sorriso.
- Planejei algo bem legal. Entre, fique a vontade enquanto eu vou me
trocar.
Ele se afasta dando espaço para eu passar.
Olho para dentro e meio indecisa mordo os lábios. Bernardo no meu
colo cantarola algo indecifrável.
- Venha Karol Eu juro que aqui só tem bagunça, nada de armas ou
serra elétrica.
Dou um sorriso, tento olhar apenas para o rosto dele e passo. Heitor
fecha a porta, corre e tira algumas coisas do sofá.
- Fique a vontade, ainda estou ajeitando tudo. Ele mostra uma câmera
no tripé, umas caixas com varias câmeras em cima. - Vou fazer
daquele cômodo ali meu estúdio.
- Vai ficar legal. - Olho em volta e a aparelhagem de fotografia já está
montada na sala. Do outro lado perto da janela tem alguns
instrumentos de academia que eram de Renato. Uma cadeira de
levantar peso, uma barra para fazer flexões e os tais pesos de mãos
que eu o vi levantando noite passada.
- Já volto. - Ele grita e corre para o quarto.
Sento na ponta do sofá com um bebê inquieto. Balanço para tentar
acalma-lo e olho o lugar. É pequeno. Tem essa pequena sala, o tal
cômodo que ele vai transformar em estúdio e um minúsculo quarto
que cabe apenas uma cama e talvez um armário médio. Olho para um
canto e ele montou algo parecido com um escritório; sob caixotes
Heitor colocou uma luminária, um notebook e varias pastas e papeis.
Tem até uma calculadora. Pra que um fotógrafo precisa disso tudo?
Levanto para dar uma olhada básica, mas antes de eu ver ele aparece
vestindo uma bermuda, sandália de couro, e uma camisa jogada no
ombro. Vai até um pequeno cubículo que é a cozinha e pega uma
cesta enorme.
- Vamos?
Afasto-me da mesa improvisada, ele pega chaves, e abre a porta para
eu passar.
- Aonde vamos? - Olho para a cesta na mão dele.
- Você vai ver.
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Minha perdição (Terminada )
Fanfictionkarol depois da morte de seu marido se fecha pro mundo decidi ser melhor seguir sua vida sozinha foca agora em criar o filho de sua irmã ruggero é um sedutor cafajeste incorrigível dono de uma empresa na zone sul da cidade nunca perdoa um rabo...