Capítulo 7

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— Então consegue andar?

  Filha da puta

  Tenho vontade de xingar Ethan não apenas em minha mente, mas um esforço a mais parece precisar muito de mim. Já foi insuportável sair de casa sem demonstrar a dor cruciante que sinto por cada milímetro do meu corpo, não preciso gastar mais energia com esse loiro oxigenado.

— Precisa de ajuda para chegar até a sala? — ele zomba da minha caminhada lenta perto dos armários e apenas lanço um olhar cortante em sua direção, mas que não o afeta em nada. — Não tem problema admitir que está com dor muscular.

— Me deixa em paz, garoto — digo entredentes, querendo apenas andar mais rápido e entrar na aula em que não tenho ninguém para poder me encher o saco. — Eu estou levemente doída por estar a muito tempo parada.

— Enferrujada — ele corrige.

— Eu estou com dor, mas ela pode sumir por cinco minutos para eu bater em você facilmente, Holbrook, não provoca — paro a frente da sala, agradecendo por não ter conseguido chegar aqui e poder ficar sentada pela próxima uma hora, ou deitada.

— Acho que alguém não vai no treino hoje — ele se encosta na porta, cobrindo um pouco da passagem, deixando minha atenção voltada para ele.

— Eu vou, só peço que pegue um pouco mais leve — me dou por vencida e admito que não vou conseguir pegar tão pesado quanto ontem, não se ainda quiser sentir meu corpo amanhã.

— Não se preocupe, Collins, hoje será um pouco diferente.

— Ninguém me chama de Collins — estranho o sobrenome pelo qual ele me chamou, já que sou bem mais acostumada com o do meu pai por ser o último.

— Eu sou alguém — ele bate na porta de leve, e umedece os lábios e saí pelo corredor que vejo meus amigos vindo.

— Quem era aquele garoto gato? — Malina pergunta assim que para na minha frente e franzo a sobrancelha pelo adjetivo mal encaixado.

— Se tiver falando do loiro chato é o Ethan Holbrook — respondo e vejo minha amiga ainda secar o garoto com os olhos afiados e predadores.

— Garota, a gente mal começou o ano letivo e você já achou alguém? — Theo fala também encarando ele, deixando apenas Manon me encarando. Ele me estuda por algum motivo, procurando minhas linguagens corporais, mas me mantenho o mais neutra possível, sem dar atenção.— Ele tem algum amigo?

— Theo! — chamo a atenção dele, que finalmente volta a me olhar quando Ethan some de vista.

— Ele é lindo, Luna, não pode nos julgar — Malina responde também voltando a me encarar. — Está com cara de dor de barriga, o que foi?

— Eu só não dormi direito — dou a desculpa mais tosca conhecida e eles aceitam; não sei se por não querer insistir, ou por achar que é meu mau humor de manhã.

— Estamos pensando em ir no Duna's depois da escola, quer ir?— Manon finalmente para de me encarar com seus olhos de psicólogo e fala alguma coisa, tenho vontade de me desviar do seu olhar, mas só encaro minha amiga.

  A primeira coisa que me vem em mente é aceitar o convite e comer mais doce ainda, mas tenho treino logo depois da aula e não sei se tenho tempo nem para almoçar.

— Não vai dar hoje, gente, desculpa— eles dão de ombros e se despendem quando o sino toca, anunciando mais um início de tortura.

***

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