Crowded room.

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Gizelly ligou algumas vezes, mas deixei que os toques caíssem na caixa postal, não sei bem o motivo, mas ainda não estava pronta para atende-la, mergulhei em minha campanha e em responder as perguntas que a imprensa fazia sobre a nova coleção e nada mais.

Ao decorrer da semana tudo havia voltado ao normal e não se falavam mais sobre nós, ou sobre elas, um casal se separou para que nosso suposto triangulo amoroso fosse esquecido pela mídia, suas mensagens ficavam ali, sem serem lidas esperando pela minha atenção.

-Talvez seja infantilidade minha, mas não consigo responde-la.

-Sim, é infantilidade. Daniel deu de ombros pegando um pedaço do sashimi do meu prato.

-Não acho que seja infantilidade. Manu deu de ombros mergulhando seu sushi no shoyu. -Eu acho que seja burrice mesmo.

-Ai. Fingi estar ofendida e ela roubou um shimeji de meu prato. -Eu pedi comida para todo mundo, parem de roubar a minha.

-Quando você parar de ser burra. Manu deu de ombros.

-E infantil. Completou Daniel.

-Sabe, eu gostava mais quando não gostava de você. Apontei o hashi para Daniel que levantou as mãos se rendendo.

-Você sabe que estamos certos. Ele ameaçou a pegar mais um sashimi do meu prato e bati na mão dele com o hashi.

-Eu sei. Encolhi os ombros. -Mas já passou tanto tempo que acho que seria estranho agora, talvez eu só devesse... deixar para lá e aproveitar minha vida nova fora desse armário mofado. Ri.

-Rafaela, você quer enganar quem?

-Ela mesma só se for. Manu olhou para Daniel que sorriu para ela. -Amiga, você precisa rever seus conceitos de tempo, me passa seu celular!

Entreguei para ela enquanto bebia um gole de Saquê, Manu li as mensagens que eu deixei ali com um sorriso no rosto.

-Eu acho que você deveria ler essas mensagens agora Rafaela...

-Não, está tarde.

-Se você não ler agora, vai ser tarde.

Seu tom de ameaça fizeram meus ossos doerem e se ela estiver certa? E se não for tarde demais, mas acabar ficando? Meus sentimentos não desapareceram da noite para o dia e nem os dela, eu sei que não.

Com um floreio e um revirar de olhos peguei o celular das mão dela, a primeira mensagem era daquela noite.

"Marcela finalmente ficou sóbria, mas terei que dormir aqui a casa dela estava destruída e estou com medo da saúde mental dela."

"Sonhei com você, sonhei que havíamos encontrado uma casa perfeita para nós, confessa que você está colocando defeito em todas as casas que vi por não querer que eu me mude?"

"Rafa está tudo bem?"

"Eu vi os vídeos que ela gravou e o que estão dizendo... Você sabe que nossa história é muito maior do que isso não sabe?"

"Merda Rafaella, eu estou com saudades"

"Não vai falar comigo?"

"Okay..."

Aqui as mensagens ficaram mais espaçosas, demorou para que ela voltasse a me chamar e senti um aperto no peito.

"Sonhei com você de novo"

"Sai para beber e só consigo pensar em você."

"Você sabe que eu não poderia deixa-la ir embora bêbada, eu sei o quanto você batalhou para lançar essa coleção, o quanto nós batalhamos para chegar até aqui, mas você mais do que nunca deveria entender que eu não podia deixar uma pessoa, ainda mais uma amiga, ir para casa bêbada daquela forma. Você sabe como é estar na posição dela e ninguém cuidar de você..."

New Year's Day. (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora