Dezesseis

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Cedrico apareceu no pátio, onde eu o esperava, dando a desculpa, não muito convincente, de que tinha uma coisa urgente do time para resolver. O que me levava diretamente para a conversa que eu realmente não queria ter hoje.

O meu caminho para a sala comunal grifinória é feito quase à passos de tartaruga. Não que eu estivesse com medo... só estava usando este tempo para pensar no que falar.

Não há ninguém na sala, apenas Fred, que tem um livro em mãos. Dou uma leve risada com o pensamento de que ele só está fingindo ler o livro, ou apenas olhando as gravuras, para passar o tempo.

— Está bom o livro? — sento ao seu lado.

— Como se eu tivesse inteligência o suficiente para esse tipo de coisa. — ele debocha, rindo, quando põe o objeto de lado.

— Você é uma das pessoas mais inteligentes que já conheci, Fred. Só usa sua inteligência apenas para o que te interessa. — dou de ombros.

— Discordo de você. — ele brinca, virando de lado para ficar de frente para mim.

— Você sabe que eu sempre estou certa. — reviro os olhos, fazendo o mesmo movimento.

— Está mesmo. — sua mão para ao lado do meu rosto, colocando uma pequena mecha de cabelo atrás da orelha — Acho que eu deveria te escutar mais.

— Agora terei que concordar com você. — solto uma risada pelo nariz. Alguns segundos de silêncio parecem preparar o ambiente para o assunto que precisa ser mencionado. Ou melhor, os assuntos — Por que estamos assim, Fred? Como essas coisas aconteceram?

— Não sei, Tess. — ele suspira, aparentemente tão cansado quanto eu — Eu, sinceramente, tenho várias perguntas, mas, aparentemente, nenhuma resposta.

— Te entendo. — encosto a cabeça no sofá.

— Tessa? — meu melhor amigo me encara, por alguns segundos, que mais pareceram minutos, antes de continuar — Por que acha que nosso patrono é igual?

— Não é igual. O seu é um coiote macho, o meu é uma fêmea. — brinco.

— Você me entendeu, Theresa...

Nossos papéis parecem estar trocados, pela primeira vez na vida. Uma conversa onde Fred fala sério e eu sou a parte que desvia o assunto para uma brincadeira parece uma realidade alternativa, mas acabou de acontecer. E, estranhamente, consigo entender sua necessidade de fazer isto às vezes.

— Mas eu não... não sei, de verdade. Nunca vi acontecer. — suspiro.

— Harry disse que o patrono dos pais dele eram uma corça e um cervo.

— Ele... disse isso? — engulo seco, tentando processar as informações.

— Sim. — os cabelos alaranjados dele se aproximam de mim, quando ele coloca sua cabeça perto da minha — Mas não sei o que quer dizer. Não somos como...

— Eu amo você. — solto, sem perceber — E também não sei o que quer dizer, mas está tudo diferente ultimamente, e... acho que estou apaixonada por você, Fred.

Meus olhos desviam dos dele para meus dedos, que brincam nervosamente uns com os outros. Deixamos o silêncio pairar entre nós, por, com certeza, vários minutos.

Minha mente cria inúmeras frases, mas não sei qual delas escolher, ou como proceder depois de jogar essa informação no colo do meu melhor amigo.

— Eu... sinto muito. — bufo, sentindo as lágrimas começarem a alcançar meus olhos — Não era aquilo que eu queria dizer. Eu acho. Na verdade eu... não sei o que está acontecendo.

A maior pegadinha de todos os tempos || Fred Weasley || Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora