Acordei com um sonho totalmente diferente que os outros, talvez esse seja o motivo de eu estar aqui, pensei. Me sentei na cama e fiquei olhando o chaveiro, achei melhor não deixar na biblioteca. Havia 5 chaves, estava torcendo para que ela abra o quarto da menina. Tudo na hora certa. A minha barriga roncava como se uma fera estivesse presa dentro de mim, lutando para sair e devorar qualquer coisa que estivesse pela frente. Me levantei e sai do meu quarto, com a esperança de que a mulher me desse algo para comer. Eu preciso fugir hoje. Não sabia como iria fazer isso, eu não faço ideia onde ficam as saídas. Deve ter alguma, em algum lugar. A passagem secreta na sala da Irmã Verônica. Só preciso de uma lanterna ou até mesmo uma vela. Aqui deve ter sido um refúgio para feridos da Segunda guerra, e aquela passagem deve ter sido feita para se esconderem caso invadissem o local. Cheguei na cantina, com meu plano quase pronto, me dirigi até a mulher, ela estava no mesmo lugar que sempre.
-Eu preciso comer! - Falei.
-Só espero que tenha recebido o castigo. Da próxima vez você nunca mais irá comer aqui. - Ela resmungou e me deu a bandeja, era torradas e mingau de aveia, ou melhor, pasta sem sabor. Acredito que esse mingau seja restos de mantimentos da guerra.
Sai da fila e me sentei, comi calado. Não tinha muita gente hoje. Após comer rapidamente, levante e decidi explorar o resto do prédio, procurando as melhores táticas. Lembrei de uma frase de Sun Tzu "Conheça seu inimigo", esse lugar é o meu inimigo, todos nele são. Vale a pena levar a menina? Estava com essa dúvida. Andando pela área da solitária, analisando as pessoas que ficavam de guarda, olhando as escadas, vendo onde exatamente a passagem secreta estava. Achei uma pequena sala, sem nome na porta, então tentei abrir, sem sucesso, ela estava trancada. Me lembrei das chaves que eu carregava, olhei ao redor e não tinha ninguém, peguei o chaveiro do meu bolso e tentei usa-las, a primeira não deu em nada, mas a segunda eu consegui abrir. Entrei, lá era onde ficava a central que distribuia a energia para todo o lugar. A sala não tinha iluminação, porém seu pequeno tamanho fazia com que a luz do sol entrasse e clareasse o lugar. A distração perfeita. Loucos de noite correndo de medo do escuro, portas destravadas. Vai ser um caos. Agora preciso de uma lanterna. Fui para a sala da irmã Verônica, cheguei rapidamente pois a escada era próxima de onde eu estava. Bati em sua porta e ela estava lá
-Pode entrar!
Entrei e fechei a porta - Eu preciso de uma lanterna, para agora.
-Está louco! Eu não irei te entregar uma lanterna
-Claro que estou louco irmã, todos nos estamos. É apenas uma lanterna. O máximo que posso fazer com ela é me cegar.
-Certo, mas não pense que pode ficar me pedindo favores. - Ela abriu a gaveta e começou a vasculhar.
-Não se preocupe, essa será a última vez que eu irie te pedir algo.
-Assim espero - Ela tirou da gaveta a lanterna. Foi um alívio ela ter uma, eu pensei que teria que esperar dias para ela me entregar uma.
-Obrigado, irmã.
Sai de sua sala e voltei para o meu quarto, esperando o dia cair e o véu obscuro pairar sobre o céu.
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Manicômio (versão original)
Gizem / GerilimLivro original de Manicômio. Uma adaptação já está disponível. Stuart perdeu a memória, tudo que lhe resta agora são flashbacks de sua antiga vida. Ele está em um manicômio e não sabe o que fez para ter ido parar nesse lugar. Determinado a fugir, St...