Ananiel?

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O herói da cidade caminhava sob os altos edifícios em busca de qualquer coisa fora do normal, a noite era fria e o céu não apresentava muitas estrelas, resultado causado pela tormenta a caminho. As pessoas lá embaixo, quase invisíveis para alguém normal,  conversavam e caminhavam alegremente pelas ruas.

O homem, mesmo não querendo, ouviu a conversa de duas garotas que acabaram de sair de um bar:

-Hahahaha, você viu as notícias? - Disse uma loira de mão dadas com uma morena, tentando não tropeçar e cair. 

-Você quer dizer do beijão que o Morpho deu naquela mulher? Ai que inveja... Você devia ter visto a cara do meu pai quando ele soube disso, mal sabe ele que sua filha é uma das "bestas que idolatram esse vagabundo". - A notícia, ou fofoca que a morena mencionara é uma de várias ações que o guardião adora fazer, sendo por ser pedido para fazê-la ou vontade de fazê-la.

-Hahaha, para disso, e não, eu não me refiro a isso. Você se lembra da parceira do Morpho? Hoje faz dez anos que ela está sumida. 

-A Ananiel? Nossa como faz tempo que eu não ouso esse nome! Eu era uma fanzoca dela, ganhei uma boneca dela quando eu tinha sete anos, eu chorei muito quando ela morreu.

-Ela está sumida, não morta. Nada é confirmado, e se bem que...

 As garotas seguiram para uma outra rua e sua conversa naturalmente mudou, esquecendo assim do seu papo anterior. Mas, diferentemente delas, um certo guardião ficou pensando incansavelmente no assunto.

'Faz dez anos que não a vejo, faz tanto tempo, como você me deixar sem explicação? Uma carta de duas linhas não é o suficiente para nem sequer um ano e você a quer fazer valer por uma década.'

Sua mão vai de encontro com sua corrente de prata e então toca gentilmente o anel branco contido nela. O anel dela.

'Eu deveria esquecê-la, como ela pediu.'

Gritos são ouvidos ao longe, Morpho, saindo de sua ânsia e tristeza, age por instinto, sem pensar duas vezes ele pula prédio em prédio até chegar em uma rua em chamas, com pessoas machucadas e histéricas. A causa de toda essa tragédia se encontrava orgulhosamente em uma posição reta, rindo de tudo como se  toda situação fosse um filme de comédia. A mulher, mais parecida com uma criatura, aparentava ter no máximo 30 anos, não que qualquer ser humano pudesse ter certeza, ninguém nem tem certeza se pode afirmar que a criatura com corpo humano da cintura para cima e corpo cobra da cintura para baixo é fêmea.

Viaturas da polícia chegam ao mesmo tempo que Morpho, os policiais saindo dos veículos têm expressões sérias e raivosas no rosto, mas não surpresas, indicando que tal coisa acontecia com frequência, o que é verdade. Morpho, ou melhor, Diogo, juntamente com os policias lidam com esse tipo de anomalia todos os meses nos últimos dez anos, quando o garoto, agora homem, tinha acabado de entrar no ensino médio.

-Essa é sua última chance de se render, proveitosa. Mova um músculo se quer e você ira ter o mesmo fim que os outros. - Disse o policial em chefe, Caio Santos.

Enquanto Caio negociava com a proveitosa do mês, Morpho olha a criatura atentamente, suas escamas verdes não apresentam um arranhão sequer, como se elas nem tivessem destruído construções inteiras, e apresentam um brilho perigoso, como se fossem navalhas afiadas, teria de tomar cuidado com essa área, sua pele nua também está intacta, ela aparentemente não sente o frio da noite, os olhos do herói se fixam no anel da mestiça.

'Achei'.

Assim como todo herói, todo proveitoso precisa de algo para deixá-los sobre humanos, esse algo é muitas vezes um objeto. O objeto algo de Morpho é um brinco e o de Ananiel foi um anel. A antiga dupla, diferentemente de todos os proveitosos, foi escolhida por algo que eles muitas vezes escolheram nomear 'destino'. Eles são os legítimos donos da relíquia, e não ganham nenhum efeito colateral ao usá-la, diferentemente da criatura no seu campo de visão.

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⏰ Última atualização: Feb 16, 2021 ⏰

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