Cores

Capítulo Unico.

- Qual sua cor preferida, Nico? - a voz de Rachel soou pela caverna, se sobrepondo à música que Austin tocava em seu saxofone.

Eles - Nico, Rachel, Austin, Kayla e Lou - estavam na caverna que Quíron dera ao Oráculo. O lugar estava cheio de grafites nas paredes e a garota ruiva trabalhava em mais um enquanto conversava com os amigos semideuses.

Di Angelo se encontrava sentado no sofá mais próximo, embaralhando umas cartas de Mitomagia - sim, ele havia voltado com o antigo vício no jogo de cartas mitológicas depois que descobriu que Will também gostava e, por mais que não quisesse admitir, até que sentira falta de jogar.

- Óbvio que é preto, né? - Kayla se pronunciou, fazendo os outros rirem. - Olha as roupas do cara!

Mas Nico percebeu que aquilo não parecia certo.

Quer dizer, ele realmente usava muito preto. Fora a camiseta do acampamento - que ele raramente vestia -, nenhuma peça em seu guarda roupa tinha outra cor senão as diferentes tonalidades de cinza e o bom e velho preto.

E ele até que gostava da cor, mas era mesmo sua favorita?

Achava que nunca tinha pensado nisso de verdade.

Antes que pudesse dizer alguma coisa, a cortina na entrada da caverna mexeu e por ela passou Will - que estava em uma reunião dos conselheiros de chalé, por isso não havia se juntado aos outros antes.

- Apareceu a margarida! - Rachel brincou, lançando uma bala colorida pro amigo, que aceitou de bom grado. Ele parecia cansado (as reuniões sempre geravam algum tipo de briga).

Nico observou Solace por alguns instantes: o modo como os raios de sol que passavam pelas beiradas das cortinas refletiam nos cachos louros e bagunçados; em como as pulseiras coloridas enfeitavam seus braços bronzeados; no cheiro de lavanda que ele sempre deixava no ambiente em que entrava. Will era o que Nico imaginava ser o mais próximo da perfeição que um ser humano poderia chegar e isso fazia seu estômago dar piruetas - nem mesmo Percy Jackson lhe causara tais sensações.

E então, o loiro saltou no sofá que Di Angelo estava e apoiou a cabeça no colo do filho de Hades, bagunçando todas as cartas que este arrumava. Nico queria conseguir sentir raiva, mas só conseguia perceber seu coração acelerando e seu rosto esquentando de um jeito alarmante.

Will Solace estava com a cabeça apoiada em seu colo.

William Andrew Solace estava encarando o rosto de Nico Di Angelo como se fosse a coisa mais bela do mundo - e ele estava meio que surtando.

- Oi, garoto da morte. - Solace falou, como se nada demais estivesse acontecendo. - Tudo bem?

Nico limpou a garganta e tentou agir com normalidade.

- Sim. - mas sua voz saiu bem mais aguda que o normal, ele fechou os olhos com força e respirou fundo, tentando se recompor. - Na verdade, estava bem melhor antes de você simplesmente estragar meu trabalho com as cartas, se jogando em cima delas.

Sarcasmo: essa era sua saída em situações que o loiro estava envolvido.

- Oops. - Will deu um sorriso inocente e Nico desejou enterrar o rosto na terra antes que entrasse em combustão.

Será que o outro percebia essas suas reações? Esperava que não.

- Então, sobre o que estavam falando antes de eu chegar? - perguntou Solace, enquanto pegava algumas cartas caídas no chão e as embaralhava.

Ele ainda estava deitado no colo de Nico e o Di Angelo não mais lembrava qual era a forma normal de respirar. Sua mente girava em torno do fato deles estarem próximos e suas mãos suavam com nervosismo de não saber o que aconteceria em seguida. Se pegou pensando que seria incrível se tivesse a coragem de se inclinar alguns centímetros e beijar Will. Mas isso era besteira porque: 1- ele nunca tinha beijado ninguém (nem saberia como fazer isso) e 2- ele não gostava de Will Solace (pelo menos era o que dizia a si mesmo).