Me liga pra sair da bad - Imagine Thiago Ventura

Parte 1

Não iria mentir, ela se sentia nervosa.

Nunca achou que a conversa no Instagram com ele levaria a alguma coisa. Na verdade, era muita sorte ter conseguido atenção no meio de todas aquelas pessoas que o seguiam. Depois de algum tempo flertando por mensagens e fotos com timer no Instagram, bastou um tempo livre em um dia qualquer da semana, uma noite fria, um vídeo dela assistindo pela enésima vez um especial dele e um "Cola em casa assistir. Só eu e você" para que ela saltasse da cama e se arrumasse o mais rápido que conseguia para ir.

Trancou a porta do apartamento e desceu, avisando que estava saindo de casa a uma amiga, só por precaução. Queria ser discreta, ela já tinha aprendido que "quem come quieto come mais vezes". O pensamento a fez sorrir ainda mais largo em expectativa, era mais do que claro que ela estava indo aprontar na casa do comediante, não enganaria ninguém com a expressão sapeca que não conseguia tirar do rosto.

Entrou no Uber e tentou conter o sorriso, observando a rua escura do lado de fora enquanto a ansiedade aumentava. As palmas da mão suando, a bolsa apertada no colo enquanto acompanhava o tempo diminuir no GPS do motorista.

Ao chegar próximo enviou uma mensagem. "Chegando". Foi respondida com um emoji, o que a deixou mais ansiosa. O tesão acumulado por tantos dias de mensagens trocadas não a deixava ter dúvidas do que queria que rolasse, mas ela só podia torcer, já que o tom de insinuação estava implícito.

Ao descer e se identificar para o porteiro um arrepio lhe subiu. O portão abrindo e ele lhe explicando onde ficava o apartamento foram apenas sopros, não os absorveu conscientemente, andou meio que por instinto e respirou fundo ao entrar no elevador. Checou o cabelo, se arrependeu de não ter passado uma maquiagem mais legal, se arrependeu mais ainda por ter vindo simplesmente de camiseta, calça jeans e tênis. Talvez tirar o moletom que vestia ajudasse.

Mas esqueceu do moletom quando chegou no andar e o encontrou a esperando no corredor. O sorriso pequeno, maroto, a fez arrepiar de leve e ela não pode deixar de corresponder.

-Oi linda- ele chamou, estendendo a mão a chamando, e ela abaixava o rosto pra ter certeza que não tropeçaria enquanto ia em direção a ele- Chegou rápido.

-Não quis te enrolar mais do que já enrolei- ela brincou, mostrando a língua entre os dentes enquanto o ouvia rir.

-Real, até pareceu que estava correndo de mim- ele disse, abaixando o tom aos poucos porque ela estava bem próxima. Ao terminar a frase, eles já estavam com os rostos próximos, a mão direita dele enrolada na dela, a puxando, enquanto a outra afastava o cabelo do rosto, enrolando os dedos nos fios até poder fazê-la olhar pra ele- Oi- ele brincou quando os olhares se encontraram e ele sorriu mais quando a viu encarar sua boca e lamber o lábio inferior.

Ela murmurou um oi, o observando se aproximar mais, a mão apertada na dele e o corpo elétrico de ansiedade, fechou os olhos quando os lábios se encontraram. O calor a fez se arrepender de não ter tirado o casaco. Poderia ter vindo nua e ainda estaria com calor, sussurrou uma vozinha dentro da cabeça dela que a fez rir e se afastar um pouco.

-Vamos lá?- ela pediu, olhando ao redor para as portas fechadas de outros apartamentos. Ele assentiu e a guiou até seu ap.

-Fica à vontade. A tv está ligada, pode pôr o que você quiser, vou pegar alguma coisa pra gente beber. O que você quer? - ele disse enquanto ía em direção a geladeira, ela deixou a bolsa em cima do braço do sofá, se encaminhando pra sentar enquanto procurava o controle.

-Um refri ou uma água está bom- ela respondeu e o ouviu bufar, olhando pra ela com deboche com duas cervejas na mão- Eu não bebo álcool Thi- ela se justificou e o viu rir alto, devolvendo uma das garrafas e pegando uma garrafa de água.