Prólogo

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— Senhoras e senhores! – Mr Bowie começa a dizer como sempre iniciando quando aparece, quase como mágica em um local aleatório da adorável Manhattan. — Meu nome é Mr Bowie e eu vim tirar vocês do tédio.

Literalmente do tédio. Causava consequentemente uma dor de cabeça para sua próxima vítima naquela tarde. Era o local perfeito: Turistas querendo entretenimento e um barco que sairia em quinze minutos; tempo o suficiente para seu show de 'mãos leves', diga-se de passagem.

— Dou 50 pratas para quem souber como fiz o truque. – Ele dar uma piscadela com um sorriso sacana estampando em seu rosto perfeitamente desenhado.

Todos presentes prestavam atenção com um sorriso largo. Na multidão, continha um professor de física que adorava desvendar shows de mágicas, passando horas e horas vendo no YouTube como fazia os truques. E óbvio que Bowie sabia que o rapaz era professor.
E aí que você se pergunta, meu caro leitor: — Como?
Simples: Momentos antes ele havia subornado o funcionário que tinha uma listagem dos passageiros. Alguém que já estava acostumado a receber um pequeno suborno em troca de um dinheiro à mais.

Afinal, todo mundo pode ser comprado — não for dinheiro, com certeza seria poder.

Mr Bowie fazia seu truque barato entortando uma colher. O professor – como era de se esperar – chega próximo a ele revelando o truque com sua expressão de desdém. O mágico finge chateação enquanto os turistas cobravam de pagar o dinheiro prometido.

— Parece que você não é tão esperto, "mágico" – O professor enfatiza as aspas com um sorriso orgulhoso, enquanto Bowie abria a carteira dando o dinheiro para ele em desânimo falso.

Bowie bate de ombro a ombro com o professor, saindo da multidão com uma expressão de derrota. Qualquer um ali presente poderia jurar que o mágico tinha sido descoberto.
Seus passos eram rápidos para fora do barco, encostando em um homem de capuz e murmura um pedido de desculpas. Logo poderia ouvir um grito do professor mandando o mágico parar.

Era tarde demais.

O barco tinha saído e o professor não chegou a tempo. A carteira e seu relógio tinham sido roubados.

[...]

Bowie sorrir quando chega ao setor Norte onde ficam os barcos. Faturou quinhentos dólares mole, fora o relógio que venderia mais tarde.

— Garanti o MC Lanche Feliz mais tarde. Não sabia que professores ganhavam tão bem assim. – diz para si mesmo — Eu deveria ter tentado a faculdade.

O seu deboche fazia parte da sua personalidade. Aquela altura, a carteira do rapaz tinha sido jogada no mar e a destra do mágico ia até o bolso da sua jaqueta de couro para guardar o dinheiro. Ele sente algo ali, puxa e se depara com uma carta coringa.

— Que diabos... – Junta as sobrancelhas, virando a carta de um lado para o outro. Até se deparar com letras miúdas com um endereço e horário.

"O velho prédio abandonado a cinco quarteirões dali às 16 horas" – pensou. Bowie fica intrigado, puxando um maço de cigarros e acendendo-o. Tragando a fumaça quente para dentro de si.
Seus pensamentos em meio segundo estavam intrigados com a carta. Solta o ar quente e repete a ação anterior indo para um ciclo vicioso na tentativa de relaxar. Bom, ele era inteligente, mas cada pessoa tinha seus vícios ruins – pelo menos era o que queria acreditar.

"Acho que vai dar tempo para um cafézinho." – pensou. Encara seu "novo" relógio marcando às 14:30.

[...]

Bowie estava em frente ao prédio próximo ao horário combinado. Observava quaisquer movimentação e, para seu descontentamento, o local vazio.
Quase um assombrado, principalmente a noite, além do perigo por ter sido evacuado por um vazamento de gás e ter explodido um dos andares.

"Qual a chance de um tira com mãos leves?"

Nos cálculos rápidos de Bowie era 5%.

"Ou de ser um inimigo querendo matá-lo?"

Essa parte seria 80%, todavia ele adorava um desafio.

Por fim, deixou engatilhado um carro ali próximo para qualquer problema que pudesse ter. Além de disponibilizar uma faca em seu tornozelo. E, finalmente, o prédio indo ao andar indicado.

"Porta 202"

Poderia ouvir o ranger do lugar a cada passo. Claramente ali tinha uma chance enorme de desabar. Até concluir que a teoria da morte dele seria por um prédio abandonado e não de forma digna – que decepcionante.

Seu ouvido vai até a porta e não foi emitido nenhum barulho lá do quarto. Suspira e pensa que não era uma boa ideia. Logo ouve atrás dele um ranger, se deparando com o mesmo cara de capuz que estava no barco.

— Olá. – Sua voz era sombria. — Entre, por favor.

— Que educado, acho que me apaixonei apenas nesse detalhe. – Ergue as sobrancelhas, ainda sem conseguir ver direito o seu rosto.

Balança a cabeça negativamente, revirando os olhos sem obter nenhuma resposta do outro. Não teria como fugir. Precisava ver o que queria. Abre a porta e adentra no espaço vazio, encarando todo o espaço enquanto o rapaz de capuz fecha atrás de si.

— Não me diga que têm algum fetiche em trancar rapazes em prédios abandonados? – Ironiza.

— Fique quieto e escute até o final. – Começa a dizer enquanto Bowie se cala — Vá até a janela e aprecie a vista.

Bowie faz o que ele pede, vendo diversos agentes com roupas blindadas e armas pesadas. Seu coração acelera mas mantém a compostura.

— Quantos amigos. Não imagina que um capuz deixasse alguém tão popular. – disse, virando para o rapaz que tira o capuz. — Agora entendi o motivo... Sua beleza não ajuda, mas precisa manter uma pose sinistra.

Ele estava tentando ganhar tempo enquanto calculava um jeito de sair dali. Porém o Agente Copérnico tinha pensado em cada detalhe e era impossível sair, no máximo iria ter uma luta entre eles. E, bom iria ocorrer essa luta após alguns minutos daquela conversa 'adorável'.

— Mr Bowie, você foi designado para uma missão secreta do governo. Em troca, não vamos penalizar por seus crimes cometidos de forma brusca. – O agente começa dizer.

Ele poderia ter levado direto para delegacia, entretanto é de extrema importância de contar com a colaboração do golpista. Tinha a esperança de ganhar a confiança dele e saírem dali em paz. Era óbvio que ele não iria conseguir, Mr Bowie não iria sair sem tentar lutar.

— Que tal eu não cumprir missão nenhuma e você deixar eu sair sem eu terminar de estragar a sua cara? – Bowie sorri irônico.

— Acho que você não entendeu. – diz o Agente pegando sua arma da cintura, tentando ameaçar de forma mais brusca.

— Quem não entendeu foi você. – Enfatiza.

Os dois iniciam uma briga. O Agente Copérnico iria engatilhar a arma, quando é atacado por Bowie, jogando-a para longe. Socos são distribuídos entre eles com uma luta corporal quase poética. O golpista era tão habilidoso quanto o Agente em diversas áreas e quando se tratava de luta chegava ser até melhor que o treinado Agente.
Podia-se ouvir o ranger do prédio, acusando a invasão dos outros agentes. Por sua vez, ele consegue derrubar o Copérnico, ouvindo o ruído do walkie talkie, sendo pego por Bowie imediatamente dando instruções deles subirem.

— Você não vai escapar dessa. – Copérnico murmura com dificuldade.

Bowie apenas rir, indo pela janela tentando calcular sua queda. Sem perceber, o Agente agarra-o pelo pescoço iniciando uma luta corporal novamente. Jogando o golpista para longe.

— Desista.  – Ordena.

Bowie balança a cabeça em negativa, pegando as cartas de seu bolso revelando-as em suas mãos. O Agente murmura "Isso é sério?", quando começa a ser atacado pelas cartas que voavam sobre o rosto e cortando-o algumas vezes. No mesmo instante ataca-o, quando alguns agentes adentram no quarto com suas armas fazendo a luta entre eles pararem.

Bowie levanta os braços em rendição. O Agente Copérnico pega seus pulsos colocando-os para trás.

— Mr. Bowie, você está preso e tem o direito de permanecer calado. – diz de forma ofegante.

Mr. BowieOnde histórias criam vida. Descubra agora