Soul Rebel - Retaliação

Capítulo 1

     Quando o avião aterrissou, a porta se abriu e os passageiros começaram a se organizar para o desembarque. Silenciosamente, peguei minha bagagem de mão e entrei na pequena fila formada no corredor do avião. O voo de uma hora e cinquenta minutos havia sido exatamente o que o piloto tinha informado, sem tempestades. A chuva que estava ameaçando cair iniciou quando entrei no saguão do aeroporto. A esteira trouxe minha mala mais rapidamente do que eu esperava. O Hartsfield-Jackson tinha um fluxo intenso sempre, mas aquele desembarque era diferente de todos os outros que eu tinha feito ao longo dos seis anos que se passaram.

Eu estava de volta, estava ali outra vez, na minha Atlanta.

   Deborah e Guadalupe me esperavam sorridentes na saída norte, eu me sentia em casa outra vez. Elas me examinaram dos pés à cabeça por um tempo e, depois, vieram em minha direção, em busca de um abraço.

   A mãe de Mason estava exatamente igual ao dia em que eu a conheci. Deborah era uma mulher muito vaidosa e bonita, a idade que tinha não era perceptível ao olhá-la. Já Guadalupe tinha vestígio de cabelos brancos e as rugas começavam a ser notadas.

– Caissy, eu estava contando as horas para esse momento. – Deborah me apertou em seus braços e Guadalupe esperou sua vez ansiosamente.

    Eu sabia que ele não estaria ali, mas não demonstrei surpresa, já que elas estavam tão contentes em me ver.

Assim que Deborah me soltou, foi a vez de Guadalupe, que me deu um abraço acolhedor.

– Chegamos aqui uma hora mais cedo só para termos a certeza de que nada daria errado.

– E não deu. – Sorri. – Aqui estou eu e, por sinal, faminta!

– Mas isso nunca será um problema, temos um banquete ótimo à sua espera. – Deborah pegou minha bagagem de mão, e Guadalupe, a mala maior. As duas, eufóricas com minha chegada, tinham minha atenção total, e eu consegui ignorar o fato de que, mais uma vez, Mason não estava à minha espera naquele aeroporto, mesmo que dessa vez fosse para ficar.

     Quando a BMW preta cruzou os enormes portões de nossa casa, eu já não consegui mais agir naturalmente. Minha pulsação estava acelerada, eu estava imóvel no banco de trás e, quando o carro parou, parecia que meu coração tinha parado junto. As duas tinham evitado falar do Mason o caminho todo, mas, quando chegamos, eu pude ouvi-las dizerem o nome dele pelo menos umas três vezes.

    O segurança nos ajudou com as malas e eu acompanhei Deborah, que me guiou até a entrada principal.

    O ápice da minha tensão foi quando ela abriu a porta lentamente, me dando a visão da pequena reunião que me esperava na sala de casa.

     Em coro, todos gritaram "Surpresa!". Eu realmente fiquei surpresa, mas não com as pessoas, ainda que eu estivesse muito feliz em ver todos ali. Tinha uma pessoa em especial que tomou toda a minha atenção para si. Assim que tive a visão de toda a sala, meus olhos a vasculharam rapidamente e encontraram o que eu tanto desejava ver desde o momento em que eu entrara naquele avião.

      Mason estava destacado de todos os outros. Encontrava-se no fim da sala, próximo ao bar, com as duas mãos dentro dos bolsos da calça e o paletó aberto, despojado. Ele mantinha os olhos fixos em mim, assim como os meus nele. E todos os dias em que estive fora foram compensados com o misto de sensações que senti ao encontrar aquele homem à minha espera.

– Aí está. – Claire foi a primeira a me puxar para um abraço. – Nossa agente Becker. – Ela sorriu, se afastando e me admirando cheia de orgulho.

– Que saudade eu estava de vocês – falei, e ela me apertou mais uma vez.

– Cada dia que passa você está mais linda. – Melissa se aproximou para me abraçar também.