Ato 1

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Música "Runaway" da cantora Aurora

"Now take me home
Take me home where I belong
I can't take it anymore
But I kept running for a soft place to fall
And I kept running for a soft place to fall
And I kept running for a soft place to fall"

Tradução
"Agora me leve para casa
Me leve para casa onde eu pertenço
Eu não aguento mais
Mas eu continuei correndo para um lugar macio onde cair
E eu continuei correndo para um lugar macio onde cair
E eu continuei correndo para um lugar macio onde cair
E eu continuei correndo para um lugar macio onde cair"

Tonks não era uma pessoa claustrofóbica, porém, ali em meio a pior nevasca que a meteorologia pôde prever, ela sentiu um genuíno terror corroer a sua alma. Estava perdida, sem sinal de celular e com o motor do carro completamente congelado.

Ela sabia. Sabia que a nevasca chegaria naquela exata noite e sabia dos perigos que correria pegando a estrada, mas ignorou absolutamente tudo. Mal sabia ela que a natureza sempre punia aqueles que a subestimavam.

Tonks passou seus dedos pelos fios rosados do cabelo e bufou irritada, estava totalmente  encurralada no meio da vastidão sem fim de neve branca.

— Que merda! — xingou tentando manter a calma, mas apenas ficava cada vez mais estressada conforme as horas.

Abriu o porta-luvas do carro e caçou por algum mapa perdido, mas não encontrou nada. Como poderia? Nunca precisou usar um mapa físico em toda a sua vida e sequer sabia se orientar através de um.

Não tinha nada útil no compartimento além dos itens primários como a sua bombinha para asma e os documentos originais do seu carro. O que faria com uma pilha de papéis técnicos e uma bombinha para asma no meio de uma nevasca? Estava completamente perdida no meio de uma estrada mal sinalizada e com o carro quebrado.

Olhou através de todas as janelas do veículo tentando inutilmente encontrar na escuridão alguma luz trêmula ou fumaça de chaminé que indicasse qualquer civilização nas redondezas, mas tudo estava no mais completo breu.

O que mais poderia ser feito? O interior do carro ficava cada vez mais gelado sem o aquecedor e, mais cedo ou mais tarde, Tonks sucumbiria ao frio congelante.

Se não encontrasse ajuda, morreria e, se morresse buscando ajuda, pelo menos morreria tentando. Foi com esse pensamento quase suicida que Tonks juntou todos os seus pertences e saiu do carro determinada a não morrer ali dentro.

O frio cortante queimava a pele da jovem, suas juntas falhavam em meio a dor, seu maxilar tremia freneticamente machucando seus próprios dentes, respirar havia se tornado uma tarefa quase impossível, o casaco que inutilmente protegia o seu corpo estava endurecido e, depois de alguns poucos minutos de caminhada, Tonks já estava com os seus cinco sentidos primários completamente comprometidos. Tentou gritar, pedir ajuda, mas não conseguiu, morreria naquele lugar.

A rosada caiu de joelhos na neve espessa e lutou por sua vida puxando inutilmente o ar para dentro dos pulmões, já estava condenada. Porém, Tonks apenas teve certeza da sua morte quando viu, de longe, a figura de um lobo correndo em sua direção.

Não fazia mais sentido lutar, tinha perdido aquela batalha. Conformada, Tonks se permitiu desmaiar esperando nunca mais acordar.

Acordou sobre uma cama larga e com cobertas sob seu corpo. Inicialmente, não quis abrir os olhos temendo estar em uma espécie de pós-morte tenebrosa, mas o cheiro de chocolate quente a despertou para o mundo que a rodeava. O mundo dos vivos.

Love after SnowOnde histórias criam vida. Descubra agora