— O diretor vai querer nos matar. — Khaotung disse, preocupado, ainda que o ar risonho estivesse lá.
— Eu quero que o diretor vá se ferrar.
Desenhos obscenos foram feitos e piadas sujas também. Metawin aproveitou da maré de sorte, até que ouviu o seu nome ser chamado. Um "Win Metawin" veio junto de um grito, e ao ouvir a voz já conhecida, sentiu o coração acelerar. Xingou baixinho ao perceber quem estava ali. Queria nunca mais vê-lo depois do que havia acontecido no castigo.
— Eu não posso acreditar. — Bright disse, abismado.
— Não tem nada melhor para fazer, professor?
— Vá para a sala do diretor. Agora.
— Vai sonhando. — Metawin rebateu.
— Não faça eu perder a cabeça.
Metawin olhou para Khaotung, e depois para o professor.
— Eu quero ver quem vai me tirar daqui.
O professor fechou os olhos e passou a mão pelo cabelo, ainda com o mesmo corte infantil de sempre.
— Eu acabei de liberar você do castigo, Metawin. — Falou, paciente. Ele andou até o garoto. — Você não vai mudar? Acha que é bonito ser assim, do jeito que você é?
— Eu não tô interessado em saber se eu sou descolado ou não. Eu gosto de ser assim e eu vou continuar, e você deveria começar a cuidar da sua vida se não quiser que sobre para você.
— Eu sou professor, e a minha função é cuidar dos meus alunos, por mais problemáticos que sejam. E eu quero cuidar de você.
— Tá achando que eu sou uma criança, Bright?
— Pelas suas atitudes, sim.
Se não fosse Khaotung segurando Metawin pelo braço, certamente ele teria pulado em cima de Bright. De qualquer forma, Bright ainda continuava lá, olhando com pena para o seu aluno. No fundo, sabia como ele se sentia.
— Você e eu sabemos muito bem que você não é assim. É tudo uma máscara. — O professor continuou, ainda calmo. — Você não deve ficar com raiva do mundo só porque ele tirou algo de você.
— Você não sabe de nada.
— Eu sei, e por isso eu estou falando, que seja onde ela estiver, ela está com desgosto da pessoa que você se tornou. Você acha que o Khaotung anda com você porque você é uma pessoa, não sei, descolada? Não, Metawin. Ele anda com você porque ele tem medo de você. Você causa isso e muito mais nas pessoas ao seu redor, e não enxerga isso. É bom mudar antes que acabe sozinho no mundo. É um conselho que eu estou dando.
Calado, e pior, com lágrimas rolando pelo rosto, Metawin se sentiu tocado.
— Pode me soltar. — Pediu, depois que Bright desapareceu.
— Não escuta ele. Você mesmo disse. Ele não sabe de nada.
— Sabe qual é a pior parte nisso tudo? — Olhou o amigo, que negou com a cabeça. — A pior parte é que eu já me sinto sozinho há muito tempo.
✹
Uma semana havia se passado desde o acontecimento no muro. Depois de pintar a parede e ficar de castigo por uma hora, Metawin começou a faltar as aulas quase todos os dias, sem se importar com as consequências. Tinha caído em uma tristeza profunda e nem ao menos conseguia sair do quarto. Comia as porcarias que Khaotung levava, dormia, jogava no celular, e aquela era a sua rotina. As palavras que o Sr. Vachirawit havia dito foram horríveis, e eram todas verdadeiras.
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Garoto Mau
FanfictionBright Vachirawit é o tipo de pessoa correta que não desobedece regras. É também, o professor de Matemática da escola para rapazes delinquentes de Bangkok. Da noite para o dia, ele se vê diante de um aluno completamente o oposto de si, capaz de vira...