CAPÍTULO 09

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Peter Collins

— Ver meu futuro, com certeza — Olivia disse com convicção levando uma pipoca até boca respondendo a pergunta que eu mesmo tinha feito a segundos atrás se ela escolhia mudar o passado ou ver o futuro.

Eu tinha errado, e estava ciente disso. Não pensei no lado de Olivia, que estava abalado e machucado por minha culpa e ainda a desesperei com outro coisa que, confesso ficar aliviado depois de descobrirmos que a tal não estava grávida. Não que ter um filho seria a pior coisa do mundo mas no estado em que me encontro não seria a melhor coisa a acontecer. Principalmente se eu não lembrasse da mãe. Isso soa muito ridículo.

Dediquei-me em entrerte-la, pois notei seu olhar depois que saímos do banheiro. Vazio, triste... Perdido.
Eu não faço a menor ideia do que ela esteja sentindo mas consigo imaginar o quão deve estar sendo difícil para ela. Não sei se aguentaria se estivesse em seu lugar.

— Ser mortal ou irmotal? — fiz outro pergunta, apenas para passar o tempo.

— Mortal — olhei para ela, impressionado.

— Mas por que? Ser irmotal deve ser muito louco — gesticulei.

— Acho que ninguém merece viver para sempre. Temos que viver, fazer nossa história, uma única história e morrer. Para sermos lembrados — sorri.

— Uau — ela também sorriu — Mesmo assim prefiro ser um vampiro.

— Você não disse que a parte de ser irmotal seria como um vampiro — falou, cruzando os braços rindo. Dei de ombros convencido.

Paramos de falar, ficamos em silêncio. Não um constrangedor ou incômodo era como se não precisassemos de palavras para nos comunicar, no máximo olhares compreendedores e cheios de compaixão que falavam-se por si só. Uma coisa de louco.

— Você disse gatilhos aquele dia — começou a falar, bem baixinho — Talvez... Se escutassemos nossa música poderia sei lá, iluminar sua mente.

Olhei-a duvidoso, mas eu sabia que poderia ser verdade por isso permite que ela a colocasse. Olivia caminhou até o celular que estava no móvel da televisão e o pegou voltando até o sofá sentando-se ao meu lado cruzando as pernas como um monge que faz meditação. Em um click, a música começou. Era boa, admito.

Fechei os olhos concentrando-me ouvindo a garota ao meu lado cantarolar baixinho e eu tinha quase certeza que tinha um sorriso em seus lábios. Na minha mente, não se passava nada, como nas últimas tentativas que tentamos com as fotos. Era como se realmente nada tivesse acontecido.

— Nada, não é? — balancei a cabeça negando.

— Desculpe-me.

— Não, não precisa se desculpar. Não é como você tivesse culpa — era minha culpa o olhar triste dela agora — Bem, vamos conseguir. Eu sei disso.

Olivia se levantou colocando replay na música e estendeu a mão para mim e logo já entendi sua ideia. Agarrei-a me levantando segurando suas costas e entrelaçando nossos dedos. Começamos a nos mexer, bem devagar.

Mais tarde, no mesmo dia.

— E aí? — meu pai perguntou, quando me viu entrar pela porta.

— Se sente, filho. Precisa repousar — Cíntia me levou até o sofá enquanto meu pai vinha atrás de mim.

— Deu certo? Lembrou-se de alguma coisa? — Derek insistiu, parecia mais nervoso do que eu.

— Nada, pai. Eu não me lembro de nada daquela garota — suspirei — É como se ela não existisse.

— Você vai lembrar — minha mãe sorriu.

Balancei a cabeça. Ela não podia ter certeza porque talvez eu não fosse me lembrar e não tinha nada o que pudesse fazer. Não existia uma pílula que me fizesse lembrar dela de novo.

Respirei fundo e fui para meu quarto onde tinha pelo menos três quatros espalhados com fotos minhas e de Olivia. Era como se eu estivesse em um universo paralelo.Joguei-me na cama frustado, eu parecia estar tão feliz em um momento mágico na minha vida, eu ia pra faculdade e teria minha tão sonhada vida de adulto.

Peguei meu celular quando o mesmo começou a tocar, um número desconhecido mas mesmo assim decidi atender.

— Alô?

— Oi! Peter? — congelei, essa era a voz que me fazia arrepiar e meu coração bater mais forte.

— Clara — tentei manter minha voz firme.

— Fiquei sabendo de tudo o que aconteceu e que acordou faz pouco tempo. Fiquei preocupada, está bem? — fechei os olhos tentando lembrar que ela me traiu.

— Estou bem melhor, Olivia está me ajudando a me recuperar — acho que não deveria citar sobre a perda de memória.

— Ah... — suspirou — Sei que não é o melhor momento e nem quero usar sua fragilidade mas eu morri de medo quando soube que você se acidentou, me desesperei — ouvi uma fundada antes dela prosseguir — Eu ainda te amo, Peter.

O mundo só podia estar brincando comigo. Eu acabara de sair do coma, com uma vida totalmente e agora minha ex-namorada que até então era minha atual diz que me ama.

— Clara... — disse, fechando meus olhos com força.

— Eu sei que errei, pisei na bola. Mas, eu me arrependo de tudo. Você lembra que eu tentei pedir desculpas mas você não quis me escutar, não lembra? Me escuta agora, por favor. Deixa eu estar do seu lado — que merda.

Olhei para a frente vendo um quatro, eu e Olivia. Sorrindo. Felizes. Com os olhos brilhantes.

— Obrigado por se preocupar, Clara. Estou cansado, até mais — desliguei sem dar chances dele se despedir.

Espero que isso seja apenas um sonho.

Até você se lembrar. {Completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora