O Galo e a Pérola

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Galo acordou sem o Sol.

O imenso astro, que o inspirava a cantar todas as manhãs, não nascia mais para aquele mundo. Um planeta devastado. Onde montanhas de lixo, resquícios de uma extinta civilização, e vapor morto, produzido por rios sem água potável, eram os únicos postais que um forasteiro conseguiria encontrar.

Mesmo desesperançoso, Galo procurou por uma válvula tricúspide nas montanhas de lixo daquele planeta, o terceiro planeta a partir do Sol, o planeta Terra. O mau cheiro e a desolação faziam com que a distância entre ele e seu Colosso parecesse imensurável. Estava ali em busca da válvula para sua máquina. O Colosso era uma nave movida a vapor espacial. Vapor produzido há 12 bilhões de anos luz daquele planeta, 300 trilhões de vezes mais denso que o ar que ele respirava naquele instante. Aquela válvula tricúspide era essencial para que o propulsor do Colosso funcionasse direito. Era possível viajar sem aquela peça, mas as jornadas se tornavam mais longas e imprevisíveis.

Foi quando ele encontrou uma pérola.

Em meio a todo aquele lixo de concreto, aço, ferro, fios de cobre e poeira. Ele encontrou a pequena esfera telúrica. Um material orgânico, produzido por moluscos pré-históricos.

Disse a si mesmo:

– Eis uma pedra preciosa. Se um joalheiro a encontrasse, ficaria muito feliz. Mas para mim, uma mera esfera – lágrima de uma criatura extinta – não serve para nada. Seria muito melhor se eu encontrasse a válvula tricúspide para o meu Colosso...

Galo deixou a pérola onde estava, um diminuto globo de brilho prateado, e se foi. Partiu daquele mundo desolado a procura da peça que servisse.

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