capitulo doze, Lua.

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"Trocar um sofrimento por outro é, muitas vezes, tão
grande alívio como sentir o fim do sofrimento."
         
Os dias por aqui andam calmos ao mesmo tempo
que agitados, vejo gente correndo para lá e para cá,
e eu como sempre no escuro sem saber de nada.
O senhor Heros tem sido bom comigo e a senhora
Anita também, não entendo ainda por que estou
aqui, nem por que estão me tratando tão bem e
muito menos por que ainda não estão judiando de mim, e meu pai? Será por onde anda? O que será
que está fazendo? Por que não procura por mim?
Será que não se importa mais comigo ou é somente
por que todo o perigo que emana desse homem
que me tem agora também deixa ele com medo?
Tantas perguntas e nenhuma resposta até quando
isso, ouço batidas na porta e vou abrir para ver
quem é, uma moça muito bonita está bem a minha
frente ela me olha com descaso, parece que me
odeia ou deve ser coisa da minha cabeça maluca.
— Dom Heros, pediu para informar, que você vá ao
seu escritório.
— Tudo bem, mas onde fica o escritório dele?
Pergunto por que aqui nesta casa enorme ainda não
sei onde fica nada.
Ela olha para mim de novo com cara de nojo e fala.
— Se vira, você é cega por acaso?
— Não, desculpas.
Ela se vira e sai pelo corredor, acompanho seus
passos até que entre por uma porta no final dele.
Nem me questiono por que me tratam assim, e vou
ver o que esse homem quer comigo, saio do quarto e desço as escadas preciso achar Anita para ela me
ensinar onde fica.
Dou alguns passos e ouço uma gritaria vindo de
uma porta a minha esquerda, acho que encontrei.
A gritaria sessa e a mesma ruiva que desdenhou de
mim no café sai seguida por um homem bem bonito
todo machucado e com o braço enfaixado.
Ela me olha da mesma forma que a outra enquanto
o homem fica só me encarando, mas não da mesma
forma que essa ruiva aqui.
Ela sai batendo os pés como da outra vez rumo a
cozinha e o homem sobe as escadas, não entendi
nada.
Espero um tempo e bato na porta.
— Entre.
Ele fala com uma voz grossa parece raivosa.
— Sou eu senhor.
Me falaram que o senhor queria falar comigo.
Ele estava de costas para mim mas vira e fica me
encarando.
— Sim, quero lhe dizer que agora você me
pertence.
— Como assim lhe pertenço?
Me assusto com seu tom, ele disse para não ter
medo, mas fica impossível quando fala desse jeito.
— Você ficou surda? Sim agora você é minha, e não
vai ficar sob meu teto sem fazer nada.
— e...e o que você quer que eu faça, onde quer que
eu trabalhe?
Pergunto, temendo muito sua resposta.
— De primeiro eu pensei em te jogar em alguma
das minhas casas noturnas.
Me espanto na mesma hora, o medo me atinge, de
novo não, Deus.
— Mas, você é uma coisinha tão rara, que decidi te
guardar aqui mesmo onde eu possa ficar de olho
em você sempre, vai ajudar a Anita em tudo que ela
precisar .
— Sim, senhor.
Falo e abaixo a cabeça.
Graças a Deus não irei parar em nenhuma casa
daquelas de novo.
— Senhor, posso fazer uma pergunta?
Ele me observa, e depois faz que sim com a cabeça.
— E o meu pai? Ele não veio me buscar ainda, já era
para ele ter vindo o senhor sabe o por que não
veio?
Falo mais ele se levanta e vem cada vez mais para
perto de mim, me fazendo ir recuando até que não
tenha mais para onde ir, estou encurralada.
— NUNCA MAIS FALE DESTE HOMEN DENTRO
DESTA CASA, SE NÃO, EU NÃO RESPONDEREI POR
MIM, OUVIU?.
— S-Sim senhor.
Mas o que eu fiz de errado, eu so quis saber do meu
pai.
— Não falarei mas dele senhor.
— Bom, muito bom, quando ele vir atrás de você e
eu sei que virá, vai ser o seu fim.
Olho assustada mas não a nada que eu possa fazer,
aliás nunca ha nada que eu possa fazer, me sinto
inútil a cada dia mas meu pai já fez muitas
maldades nesta vida tudo que acontecer a ele, será
merecido.
— Posso sair senhor?
Ele ainda está perto, perto de mais.
Pega uma mecha do meu cabelo e cheira.
— Você tem cheiro de maçã.
Ele diz ainda com a mecha na mão.
— Deve ser o shampoo que Anita me comprou.
— Maça era uma das frutas prediletas da minha
mãe.
Diz e solta meu cabelo, parece que sente algo e se
afasta imediatamente.
E eu cuido em sair logo de sua sala.
Vou para a cozinha ainda sem entender o que
acabou de acontecer, bem não aconteceu nada,
mas ele me disse algo sobre ele, então já é um
começo.
Chego a cozinha mais Anita não está. Outra pessoa
está, a ruiva está sentada com a perna em cima da
mesa.
— Vim procurar por Anita.
Explico e me viro para sair mas ela se levanta rápido
e vem em minha direção.
— Eu vi como você olha para o Heros.
— O que? Eu quase nem olho para ele, você é
louca.

— Louca é você por querer o que é meu, eu não vou
deixar que ninguém me tire ele está me ouvindo?
— Senhora, isso e um grande mal entendido eu não
quero roubar nada.
— A por favor deixe de ser sonsa sua vagabunda, eu
sei que você quer dar para ele, você não me
engana.
Eu nunca fui uma pessoa agressiva nem quando já
sofri o pão que o diabo amassou, mas não vou ouvir
isso quieta.
Dou uma bofetada nesta mulher quando ela volta
com a mão no rosto me xinga e começa a gritar.
— Como você ousa, sua puta, você sabe quem eu
sou hein?
Você vai se arrepender do que fez.
Fala e pega meus braços, enfia os dedos nos meus
machucados eu grito tão alto a dor é agoniante os
pontos soltam e começa a sair muito sangue, nessa
hora Anita chega acompanhada do senhor Heros.
— O que caralho está acontecendo aqui?
— Foi ela que me bateu Heros.
Ela fala jogando a culpa para mim.
— Não senhor, eu não fiz nada, só vim aqui
procurar pela senhora Anita e ela começou a me
dizer coisas horríveis.
Falo em prantos, meus braços doem.
— Que dissimulada você é, vai negar agora que me
bateu?.
— Eu estava apenas me defendendo.
Olho para todos, parece que ninguém acredita em
mim, saio em disparada da cozinha e corro, corro
muito pelos vinhedos meus braços ainda sangram
muito, a dor querendo me consumir mas não paro
de correr, meu Deus por que? Eu não tenho um
minuto de paz, essas pessoas me odeiam e eu nem
sei os motivos, paro de correr quando vejo a minha
frente a gaiola onde fiquei presa passando frio e me
paraliso, são tantas coisas ruins tantas
maldades...caio no chão aos prantos sem forças .
Sinto mãos grandes ao meu redor que me ergue,
olho para cima e me deparo com os olhos dele tão
lindos, coloco a cabeça em seu ombro e deixo a
escuridão me levar.
Acordo e levo um tempo para me situar, estou no
quarto, olho para meus braços e estão com pontos
novos.

Olho ao meu redor e vejo ele sentado numa
poltrona lendo algo numa revista, quando percebe
que estou olhando me olha de volta.
— Ai esta você.
— Oi
Falo, minha voz está rouca.
— Eu sei que você não fez nada, sei do que Viviane
é capaz, mas ela não irá mais incomodar você está
bem? Darei um jeito nela.
Ah então essa cobra se chama Viviane.
— Tudo bem, senhor, obrigada por acreditar em
mim e não me fazer mal.
Ele me olha e vejo um misto de tristeza passar bem
rápido.
Ele levanta e vai até a porta.
— Tenho que sair agora, qualquer coisa que
precisar, fale com Anita.
Ele fala e sai.
Graças a Deus não fez nada comigo.
Minha mão arde e dói, mas quando lembro do
motivo fico até aliviada.

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