Celebration

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Já era tarde da noite quando cheguei na casa de Draco, ainda vestido com a camisa azul bebê e a calça branca que era o uniforme da clínica. Ele abriu a porta para mim e seus olhos de mercúrio estavam cintilantes, seu sorriso charmoso e o terno preto que vestia naquela noite lhe deram uma aura de mistério que fez meus joelhos ficarem moles.

Parecia que também havia acabado de chegar em casa, pois ele só usava o terno para ir para o escritório de advocacia. Sem uma única palavra, ele me puxou pela mão para que eu entrasse, fechando a porta logo em seguida. Ouvi o barulho do trinco, da porta sendo trancada, antes que se virasse para mim.

— Você chegou bem na hora, Harry — ele murmurou.

E eu senti todo o meu corpo se arrepiar levemente, porque a voz de Draco estava grave, rouca, carregada de mistério. Ele me observava de uma maneira diferente, algo em seus olhos que eu não sabia explicar ou decifrar. Por um segundo, perdi a fala.

— Bem na hora para o que? — indaguei finalmente, sem fôlego.

Mas, ao invés de me responder, ele apenas abriu mais um de seus sorrisos charmosos, caminhando calmamente até a mesa da sala onde duas taças de vinho estavam descansando perto de uma garrafa recém aberta. Ele parecia saber que eu estava chegando mesmo que eu não houvesse avisado, e a constatação desse detalhe me surpreendeu. Arqueei as sobrancelhas, abrindo um sorriso incerto.

— O que nós estamos comemorando? — perguntei assim que ele entregou uma das taças para mim. Sorvi um gole, observando-o em silêncio.

Ele também sorveu um gole de sua própria taça e passou a língua quase inocentemente pelo lábio inferior, capturando uma gota rubra que escapou. De alguma forma, Draco parecia diferente. Algo em sua postura e seus gestos gritavam intensidade e calor, seus olhos prateados agora escurecidos como um céu em tempestade. Ele tinha um sorriso enigmático nos lábios enquanto me encarava de volta fixamente e eu me senti estremecer. Então, ele deu um passo na minha direção.

— Nós estamos comemorando nós dois, Harry. Apenas nós dois.

Enquanto ele falava ia se aproximando cada vez mais, lentamente, como um felino se aproximando de sua presa. Eu senti meu estômago dar um pulo e comecei a andar para trás, os olhos arregalados e a boca seca. Observei a mão elegante se erguer e os dedos engancharem na gravata cinza chumbo que usava, afrouxando-a com dois lentos puxões. Senti minha respiração se acelerando. O que ele estava fazendo?!

— Draco...? — chamei, incerto, a voz nada mais do que um sussurro.

— Ahh, Harry... — ele suspirou, e eu senti minhas costas batendo contra a parede ao mesmo tempo em que nossos troncos se encontravam em um baque suave.

Draco estava quente. Eu podia sentir o calor que emanava de seu corpo mesmo com as camadas de roupas que nos separavam. Seu hálito batendo nas minhas bochechas também estava quente e os olhos faiscaram para mim em um fogo silencioso; em uma promessa de muito mais. Engoli em seco, meu nariz a centímetros do dele. Ele moveu a cabeça levemente para o lado e eu suspirei baixinho, sentindo seu perfume inebriante serpenteando sobre minha pele assim como o sussurro contra meu ouvido:

— Eu te quero há tanto tempo, Harry...

Eu me senti estremecer outra vez. Tentando lutar contra o calafrio que estava começando a subir por minha espinha, me esforcei para encontrar minha voz.

— Draco, o que você...?

Mas me interrompi, me arrepiando outra vez ao sentir as mãos dele deslizando por minha cintura em uma carícia muito singela, quase como se estivesse apenas consertando os traços amarrotados de minha camisa.

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