A primeira coisa que vi quando recobrei a consciência foi um par de olhos extremamente claros. Olhos que eu jamais havia visto.
– Como se sente? – E minha atenção foi dos olhos para a boca daquele homem. Tudo ainda parecia meio fora de foco, sentia minha cabeça zonza, pesada.
Anahí: Eu... Eu... – Tentei, parecia difícil falar algo com nexo. Olhei ao redor e percebi que ele estava sentado no chão, e eu estava deitada, ou melhor, esparramada, em seus braços.
Maite: Any, o que aconteceu com você? – Perguntou abaixando-se ao meu lado – Você desmaiou do nada. – Segurou minha mão.
Anahí: Eu não sei. – Disse confusa.
– Meninas, vamos deixar ela descansar, hm? – Ouvi o homem dizer, enquanto me levantava em seus braços. Eu não sabia direito o que estava acontecendo, mas sentia-me fraca demais para tentar sair dali.
Zuria: O médico já está vindo. A leve para a sala no final do corredor.
Anahí: Hey, não precisa. – Contestei, depois de respirar fundo – Eu estou bem – Encarei aqueles olhos que pareciam duas turquesas, tão claros eram.
– Ainda que esteja bem, você precisa ver um médico.
Anahí: Não, não é necessário, ahm...
– Ian. E sim, é necessário.
Anahí: Olha, Ian, eu agradeço, mas realmente não precisa. Eu já estou bem. – Disse, recobrando um pouco dos meus sentidos, que desde o desmaio não estavam muito aguçados. Ele não respondeu, apenas sorriu e me deixou sentada no sofá que havia no meio da ‘sala da perdição’.
Ian: Pare de ser tão teimosa. – Arregalei os olhos.
Anahí: Não estou sendo teimosa, só acho que não precisa de tudo isso. Eu já acordei, estou bem e posso ir trabalhar. – Fiz menção de levantar-me, mas ele simplesmente empurrou meus ombros, com um sorriso maroto, fazendo-me cair outra vez no sofá.Ian: Não vai querer que eu sente no seu colo para te manter aí, vai? – Brincou tomando o lugar ao meu lado. Olhei para a porta e vi que Angelique e Dulce se aproximavam. Sorri tentando acalmá-las. Podia ver em seus semblantes o quanto estavam preocupadas.
Dulce: Any, o médico já está chegando. Se sente melhor? – Eu assenti.
Anahí: Não foi nada demais, Dul.
Angelique: Não, você só desmaiou no meio da recepção. – Soltou irônica – Any... – Sabia exatamente o que ela estava pensando. Ainda que Dulce soubesse de mim e Alfonso, Angelique parecia ser a única a ter percebido o motivo de tudo aquilo – Nós precisamos conversar. Isso não pode continuar assim. – Eu a encarei, séria. Não queria falar sobre aquilo, ainda mais na frente daquele homem que eu mal sabia quem era – Mas vemos isso mais tarde, agora você precisa descansar.
Anahí: Passei uma semana descansando. – Rebati.
Ian: Mas é mesmo muito teimosa. – Virou-se para Angelique – Trate de fazer a sua amiga descansar. Desmaios assim não são comuns.
Anahí: E você é médico por acaso?
Ian: Nossa! Além de teimosa você é muito simpática. – Droga. Eu estava tão atordoada com tudo aquilo que, para ser bem sincera, estava agindo como uma criança mimada, chata e birrenta.
Anahí: Me desculpe. Eu não quis ser rude. Vamos começar de novo, pode ser? – Ele assentiu com um sorriso brincando nos lábios – Eu me chamo Anahí. – Estendi a mão, cumprimentando-o – Você é novo na U&H?
Ian: Eu? – Soltou uma gargalhada – Deus me livre! Esse negócio de viver enfurnado em um escritório não é comigo.
Anahí: É algum cliente então? – Ele negou com a cabeça – Então o que estava fazendo aqui?Ian: Te salvando de um belo tombo. Sabe, se não fosse eu, a sua queda seria bem mais feia. – Uma risada escapou de meus lábios – Vim até aqui porque precisava falar com o Poncho. – Eu arqueei a sobrancelha e esperei – Somos irmãos. – Abri meus lábios para dizer algo, mas logo os fechei. Aquilo era... Estranho.
Dulce: Nossa! Nem sabia que ele tinha um irmão! – Manifestou-se. E que irmão! Qual era o problema daquela família? Acho que Deus gostava mesmo dos Herrera. Porque, sério, pensem comigo, era beleza demais para uma família só! E, poxa, por mais que eu estivesse desesperadamente apaixonada por Poncho, devo admitir que Ian era muito, mas muito bonito.
Angelique: O médico. – Olhei para a porta e junto com o tal médico vinha Zuria. Me perguntava, naquele momento, se ela não desconfiara de nada. Se não estranhara a minha reação ao ver ela e Alfonso. E Alfonso? Será que sabia o que havia acontecido? E, se sabia, porque não tinha ido ver como eu estava? Okay, Anahí, pare já com isso. Acho que a última coisa que eu precisava era pensar nele.Estresse. Esse foi o diagnóstico. A recomendação foi simples: Uma boa alimentação, repouso e um remédio para ansiedade, que eu não tomaria. O único remédio que eu precisava era um para arrancar Alfonso da minha cabeça, será que alguém poderia me passar a receita, por favor?
Ian: Vou te levar em casa. – Segurou minha mão, fazendo com que eu me levantasse.
Anahí: Não, não. Eu mal cheguei, passei uma semana fora, deve ter muito trabalho me esperando.
Ian: Qual foi a parte do ‘repouso’ que você não entendeu? – Rolou os olhos, rindo em seguida.
Zuria: Pode ir pra casa, Anahí. Não queremos que passe mal outra vez. – Sorriu simpática. E aquela simpatia me irritava. Acorda, Zuria! Eu estou assim por sua causa e do seu marido irritantemente incrível, pelo qual eu me apaixonei.
Ian: Cunhadinha, diga a Poncho que eu passo à noite no apartamento de vocês. – Avisou dando um beijo estalado na testa de Zuria que assentiu – Vamos. – Disse, guiando-me até a porta.
Quando passei pela frente da sala de Poncho, não pude evitar virar meu rosto para ver se ele estava lá. Se estava ou não, eu não saberia, a porta fechada me deixaria a margem de dúvida.
Anahí: Meu carro está no estacionamento.
Ian: Vamos na minha moto.
Anahí: O que?
Ian: Você precisa relaxar! – Parou ao lado de uma Harley Davidson. Deus, ele tinha uma Harley Davidson! Uma daquelas pretas e turbinadas! Foi inevitável que meu queixo caísse. – Precisa de um pouco de velocidade, vento no rosto. – Entregou-me um capacete preto. Eu fiquei paralisada enquanto ele subia na moto – Vamos?Anahí: Eu nunca andei numa dessas.
Ian: Você vai gostar. – Estendeu-me a mão, convidativo. E eu, impulsivamente, segurei a sua mão.
Anahí: Mas e o meu carro? – Perguntei, já subindo naquela moto maravilhosa.
Ian: Eu levo ele mais tarde pra você. Agora deixe de se preocupar um pouco. – Quer saber? Era exatamente isso que eu faria. Precisava relaxar, então, dane-se, eu iria com ele. – Se segure – Disse-me e em seguida deu partida. No mesmo instante agarrei-me à sua cintura, e quanto mais rápido íamos, mais forte eu o segurava.
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Palavras, apenas palavras
FanfictionPalavras podem ferir, ou podem te fazer a pessoa mais feliz do mundo. Uma simples palavra é capaz de te levar ao céu, ou te atirar sem piedade ao inferno. Elas podem ser motivo de alegria, ou do mais doloroso choro. Palavras prometem, aliviam, engan...