Aquela noite foi torturante, Philippe estava inquieto, de quinze em quinze minutos ia beber água, suco ou refrigerante. Thais e Allan saíram, enquanto Esmeraldina e seu Zé estavam na sala com a gente.
Em determinado momento ambos questionaram o porquê de Philippe estar tão agitado, bebendo tanto líquido.
É aí onde mora o problema, eles não sabem que Philippe se droga, apenas que ele bebe até onde aguentar.
Conseguimos dar uma desculpa esfarrapada de que ele havia feito muitos exercícios aquele dia, então seu corpo estava agitado e cansado. Com certeza Esmeraldina e Zé não acataram aquela explicação, mas não prolongaram o assunto pois eu garanto que não estavam a fim de conseguirem mais uma desculpa sem sentido.
Perto das onze da noite o casal subiu até seu quarto, me deixando sozinha com Philippe na sala.
Philippe: caralho, Ainê, eu não estou aguentando mais!
Ainê: ei, calma, eu falei que ia te ajudar com isso e você me fez prometer que não lhe deixaria passar por aquela porta, estou e vou continuar cumprindo com o que eu concordei, tudo bem? - tentei tranquilizá-lo.
Ficamos mais um tempo enrolando, Philippe estava a ponto de surtar e me deixar louca também, mas consegui distraí-lo com algumas conversas, histórias, experiências. Contei um pouco sobre como é o Brasil, já que ele, apesar de ter pais brasileiros, nunca foi até o seu país descendente.
Já eram quase duas da manhã, optamos por ir dormir, e é óbvio que Philippe questionou o fato de Thais ainda não ter chego.
Eu não ia falar para ele que a sua irmã estava, com certeza, perdendo a virgindade com seu melhor amigo.
Gosto de Allan, então quero que ele viva.
POV PHILIPPE
Acredito que eu nunca havia ficado tão sedento por algo sem que pudesse saciar tal vontade.Sempre que me sentia dessa forma, garganta coçando, agitação e uma tremenda vontade de me drogar, ia até uma festa com os meninos ou então saía por aí até encontrar alguém que pudesse me ajudar.
Estou tentando seguir os conselhos de Allan, disposto a mudar, mas parece que isso não vai durar.
Fico feliz por Ainê estar comigo, não ter me permitido fazer nada de errado.
Ainê: acho que hoje é melhor eu dormir no meu quarto, estamos só nós e seus pais em casa, então a chance de eles nos verem é ainda maior - falou quando chegamos na porta de meu quarto.
Philippe: dorme comigo, tenho medo de perder o controle de vez durante a madrugada - eu realmente estava com esse medo.
Medo de não ter mais como me defender de mim mesmo, de não obedecer os meus sentidos e apenas sair por aí.
Ainê: está bem, então me espere que já venho - assenti.
Logo ela voltou com um travesseiro em mãos e seu pijama já no corpo.
Philippe: tem travesseiro aqui - falei o óbvio.
Quantas vezes ela dormiu ali, para que trazer mais um travesseiro?
Ainê: gosto de dormir com dois travesseiros - fez careta.
Philippe: a sim, mas se falasse eu tenho alguns aqui.
Nos arrumamos e deitamos em minha cama, eu ainda estava angustiado em não poder fazer nada para me saciar, era louco.
Ainê: sabe que se realmente quiser ir afundo com a sua recuperação irá precisar passar por muitas noites assim, não sabe? - assenti - então se você aguentar essa noite, a use como exemplo para as próximas que virão, lembre que se você conseguiu passar desse dia, conseguirá também passar dos próximos - finalizou.
A puxei para mais perto, tentando transformar o meu vício ruim naquele cheiro maravilhoso que Ainê tem.
Philippe: estranho Thais não ter voltado ainda - falei após um tempo em silêncio.
Ainê: ela já deve chegar, com certeza foi a algum lugar especial com Allan.
Philippe: você gostaria de viver um relacionamento como o deles, verdade?
Ainê: bem, é difícil explicar. Nenhum relacionamento é igual, mas eu já passei por coisas que não desejo a ninguém, e depois disso idealizei uma meta de namoro - suspirou - mas sim, gostaria que fosse um no estilo Thais e Allan - afirmou, por fim.
Philippe: o que tanto você passou que te fez criar esse ideal de relação? - questionei, curioso.
Ainê: já tem muito tempo, quando eu tinha meus belos quatorze anos conheci um menino no colégio, viramos amigos e então começamos a namorar, mas sabe aqueles namoros bobos de adolescentes? - afirmei - então, cometi o erro de depositar tudo naquela relação. Acabei chifrada, iludida e sem ninguém.
Philippe: quem em sã consciência trairia Ainê Noel? - sorri.
Ainê: uma quantia imensa de gente - sorriu, acredite, já consegui ser pior do que sou agora.
Philippe: para com isso, você é linda e sabe disso muito bem.
Ainê: não, as pessoas dizem que sou assim para não me decepcionarem. Eu tenho espelho, sabia?
Philippe: acho que não tem não - ri - se o teu espelho reflete uma mulher feia, você definitivamente está usando ele errado.
Ainê: como se usa um espelho errado, Philippe? - riu.
Philippe: não sei, mas você deve usar - ri também.
Logo dormimos, acordando com alguns raios invadindo o quarto.
Era perto das nove horas da manhã, me virei lentamente sentindo que Ainê já não estava mais ali. Porém o seu cheiro ainda estava naquele lençol e em seu travesseiro que ficara aqui.
E que cheiro doce. Queria morar ali.
Não me enrolei muito e já levantei, fiz minhas higienes, coloquei uma roupa e segui para fora do quarto a fim de tomar café, mas parei ao ver a porta do quarto de Thais com uma fresta aberta, ali pude ver minha irmã e Ainê conversando em cima da cama, de forma que não conseguiam prestar atenção na porta.
Thais: e então foi assim - finalizou a pior história que eu poderia ouvir.
Quando que seria agradável descobrir como minha irmã manteve relações com o meu melhor amigo? Eu sabia que isso aconteceria, mas não tão rápido.
Ainê: mas foi tranquilo? Digo, não doeu? - perguntou.
Thais: bom, doeu no início apenas, mas logo já não era uma dor insuportável, sabe?
Ainê: e você não teve medo disso?
Thais: não, estava muito ansiosa só, mas Allan foi super tranquilo com tudo.
Ainê: e como foi a sensação, assim, do momento? - questionou meio sem jeito.
Thais: foi estranho no início, mas depois tudo se encaixou... você não sente vontade disso?
Ainê negou.
Ainê: acho que não posso sentir vontade de algo que nunca provei, então - encolheu os ombros.
Thais: o quarto do meu irmão está sempre a disposição - riu
Ainê: ei, safada - jogou um travesseiro nela.
Logo o silêncio se instalou, de repente ouvi Thais se aproximar da porta e me enfiei dentro do banheiro.
Thais: jurei que tinha visto alguém aqui, vou fechar a porta por desencargo.
E se Ainê estiver esperando que sua primeira vez seja comigo?
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Aceito críticas construtivas, se puderem me ajudar divulgando eu ficarei muito grata! Espero que gostem e soltem a imaginação enquanto lêem 💗
Deixe sua estrelinha ⭐IC: "O Intercâmbio"
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A Estranha Perfeita - Philnê
RomanceDe um lado, uma jovem garota sonhadora, moradora do Rio de Janeiro, que finalmente realiza seu intercâmbio, partindo diretamente para a casa de pessoas completamente desconhecidas. De outro lado, um homem frio, que anda com pessoas erradas, apenas...