Cap. 1

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Lola narrando

Os lentos bipes um após o outro nos tranquilizam. Soltei um ar que nem sabia que estava segurando. Os pais de Alec também voltam pra si neste momento. Todos pareciam suspirar aliviados, inclusive os funcionários do hospital. E a esperança reina mais uma vez sob nós. 

É, ele não se foi. Ainda não. 

Horas depois, Alec abre os olhos. Fala conosco, brinca e se diverte como se estivesse completamente bem e não possuisse doença nenhuma. 

Foi assim por muito tempo após isto. Essa doença é traiçoeira, ela nos da esperança e depois arranca de nós com algo inesperado. Mas Alec teve uma vida plena. Ele aproveitou, ele curtiu, cantou, dançou, viajou, viveu experiências únicas, se apaixonou, sofreu, chorou, lutou, mas voltou a sorrir, voltou a amar, se casou e foi pai, o melhor pai que uma criança poderia ter. Um pai presente, alegre, companheiro. Um pai que fazia seu máximo dia após dia, como se soubesse que um dia tudo iria acabar. 

Nós vivemos mais do que a Lola do Art&Talent poderia sequer imaginar. Ninguém nunca demonstrou tanto que me ama e ama estar comigo, como Alec fez.  

Alec é minha vida. Mas a vida um dia acaba.

(...) 

Quatro anos depois...

- ...sabe de uma coisa - falo enquanto a plateia de acalma - Há quatros anos atrás, eu descobri uma doença terminal em alguém que eu amava, Alec Campbell. Nós passamos uns perrengues assustadores no hospital e depois começamos os tratamentos mas sempre soubemos que cada dia poderia ser o seu último - respiro fundo - Há exatos dois anos, nesta mesma data, ele faleceu.. e foi uma dor muito grande em mim e sei que em vocês que me acompanham também, é, não foi fácil - paro para conter as lágrimas - Mas o que quero tirar dessa reflexão é: vivão, vivão com abundância, como se cada dia fosse ser o seu último dia e independente da situação que estejam passando, tenham fé... depois da tempestade, sempre vem o sol e depois das noites de choro, vem as manhãs de risos... - pego o microfone e ando mais para frente - é surreal onde eu cheguei, onde eu estou, caramba! uma menina simples de Miami, tímida, quieta e que tinha pânico de palco, esta agora na Times Square! Isso é inacreditável!! - Abro meu mais sincero sorriso - Mas assumo que eu não teria conseguido sozinha.. então essa música é em agradecimento ao Alec e nossa linda filhinha Faith, que agora deve estar me vendo do sofá da vovó - aceno e mando um beijo para a câmera - Pelos meus amigos, pelo meu pai e por vocês, meus fãs! Por nunca me deixarem desistir! Eu amo muito vocês, sempre vou amar! -  logo a banda começa a tocar e inicio Fight Song, uma música muito especial para mim - 

(...)

Já é costume após os shows e apresentações nós sairmos para um bar. O pessoal da banda, da mídia, da gravadora. Sempre frequentamos aos mesmos bares, pelos sub-bairros da gigante New York, onde é menos provável de encontrarmos fãs obcecados e, um pouco, surtados. 

Adentro do Dew's com um vestido vermelho cintilante, saltos altos e maquiagem de palco, sabe, exageradas. Mas ninguém parece ligar. Este é a maravilha de morar numa cidade tão grande, populosa e diferente como New York, desde que me mudei, acredito que não podia ter feito escolha melhor. Já estava na hora de experimentar novos ares, viver um ritmo diferente, um novo e gigantesco ciclo. Sou completamente apaixonada por esta cidade, estou aqui à dois anos e ainda não desvendei seu mistério. As várias e inspiradoras luzes. Os prédios. A movimentação. A cada dia sinto uma sensação diferente desde que acordo até quando vou dormir nessa cidade deslumbrante. Viver aqui, me faz feliz.

The Camp's GoneOnde histórias criam vida. Descubra agora