Entrar para a faculdade de medicina me pareceu ser a coisa certa a se fazer quando eu, finalmente, pude me livrar do ensino médio.
Não, meu sonho nunca foi ser médica mas, quando me encontrei com Shawn, senti que era meu dever buscar o máximo de conhecimento necessário para poder ajudá-lo na recuperação da visão. Cheguei a concluir dois anos de faculdade.
Sim, eu parei no meio do caminho e iniciei outro curso. Hoje sou terapeuta. Não, não ajudo casais com relacionamentos fracassados. Sou terapeuta ocupacional e eu, simplesmente, amo minha profissão.
É incrível imaginar que, há nove anos atrás eu não me imaginaria como estou agora. Noiva, formada em algo que eu amo e prestes a entrar em um colapso nervoso.
O motivo? Sofia! Minha irmã nunca foi de dar trabalho, até entrar para a faculdade e conhecer um tal de Jeff. Não gosto nem ao menos do nome desse cara.
– Mila, eu estou com medo. - ela me olhava apreensiva e eu tentava não transparecer o quão desapontada e aflita eu estava.
– Vai fazer logo isso, Sofia. Se você demorar mais um minuto eu vou ter um treco. Além do mais, o que tá feito tá feito. Já era. Caso encerrado, não tem mais jeito.
– Na verdade tem um jeitinho... - arregalei meus olhos
– Sofia! Para de falar besteira. - ela baixou a cabeça. Ergui seu queixo com carinho e sorri para ela. – Via dar tudo certo, você vai ver.
– Você não está brava? - meu rosto relaxou um pouco mais. Acariciei sua bochecha.
– Não, eu não estou brava. Não estou feliz ou orgulhosa, mas brava jamais. E, aconteça o que acontecer, eu sempre vou estar aqui pra você, irmãzinha. Não há nada nesse mundo que possa nos separar. - ela suspirou.
– Eu vou lá, já volto.
Nunca precisei comprar um teste de gravidez para mim antes. É muito louco imaginar que o primeiro teste que eu pego nas mãos é da minha irmã mais nova de dezoito anos. E pior, eu tive que ir até a farmácia comprar. Ela me disse as exatas palavras "não tenho coragem".
Não imagino Sofia como mãe. Quer dizer, em um futuro um tanto distante, quem sabe, mas agora?! Não! Definitivamente, agora eu não vejo Sofi sendo mãe.
Ela passou pela porta do banheiro do meu quarto com o rosto ainda aflito e se sentou ao meu lado na cama. Nos jogamos para trás caindo deitadas no colchão em uma sincronia quase ensaiada.
– Porque você fez isso, Sofi? - minha voz já não estava mais como antes, agitada e acusatória.
– Bom, quando a gente sente tesão por um homem e ele sente pela gen - a cortei.
– Eu sei como se inicia uma relação sexual, Sofia. Quero saber porque você fez sem proteção. Poxa, nem ao menos uma pílula?
Sofia perdeu a virgindade aos dezessete anos e veio correndo me contar dizendo ter feito merda. Me lembro de ter ficado estática e não ter dito nada. O que se fala pra uma adolescente de dezessete anos que acabou de transar pela primeira vez? "Pelo amor de Deus, me diz que usou camisinha?!". Tive vontade mas só pude perguntar se ela estava bem.
Ela sempre me garantiu que se protegia e agora, hoje, resolve que pode estar grávida. Fala sério, quem usa camisinha não tem esse medo, não é?! Pelo menos eu não tenho. Nunca precisei fazer um teste de gravidez.
– Se der negativo, você promete que não conta pra ninguém? Nem mesmo para o Shawn! - me virei na cama para encará-la.
– Você não respondeu minha pergunta.
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Paixão às Cegas.
Fanfiction- Eu nunca quis tanto ver alguém como quero ver você. Se ao menos tivesse te conhecido antes de tudo isso... - Não se preocupe, nós vamos dar um jeito nisso tudo! Dou a minha palavra.