O sonho

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  -Cheguei a casa! -Disse Cyren enquanto caminhava para cumprimentar a sua mãe.

  -Como é que correu o dia filha?

  -Bem, mas tenho um projeto de psicologia para entregar dentro de dois dias, por isso hoje se não te importares passo o resto do dia na biblioteca.

  -Desde que faças o trabalho, claro.

Cyren foi até o seu quarto para deixar a sua mala e trazer os livros de psicologia. 

  -Mana! Posso ir à biblioteca contigo hoje? Por favor! - Implorou a irmã mais nova de Cyren-

 -Hoje é melhor não macaquinha, tenho que estudar. Sexta vens comigo, pode ser?

Melissa concordou deixando escapar um leve olhar de desapontamento, que foi rapidamente esquecido quando Cyren lhe ofereceu um dos seus doces preferidos:

-Shhh. Não digas à mãe que te dei isto se não ela vem reclamar comigo.

A rapariga concordou e abraçou a irmã.

Cyren pegou então nas suas coisas e despediu-se da sua família enquanto se descalçava e seguiu caminho até à biblioteca.

  A biblioteca era silenciosa, tudo o que se podia ouvir era o som do folhear as paginas e ás vezes de algumas pessoas a cochichar. O cheiro a pó e a livros impregnava os seus narizes. A luz na sala era fraca, pois já havia anoitecido. Tudo aquilo era familiar para Cyren que passava as suas tardes naquela biblioteca, para estudar ou apenas por prazer, já que os livros sempre foram a sua paixão. Ela sempre passara o seu tempo assim sozinha, mas ultimamente tinha sido diferente. Recentemente um rapaz tinha começado a se sentar ao seu lado, apenas a desfrutar da sua companhia, enquanto lia, sem dizer praticamente uma palavra, a sua linguagem eram apenas sorrisos. Já era comum ambos esperarem a companhia um do outro.

 Como de costume Cyren foi para a biblioteca de tarde, mas desta vez o rapaz, por algum motivo, não estava lá. Ela estranhou o acontecido, mas ignorou a situação e continuou a ler, o que melhor sabia fazer. Quatro, cinco, seis, sete dias se passaram e o rapaz ainda não tinha voltado. Cyren pensava que talvez ele tivesse desistido da ideia de passar tempo com ela, que ele se tivesse mudado, arranjado um hobby novo ou algo do género.

Após passar a tarde na biblioteca, Cyren voltou para casa, como sempre tomou banho, passeou o seu cão, jantou e foi dormir. Uma sensação estranha tinha tomado o seu corpo por todo o dia, mas ela preferiu a ignorar e pensar que no dia seguinte tudo voltaria ao normal. Foi quando ela fechou os olhos e adormeceu, que viu algo no seu sonho.

Ela estava perdida numa floresta gigante onde não parecia ter ninguém, a lua e o sol moviam-se rapidamente deixando as noites e os dias curtos. De inicio Cyren não ouvia nada ,até que, de repente, uma voz começou a ecoar ao longe, uma voz familiar que sussurrava algo que ela era incapaz de perceber. A voz foi-se aproximando, tornando-se cada vez mais audível apesar de continuar impercetível. Subitamente a voz cessou, Cyren olhou para os lados á procura de alguém, de uma resposta, foi então que a voz voltou e desta vez sussurrou bem perto do seu ouvido, "corre". A jovem rapariga começou a gritar desesperadamente e levou as mãos á cabeça. O cenário á sua volta rodava rapidamente, os sussurros continuavam e a paisagem começou a desfazer-se deixando apenas sobrar um cenário escuro e vazio. Demorou apenas alguns minutos, até o som de alguém a chorar, se fazer ouvir ao longe, Cyren olhou atentamente e viu uma figura de costas para ela em pé no local de onde o som vinha. Era um choro assutado e suave, pouco audível, mas o suficiente para encher a sala vazia. Como se algo a puxasse, Cyren foi em direção da figura com passos cuidados e assustados. Ela estava agora á distancia de dois passos da figura, mas sem coragem de dizer uma única palavra. Era alguém com uma capa bordeaux comprida com capuz, parecia ser um rapaz devido aos ombros largos e à sua altura. Cyren controlava a sua respiração apavorada para evitar ao máximo que notasse a sua presença. A figura começou lentamente a virar-se para ela, Cyren rapidamente cobriu a sua boca em desespero enquanto esperava que a figura se virasse para ela. Uma sensação de medo e pavor invadiu o seu corpo desde a ponta dos seus pés até a cabeça. Já estava virado para ela mas era impossível ver a sua cara devido ao longo capuz, foi então que, de repente, uma força inexplicável puxou os dois para lados opostos, a força era tanta que removeu o capuz da figura. Era o rapaz da biblioteca! Ele parecia igualmente assustado, o rapaz parecia tentar gritar mas não saía som da sua boca, apesar disso Cyren leu os seus lábios que pareciam pedir ajuda.

Cyren acordou em sobressalto, a transpirar e ainda apavorada devido ao sonho. Ela tentou tranquilizar-se por pensar que tudo aquilo não passava de um sonho, mas algo a inquietava porque no fundo ela sabia que aquilo era um sinal, apesar de não saber do que seria.

Sem pensar duas vezes Cyren pegou no seu casaco e saiu em direção á biblioteca, ela ia encontrar o rapaz custe o que custasse! Só assim ela poderia ter paz.

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⏰ Última atualização: Aug 14, 2021 ⏰

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