Before Chaos - Hange Zoe

Para sempre?

2 dias se passaram desde então.

Hange bateu três vezes na porta da minha casa e entrou. Era manhã no meu distrito, meu quarto estava suavemente iluminado por causa da luz na janela.

Ela parou ao lado da porta e me observou. Eu estava na cama, sentada. Meu pé estava enfaixado entre duas tabuas pequenas para que pudesse ficar reto e curar normalmente, assim como os dedos da mão. Eu vestia uma camisola branca, já que estava impossibilitada de vestir roupas que necessitariam um melhor manuseio.

Hange se aproximou e agachou ao lado da minha cama, ela vestia uma capa marrom por cima do seu uniforme.

Seus olhos brilhavam, estava prestes a chorar. Era a primeira vez que eu a via depois do incidente com Haru.

"Hange, já chega! Para por favor! "

Hange abriu a boca como se fosse falar algo, mas a fechou logo em seguida, apenas se virou e deitou com a cabeça no meu colo. Senti algo quente na minha perna. Ela realmente começou a chorar, eu logo a segui.

- S/N, me perdoa... - Sua mão se entrelaçou a minha. - Eu fui completamente ignorante com relação a Haru, não queria que nada disso acontecesse. - Ela virou e me olhou. Aquilo partia meu coração, vê-la deitada ali chorando e me olhando de baixo como se fosse a culpada de tudo, suas lagrimas silenciosas me atingiam como lanças das mais afiadas.

- Hans... nada disso foi culpa sua. - Escorreguei pela cama e ficamos deitadas frente a frente. - Eu nunca vou te responsabilizar por iss... - Eu sabia... de certo modo. - Ela disse me interrompendo. Sua mão me segurava pela cintura. Notei o pequeno corte na lateral de sua cabeça, resultado da pancada que ela havia levado quando me encontrou e pulou em Haru. - Eu já suspeitava sobre ele... S/N, daria tudo que sei pela metade do que ignoro. Eu deveria ter dado atenção quando ele não te deu espaço para passar na porta aquele dia de manhã, ou do modo que ele me encheu de perguntas sobre o porquê de você estar na minha sala, mas eu apenas relevei isso.

- Hange. - Coloquei minha mão em seu rosto. - Ninguém imaginaria que ele seria um sujeito tão ignóbil, ele se deixou ser irresponsável com os sentimentos que tinha por você e surtou, mas não é sua culpa. Além do mais, talvez eu não estivesse aqui agora se você não soubesse onde procurar.

- Mas.... O seu pé, e seus ded... - Não importa. - A abracei, ela afundou o rosto no meu pescoço e passou as mãos por minha cintura. - O que importa é que eu estou aqui com você agora.

Ficamos abraçadas por longos minutos, tudo aquilo passava como um filme em nossas cabeças. Hange colou nossas testas e corou. Eu ri.

- O que aconteceu com aquela mulher que eu vi na biblioteca uns dias atrás? - A olhei com uma sobrancelha levantada.

- S/N, cala a boca.

Nós duas rimos por um tempo, eu me lembrei que não tinha retribuído aquela noite em meio aos livros, restava refletindo sobre isso até ela me tirar dos meus pensamentos.

- Tudo isso precisou acontecer para estarmos assim, aqui, desse jeito?

Ela sorriu, e seu sorriso parecia conter toda a pureza do mundo, seu olhar era totalmente suasório. A encarei sem entender.

- Assim como?

Ela me apertou mais forte.

- Assim. - Seus lábios encostaram nos meus brevemente. - Eu poderia ficar aqui para sempre. - Sussurrou.

- Eu poderia ficar para sempre em qualquer lugar, desde que fosse com você.

Nos beijamos, mas dessa vez foi diferente. Não havia apenas desejo ali, como também carinho e afeto. Foi calmo e aconchegante. Nos intervalos que nos desconectávamos tomar folego novamente, Hange encostava seu nariz no meu e passava a mão em minha bochecha. Nossos olhares não se desviavam.

Eu te amo tanto, pensei enquanto fechava os olhos e avançava novamente.

Assim ficamos ali por um longo tempo.

Hange já tinha avisado a tropa sobre a explosão de Haru dois dias atrás. Ela imaginava que teriam levado o corpo e limpado aquela cena de horror. Mas enquanto estávamos ali, felizes apesar de tudo e nos conectando cada vez mais, a tropa começara a investigar.

Porque não havia corpo.

Só o que encontraram foi a sala vazia com sinais da tortura e da briga.