Capítulo 7

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Kacchan's pov:

Corri sem parar até a casa de Deku depois que eu saí do cinema.
Eu furara nosso encontro, então queria me desculpar apropriadamente. Queria ver ele, desesperadamente. Sentir seu cheiro e seus braços envolta de mim, me abraçando. Então eu corri e corri sem parar.

Até parecia que minha vida era uma corrida sem fim. Eu corria até a escola após me atrasar. Corria até a casa de Deku a cada coisinha que dava errado entre nós. Corria atrás do meu amor, procurando fazer ele nunca me deixar. E agora eu tinha a impressão de que o mundo continuava se esticando impossivelmente na minha frente, me impedindo de chegar até aquele ponto brilhante.

Deku...

Depois do que pareciam horas, bati na porta dele e sua mãe atendeu.

- Deku já chegou? – perguntei.
Ela franziu a testa e respondeu o que eu mais temia:

- Não.

Aquilo me entorpeceu por completo. Saí correndo novamente para fora da rua, sem rumo e direção.
Agora minha vida era uma corrida contra o tempo... Onde está você, Deku? Eu queria gritar e gritar.

Virei uma esquina, descendo a escada até a praça, correndo sem parar. E quando virei novamente na próxima rua, dei de cara com o que eu mais queria ver. Deku! Seria uma ilusão?

Vi ele e meu corpo se moveu sozinho, abracei seu corpo fortemente, apertando-o.

- Ah, você está bem. – suspirei aliviado, feliz por ele estar ali comigo.

Mas quando ele não disse nada, paralisei. Eu sentia ele rígido sob mim, calado e silencioso.

- Kacchan... – ele disse, por fim. Eu queria tapar os ouvidos, assim que ouvi seu tom de voz. Evitar de ouvir o que ele diria com aquela voz tão triste e calma... – Vamos terminar.

E então, eu quebrei.

Deku's pov:

As pessoas não sabem a dor de um coração partido, até senti-lo quebrar no peito.
Nunca senti uma dor tão forte quanto a que senti após dizer aquelas palavras. Meu peito encolheu e senti pedaço por pedaço do meu coração cair no vazio. Meu amor e Kacchan indo com eles.

O loiro estava completamente duro envolta de mim. Ele não dizia nada, mas quando me afastei, vi seus olhos arregalados e paralisados.

- Vamos terminar. – repeti.
E quase pude ouvir o que aquilo fizera nele também. Um trovão soou ao longe, anunciando a chegada de chuva. O vento forte passou, úmido.

Senti as lágrimas virem, porém as recolhi. Não podia deixar ele ver isso agora. Eu tinha que ser forte. Me afastei mais um passo e Kacchan involuntariamente estendeu uma mão. Como se quisesse me segurar ali. Mas ele não parecia sentir a dor que eu estava sentindo e isso me magoou muito mais do que minhas palavras.

Ele mesmo assim não disse nada e então, me movi. Comecei a andar para ir embora, mas ele apenas me barrou com o braço.

- Por quê? – foi sua única pergunta sussurrada.

- Porque sim. – eu disse.

- Quero um motivo aceitável, Deku. – ele disse frio, frio como a chuva que começava a cair.

Suspirei, sentindo a raiva borbulhar.

- Porque eu não quero mais namorar você. – completei e me virei novamente para ir embora.

- Não quer mais? – gritou Kacchan. – Hoje mesmo você estava ali, naquela cafeteria, me beijando e me abraçando, muito confortável com nosso namoro! Então não me diga que não quer mais me namor...

Não deixei ele completar.

- O motivo, Kacchan, é porque eu não consigo mais! – berrei me virando para ele também. Agarrei o peito, fechando os dedos sobre a blusa que se ensopava rapidamente. – Eu não aguento mais isso, não aguento sofrer com essa mentira!

Kacchan parou, os cabelos loiros molhados, caindo no rosto.

- Mentira? Nosso relacionamento agora é uma mentira?

- Sim! Está sendo! Porque nós dois estamos mentindo! – agora sim, eu senti as lágrimas caírem. Minha voz embargou. – Estamos mentindo sobre o que realmente queremos... E eu cansei, Kacchan! Não consigo estar perto de você e fingir te odiar, fingir que não namoramos, fingir que não nos beijamos. Não quero mais continuar com isso! Não quero ter que dizer pra minha mãe que estou saindo com amigos, para poder sair em um encontro com você. Eu não consigo mais, Kacchan. – abaixei a cabeça, sem conseguir olhar em seus olhos e parar as lágrimas que se camuflavam com a chuva. – Então, vamos terminar.

Kacchan cambaleou para trás.

- Não... – ele disse, tombando no chão, como se eu tivesse agredido ele fisicamente.

Olhei uma última vez para ele e disse o que eu tinha certeza que faria ele nunca mais me procurar. A única coisa que eu sabia que quebraria ele e eu completamente. Sem chance de retorno...

- Eu não te amo mais, Bakugou.
O nome dele foi um último golpe - um trovão soou alto, como que um aviso sobre o que eu destruíra - e me virei, incapaz de ver o que eu fizera.

Corri para casa, com o rosto molhado, sabendo muito bem, que a umidade não vinha só da chuva...

O que eu fizera?

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