𝐔𝐌 𝐎̂𝐌𝐄𝐆𝐀 𝐏𝐑𝐄𝐂𝐈𝐒𝐀 𝐃𝐄 𝐔𝐌 𝐅𝐈𝐋𝐇𝐎𝐓𝐈𝐍𝐇𝐎, 𝐣𝐣𝐤.

DÉCIMA SEGUNDA PARTE

No dia seguinte.

Não sou capaz de fechar os olhos. Ainda me sinto completamente vulnerável em quesito a situação. Minha mente se prende em vários pensamentos destrutivos e eu sei que não vou conseguir me livrar deles tão cedo.

Meu corpo ainda dói como o inferno. O quanto eu puder me livrar de brigas com outros alfas, eu me livrarei. Depois de tanto tempo, acredito que havia me esquecido como era a dor de se brigar com outros alfas. É doloroso, humilhante e os dias que se sucedem, não te dão uma boa recuperação.

Observo Jungkook dormir. Ele está agarrado a mim, totalmente confortável e aconchegado. Sua perna esquerda está jogada em cima de minhas pernas e ele parece sonhar com os anjos. Levo uma de minhas mãos para seu rosto, fazendo um leve carinho. Seus lábios se formam em um biquinho e ouço ele murmurar algo, para se enroscar ainda mais em mim como um gatinho manhoso.

Sorrio, depositando um beijo em sua testa. Vê-lo dormir me trás paz e eu me sinto menos nervosa. Mexo em seus cabelos, enrolando-os nos meus dedos e fazendo um cafuné em si. Jungkook ronrona mais, gemendo baixinho.

— Eu amo tanto você, neném. — Sussurro baixo, como um segredo. Apenas para ele. — Te amo tanto, mais tanto, que eu faria qualquer coisa para te ver bem. Sinto muito se te fiz chorar e se te assustei, nunca foi minha intenção. Mas, me enlouquece saber que alguém foi capaz de fazer mal a uma pessoa tão doce como você.

As minhas palavras soam baixas. Eu me declaro unicamente para ele. É apenas ele que eu desejo que ouça. Mas, sei que ele dorme profundamente e que não vai me ouvir. Minhas bochechas coram e eu encho as bochechas de Jungkook de beijos. Tomo cuidado com os meus ferimentos, que doem a cada jeito que eu mexo meu corpo ou que franzo a cara.

Desço minha mão em direção a sua barriga e acaricio o local com toda calma do mundo.

— Posso sentir nosso bebê. Ele é bem forte e eu acredito que ele ou ela possa vir a ser um alfinha, como a mamãe. Mas, desejo que seja um ômega como o papai.

Minha voz soa baixa. Saber que posso sentir meu filho antes mesmo de nascer, me trás paz e é como se todos os meus problemas sumissem.

Jungkook ronrona e aos poucos vejo ele abrindo os olhinhos. Quando ele me vê acordada, abre um sorriso gostoso e fofo, que me mostra perfeitamente seus dentinhos salientes de coelho. Me aninho ainda mais a ele, e beijo o vão de seu pescoço, sorrindo.

Jun coça os olhinhos, boceja e olha para mim com os olhos brilhando.

— Tá com cara de quem não dormiu nada, noona. — Eu acabo rindo, porque de fato é uma verdade.

Não consegui pregar os olhos. Cedendo, eu assinto para si.

— Fiquei pensando em todas as coisas que aconteceram ontem, reavaliando toda a situação, tudo. Não consegui dormir absolutamente nada. Meu corpo dói e de quebra, me sinto péssima. — Respiro fundo ao dizer. Jungkook me encara com seus olhinhos brilhantes e sua expressão é séria.

— Eu sinto fome. — Jungkook diz. Olho para seus olhos e acabo rindo. Diante de coisas tão sérias, ele sente fome. Beijo sua testa levemente e assinto com calma.

— Isso é bom, é bom. — Continuo rindo e ele acaba rindo junto comigo ao ver que ignorou totalmente o assunto ao qual eu falava.

— Desculpa noona, depois conversamos sobre isso. Agora eu sinto fome. — Jungkook ri junto a mim, e eu não consigo parar de rir. Ao ponto de sentir meus machucados doerem pela força que eu faço para rir e tentar respirar.

— Bobo! — O empurro pelos ombros com calma e tento me controlar, para não doer ainda mais.

— Podemos ir? — Seus olhos brilham um pouco mais e eu aceno positivamente.

— Podemos, bebê. Só me ajude a levantar, porque meu corpo inteiro dói.

Jungkook se levanta com calma e me ajuda a sentar no colchão. Depois de alguns minutos, levantamos e começamos a arrumar as coisas. Claro que eu demorei um pouco mais, já que o meu corpo estava quebrado o suficiente para que eu não conseguisse fazer absolutamente nada.

Tudo foi feito com calma. Enquanto Jungkook ia preparar o café, eu subi para o nosso quarto para tomar um banho e retirar todo o cheiro de sangue que ainda tinha em mim. Já que apesar dos ferimentos, minha roupa toda estava suja de sangue seco.

No meio tempo, Jimin e Taehyung acordaram e consequentemente ajudaram Jun a preparar o café. Depois de algumas horinhas, eu desci e me juntei aos três para tomarmos café. E como se não bastasse, Kyu chegou com boas novas.

Do jeito que ele sorria para nós quatro, parecia ter ganhado na loteria. E sua felicidade contagiou a todos nós.

Kyu informou que essa pessoa que ele sabia que poderia ajudar no processo contra Yoongi, estava disposta a ir até o fim para dar a nós o devido descanso. Kyu fez a questão de o contratar de imediato e logo, os processos começariam.

Jungkook não sabia como reagir. Ele estava muito feliz e aliviado por saber que possivelmente poderíamos ter uma paz. Já Jimin ficou ainda mais feliz por saber que iríamos voltar para a terapia. Ele até cogitou voltar junto com Taehyung, mas, como todo alfa cabeça dura, Taehyung se recusou.

Mas, tanto eu quanto Jungkook sabíamos que Jimin daria um jeito de convencê-lo. O dia se sucedeu assim. Recebemos muito apoio, muito amor, e muita compreensão. Precisávamos daquilo, e eu precisava ocupar minha mente com algo que não fosse o acontecimento passado.