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Meus olhos vagavam pela paisagem do lado de fora da janela borrada pelas gotas de chuva, enquanto Robert dirigia em silêncio

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Meus olhos vagavam pela paisagem do lado de fora da janela borrada pelas gotas de chuva, enquanto Robert dirigia em silêncio. O som do motor ecoava em meus ouvidos e a cada quilômetro que nos aproximávamos do consultório do doutor Henry, meu peito ficava mais apertado.

Eu sabia que o momento de enfrentar a realidade estava próximo. Não havia mais como fugir... não havia mais desculpas para adiar o inevitável.

A leitura do testamento da Ruth pairava como uma sombra pesada sobre mim, forçando-me a encarar de frente uma dor que eu ainda não conseguia aceitar completamente — sua morte e a tentativa de sepultar todas as dores que ela tatuou na minha alma.

Ao atravessar a entrada da sala de terapia, não pude deixar de sentir o quanto a palavra morte pulsava em minha mente, fria e implacável, enquanto tudo dentro de mim gritava por uma última chance de me libertar.

— Boa tarde, Maya! — Ele saudou animado como sempre ao me ver cruzar a porta.

— Boa tarde, Henry. — Respondi num tom neutro.

— O que te traz ao meu consultório? — Ele se acomodou e eu me sentei de frente a ele.

Tirei a carta do bolso traseiro da minha calça e estendi na sua direção. Ele pegou o papel das minhas mãos e leu. Após concluir, devolveu.

— Bom, vamos começar pelo início, sim? — Sugeriu — Você trouxe a pessoa importante que me falou da última vez?

— Ele estava no treino de baseball, mas agendei um horário para ele com a sua secretária. — Henry assentiu.

— Como está sua vida?

— Bem. — Respondi simplesmente — Eu saí essa semana com o pessoal da minha escola... — Ele arqueou as sobrancelhas e fez um gesto para que eu continuasse — Fomos a uma hamburgueria no Brooklyn e depois em um parque. Jogamos baseball e o meu time ganhou — Sorri ao me lembrar da sensação de vitória.

— Uau! Hamburgueria no Brooklyn e jogo de baseball? — Assenti — E como você se sentiu?

— Ótima! — Respondi instantaneamente, me surpreendendo com a minha reação — Bom... no começo foi estranho. Meus colegas me olhavam diferente e não falavam comigo, mas depois o Justin chegou e me enturmou.

— Justin? — Assisti meu terapeuta franzir a testa, ao passo que eu engoli seco — Não me recordo desse nome em outras sessões... — Folheou seu caderno de anotações.

Merda.

— Ah, é... — Arrisquei e, para a minha infelicidade, minha voz saiu falhada — Eu posso ter esquecido de mencioná-lo.

— E tem uma razão para tal esquecimento? — Ele me lançou um olhar esperto, ao passo que eu sorri sem graça.

— De início, eu realmente queria esquecer sua existência. Ele me irritava e ameaçava o meu reinado, mas agora... — Pensei por alguns instantes no termo mais apropriado para nós dois — Meio que estamos ficando.

Abelha-Rainha 🐝Onde histórias criam vida. Descubra agora