Em casa, Kael revirava o armário de remédios em busca de um óleo de massagem que sua mãe sempre usava quando chegava do trabalho com os pés inchados, o que Kael logo passou a usar também depois que começou a procurar emprego e voltava da mesma maneira, tinha um cheiro bom, e apesar de ter copaíba em sua composição, o que ajudava com as dores e inflamações, o cheiro de amêndoas era o que mais se sobrepunha, queria levar para o trabalho e usar para uma massagem em Dionísio, vivia reclamando inclusive de dores de cabeça justamente quando estava mais tenso e Lurdes sempre dizia que a massagem era o melhor remédio, a dor iria naturalmente embora e se evitaria tomar medicamentos, e Kael sabia que Dionísio estava realmente precisando.
– O que tu tanto procura aí? – Perguntou Aquiles vendo seu irmão mergulhado na confusão que estava o pequeno armário.
– Queria aquele óleo de massagem que a mamãe sempre usava, sabe?
– Tá na mesinha ao lado da minha cama, usei semana passada, bati a panturrilha quando joguei bola lá no campinho e foi só aquilo que aliviou a dor.
– E tu só me diz agora?
– Ué, tu não perguntou! Peraí que vou pegar.
– Se machucou? – Perguntou Aquiles quando retornou.
– Não. Vou levar pro Dionísio amanhã.
– E o que ele tem?
– Ele fica todo tenso e acaba dando até dor de cabeça.
– Sério? Daquelas que são muscular, né? Como a mamãe falava... – Pensativo, Aquiles terminou o que dizia. – Mamãe adorava essas coisas naturais.
– Nossa! Demais! – Relembrou Kael sorrindo.
– Lembra aquela vez que torci o pé jogando taco bol aqui na rua? Mamãe enrolou meu pé em um pano com óleo de andiroba morna, o cheiro era insuportável...
– Como não lembrar? A casa inteira ficou com aquele cheiro, a Lúcia ficou com ânsia a noite inteira.
– De noite a mamãe me pegou tentando tirar o pano, queria lavar todo aquele óleo, não tava conseguindo dormir, mas ela disse que se meu pé esquerdo tava doendo, faria o direito ficar igual... – Lembrou rindo e Kael o acompanhou.
Os dois se olharam em pura nostalgia, mas agora relembrar era bom e saudoso, sem despertar a mesma dor de antes.
Os irmãos jantaram todos juntos e depois Kael tratou de colocar o frasco em uma sacola e deixou perto de seu celular na bancada ao lado da cama, para que não esquecesse de levar.
No dia seguinte, quando arrumava a mochila de Lúcia, Emílio o procurou, com ar misterioso, parecia querer lhe contar um segredo, terminou o que fazia e indagou seu irmão.
– Quer me falar alguma coisa?
– Quero Kael. – Tímido, falou com seu jeito doce e chegou mais perto de Kael, sussurrando. – Fiz um presente para o Aquiles, mas agora que tá pronto não sei se ele vai gostar.
– Por que amor?
– Acho que pensei mais no meu gosto do que no dele. – Com um biquinho nos lábios mostrou seu descontentamento.
– Tenho certeza que tudo que der a ele vai amar.
– Vou te mostrar e tu me diz o que achou, tá bom? – Seus olhos pediam que o ajudasse, e Kael não poderia deixar de achar aquilo fofo, observando enquanto seu irmão corria para o quarto, seguindo-o logo depois.
– Fez algum desenho pra ele? Ou uma roupa? Já que está virando um costureiro de mão cheia? – Sorriu.
– Fiz uma camisa, mas agora acho que ele não vai vestir. – Emílio puxou o tecido de uma sacola que estava guardada no guarda roupa e o mostrou.
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Destinado a você
RomanceKael, um jovem humilde e de modos simples, após perder a mãe, se vê responsável pela criação de seus três irmãos mais novos, sem emprego e depois de frustrantes buscas, aventura-se em uma nova empreitada. Kael ao entrelaçar seu caminho ao de Dionísi...