Capítulo XVII

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Em casa, Kael revirava o armário de remédios em busca de um óleo de massagem que sua mãe sempre usava quando chegava do trabalho com os pés inchados, o que Kael logo passou a usar também depois que começou a procurar emprego e voltava da mesma maneira, tinha um cheiro bom, e apesar de ter copaíba em sua composição, o que ajudava com as dores e inflamações, o cheiro de amêndoas era o que mais se sobrepunha, queria levar para o trabalho e usar para uma massagem em Dionísio, vivia reclamando inclusive de dores de cabeça justamente quando estava mais tenso e Lurdes sempre dizia que a massagem era o melhor remédio, a dor iria naturalmente embora e se evitaria tomar medicamentos, e Kael sabia que Dionísio estava realmente precisando.

– O que tu tanto procura aí? – Perguntou Aquiles vendo seu irmão mergulhado na confusão que estava o pequeno armário.

– Queria aquele óleo de massagem que a mamãe sempre usava, sabe?

– Tá na mesinha ao lado da minha cama, usei semana passada, bati a panturrilha quando joguei bola lá no campinho e foi só aquilo que aliviou a dor.

– E tu só me diz agora?

– Ué, tu não perguntou! Peraí que vou pegar.

– Se machucou? – Perguntou Aquiles quando retornou.

– Não. Vou levar pro Dionísio amanhã.

– E o que ele tem?

– Ele fica todo tenso e acaba dando até dor de cabeça.

– Sério? Daquelas que são muscular, né? Como a mamãe falava... – Pensativo, Aquiles terminou o que dizia. – Mamãe adorava essas coisas naturais.

– Nossa! Demais! – Relembrou Kael sorrindo.

– Lembra aquela vez que torci o pé jogando taco bol aqui na rua? Mamãe enrolou meu pé em um pano com óleo de andiroba morna, o cheiro era insuportável...

– Como não lembrar? A casa inteira ficou com aquele cheiro, a Lúcia ficou com ânsia a noite inteira.

– De noite a mamãe me pegou tentando tirar o pano, queria lavar todo aquele óleo, não tava conseguindo dormir, mas ela disse que se meu pé esquerdo tava doendo, faria o direito ficar igual... – Lembrou rindo e Kael o acompanhou.

Os dois se olharam em pura nostalgia, mas agora relembrar era bom e saudoso, sem despertar a mesma dor de antes.

Os irmãos jantaram todos juntos e depois Kael tratou de colocar o frasco em uma sacola e deixou perto de seu celular na bancada ao lado da cama, para que não esquecesse de levar.

No dia seguinte, quando arrumava a mochila de Lúcia, Emílio o procurou, com ar misterioso, parecia querer lhe contar um segredo, terminou o que fazia e indagou seu irmão.

– Quer me falar alguma coisa?

– Quero Kael. – Tímido, falou com seu jeito doce e chegou mais perto de Kael, sussurrando. – Fiz um presente para o Aquiles, mas agora que tá pronto não sei se ele vai gostar.

– Por que amor?

– Acho que pensei mais no meu gosto do que no dele. – Com um biquinho nos lábios mostrou seu descontentamento.

– Tenho certeza que tudo que der a ele vai amar.

– Vou te mostrar e tu me diz o que achou, tá bom? – Seus olhos pediam que o ajudasse, e Kael não poderia deixar de achar aquilo fofo, observando enquanto seu irmão corria para o quarto, seguindo-o logo depois.

– Fez algum desenho pra ele? Ou uma roupa? Já que está virando um costureiro de mão cheia? – Sorriu.

– Fiz uma camisa, mas agora acho que ele não vai vestir. – Emílio puxou o tecido de uma sacola que estava guardada no guarda roupa e o mostrou.

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