Parece que o jantar não descia, estávamos eu, Thais e Zé Carlos na mesa, onde havia um silêncio absoluto. Meio decepcionante.
Zé decepcionado por ter confiado que seu filho entraria nos eixos, Thais por achar que ele finalmente iria começar a largar essa vida e eu por acreditar que depois de ontem tudo seria diferente.
Incrível como tantas pessoas conseguem ser tão contrárias a uma só.
Eu esperei, como sempre, a tonta ficou esperando.
Deu uma da manhã, duas, três, e perto das quatro eu já não aguentava mais manter meus olhos abertos, então me dei por vencida e fui dormir.
Acordei perto das dez da manhã, ainda muito cansada por ter ficado acordada até tão tarde. Olhei pela janela e não vi movimentação alguma do lado de fora. Troquei minha roupa e fiz minhas higienes, logo descendo e encontrando Thais sentada em um dos sofás com uma enorme cara de ódio.
Ainê: ele chegou? - questionei sentando ao seu lado.
Thais: adivinha? Quando meu pai tirou o carro da garagem ele entrou com o dele. Quase oito da manhã, Ainê! Tem noção?
Não esperava que ele aguentasse tanto assim, literalmente foram quase doze horas fora de casa.
Thais: e o pior, saiu do carro praticamente não se aguentando em pé. Óbvio que meu pai deu um puta sermão nele e eu, como sempre, tive que ajudar o bonitão até ele cair desacordado em cima da cama - revirou os olhos - chega a parecer pesadelo.
Ainê: você sabe que ele se... - gesticulei, talvez ela ainda não soubesse das drogas.
Thais: sei, descobri por conta de uma vez que Allan e eu encontramos ele caído por aí com um saquinho em mãos - suspirou - ele não percebe que está morrendo aos poucos.
Ainê: deveríamos falar com seus pais, só nos duas não vamos conseguir ajudá-lo como é necessário, Tha. E fora que Esmeraldina e Zé são pais dele e precisam saber o que está acontecendo...
Thais: Philippe não gostaria que os dois soubessem.
Ainê: já não importa mais o que Philippe gostaria ou não.
Thais: minha mãe chega daqui a dois dias, já deixamos certo para falar com ela e meu pai - segurou minha mão - me ajuda nessa?
Ainê: sabe que sim.
Thais: obrigada, de verdade, por estar ajudando todo mundo com isso - me abraçou - minha irmãzinha brasileira.
POV PHILIPPE
Acordei sem lembrança alguma do dia anterior, ou melhor, das últimas horas. Eu ainda estava com a roupa que saí, mas coberto e sem os sapatos.Não me lembro como vim parar aqui, a última coisa que tem em minha mente é Kevin falando que eu não deveria ter usado tanto o que usei, e então tudo ficou branco.
Philippe: bom dia - falei ao chegar na mesa, tentando camuflar o fato de minha cabeça estar estourando.
Não fui respondido, nem por Ainê ou por Thais, ambas apenas continuaram comendo e fingindo interesse naquele macarrão.
Philippe: sabe quando nossa mãe chega? - questionei olhando para Thais, que não respondeu - Thais?
Thais: ontem mesmo ela telefonou avisando quando chegaria, Philippe. Como é possível se drogar a tal ponto de esquecer tudo? - soltou na lata e saiu da mesa.
Philippe: aí - indiquei Ainê, que também não me olhou - posso almoçar aqui com você?
Ainê: a vontade, já estou acabando - respondeu ainda sem me olhar.
Um silêncio muito incômodo estava ali, apesar de eu prezar por ele pelo fato de que minha cabeça doía a cada cadeira arrastada.
Ainê logo acabou de comer e se levantou, deixando seu prato e copo na pia, e indo até seu quarto.
Passei o restante da casa andando meio sem rumo, já havia tomado os remédio que minha mãe sempre me dá, e eles estavam aliviando um pouco toda a dor.
Quando chegou o fim de tarde avistei o carro de Allan estacionando em frente a nossa casa, o maluco já se tornou tão da família que nem precisa pedir liberação da portaria para entrar, loucura né?
Ainê e Thais desceram indo ao seu encontro, todos sentando no sofá logo em seguida. Minha cabeça ainda doía um pouco e meu corpo ainda estava meio cansado, então fiquei em meu quarto porém com a porta aberta, qual é, todos estavam me ignorando e com razão, mas pelo menos assim eu conseguiria me inteirar dos assuntos deles e dar uma opinião mentalmente, não sendo criticado por Thais após tal fala.
Allan: e cadê meu cunhado, Ainê? - questionou rindo.
Me aproximei mais da porta, a conversa finalmente se tornou mais interessante.
Ansioso pela sua resposta.
Ainê: ih, Allan, largue mão de esperar ou então puxe um banquinho - riu.
Está certo, eu não queria ouvir essa resposta.
Allan: capaz, e o Philippe? - agora sim estou ansioso.
Ainê: Philippe está retrocedendo ao Philippe que conheci quando cheguei - pausou - e achei que sei lá, depois que ficamos mais juntos eu conseguisse mudar isso nele.
Essa definitivamente não é a resposta que eu gostaria de ouvir, e com certeza não é a mesma que Ainê gostaria de dar.
Allan: mas ele estava indo tão bem, aquele dia foi você quem conseguiu segurar ele aqui em casa, não foi?
Ainê: foi, mas ontem nem o fato de eu estar ali na frente dele o convenceu. Eu cansei, Allan, sempre soube que curar um vício não é fácil, eu vivi essa experiência de perto - pude ouvir sua voz começar a embargar, sinalizando que a mesma iria chorar.
Ainê: primeiro com meu pai, e hoje eu já não tenho mais ele aqui por conta disso, agora o Philippe. Tenho ciência de que ele não iria se curar em uma ou duas semanas, isso é um processo lento e com certeza perturbador para ele, mas sempre que estamos evoluindo ele deixa tudo para trás e se joga na primeira boate que encontrar.
Allan: todos nós já tentamos ajudar ele, mas se ele mesmo não quer ser ajudado, de nada adianta.
Ainê: talvez ele queira ajuda das únicas pessoas que não estão vendo essa situação - pausou - seus pais. A única coisa que dona Esmeraldina e seu Zé fazem é só dar um puxão de orelha e pronto, não o deixam punido, não procuram ajudá-lo, até porque não sabem das drogas, apenas do álcool. Eles seriam fundamentais para a recuperação dele.
É, Ainê. Eles seriam.
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<Então galerinha bonita, quinta e sexta não teve capítulo novo, e final de semana eu nunca posto, então em alguns dias da semana eu solto mais de um capítulo pra compensar>
<Aproveitem a fanfic pq já está no fim ✊🏼😔>
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Aceito críticas construtivas, se puderem me ajudar divulgando eu ficarei muito grata! Espero que gostem e soltem a imaginação enquanto lêem 💗
Deixe sua estrelinha ⭐IC: "O Intercâmbio"
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A Estranha Perfeita - Philnê
Lãng mạnDe um lado, uma jovem garota sonhadora, moradora do Rio de Janeiro, que finalmente realiza seu intercâmbio, partindo diretamente para a casa de pessoas completamente desconhecidas. De outro lado, um homem frio, que anda com pessoas erradas, apenas...