CAPÍTULO 14

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Peter Collins

Desistir.

Difícil mas, necessário.

Tentar me lembrar de Olivia ou de qualquer coisa que aconteceu nesses últimos um ano e meio era como pular de um penhasco e sobreviver, impossível.

Sempre que eu tentava me recordar, parecia que havia uma parede impedindo-me de prosseguir e chegar até às lembranças.

Eu tentei, o máximo que pude mas eu tinha que seguir minha vida, conquistar meu futuro mesmo que tivesse começado do zero. Até mesmo um amor e minha vaga na faculdade.
Eu sentia que, o Peter que eles conheciam não era o mesmo que eu. Parece que todos falavam de um amigo comum que eu não conhecia. Não me identificava com ele, eu mesmo não me conhecia.

Eu estava vivendo a vida de uma outra pessoa.

Olivia se remexeu em meus braços, indicando que estava acordando. Coloquei seu cabelo que cobria seu rosto para trás de seu ombro, deslizando meu indicador por seu rosto. Ainda ficava encantado com sua beleza.

— Bom dia — ela disse, baixinho escondendo o rosto na volta de meu pescoço.

— Bom dia — beijei seu ombro nu.

Eu não conversava com Clara. O que era um bom sinal, apesar de as vezes ela aparecer em minha mente do nada. Os nossos momentos sempre estarem presentes enquanto eu me esforçava para lembrar da garota que estava em meus braços nesse exato momento. E de suas mensagens, sempre perguntando quando ia me ver de novo.

Já pensei em desistir milhares de vezes, sumir da vida de Olivia por completo tornar-me apenas uma lembrança ou uma parte de sua história. Algo passageiro. No entanto, sempre que eu a via mudava de ideia. Não conseguia ser o motivo do sumiço daquele sorriso que ela sempre me oferecia quando me via. Eu me condenaria se fizesse isso.

Deslizei meus dedos por suas costas sentindo-a se arrepiar.

Era bom tê-la por perto e me sentir amado porque parecia que o sentimento que emanava dela e eu conseguia sentir a quilômetros de distância. Queria que ela conseguisse isso de mim, queria ama-la como amava a...

E lá estava ela. Clara. Sempre estragando os meus momentos.

Eu não a vi pessoalmente desde que recebi alta e talvez seja por isso que meus pensamentos ainda a amam apesar de meu coração saber que eu não posso mais nutrir nenhum tipo de sentimento por ela. Ela me traiu. 

Respirei alto, o que fez Oliv me olhar com os seu par de esmeralda.

— Está tudo bem? — assenti.

— Só estava pensando, nada demais — ela concordou se afastando enrolando-se no lençol levantando da cama.

Encostei minha costas na cabeceira da cama vendo-a andar até o banheiro onde me olhou por cima do ombro antes de entrar.

Vesti minha roupa e desci as escadas preparando um café da manhã, fiz o máximo que pude e quando ela desceu com os cabelos velhos grudados pela água e emanando o cheiro de jacintos eu sabia que era ela e sempre foi ela. Estava me apaixonado — de novo — por Olivia Jones.

Nossa manhã passou em um piscar de olhos e quando me dei por mim já estava dentro do carro de minha mãe — já que não tinha coragem de subir na moto — indo para casa. Parei no supermercado, para comprar algumas coisas que dona Cíntia havia pedido.

Sem muita dificuldade, achei as prateleiras que ficavam os molhos onde ficava um que ela havia pedido. Peguei-o e virei meu corpo para ir até os frios quando a vi.

Os cabelos ainda estavam curtos, acima dos ombros. As bochechas ainda gordinhas com covinhas, os olhos grandes e negros e a boca pequena e carnuda. Clara ainda continuava a mesma.

Tentei fugir, cheguei até olhar em minha volta procurando um saída mas quando eu menos esperava ela já estava vindo em minha direção com um grande sorriso.

— Peter — falou, baixo parando na minha frente.

— Olá, Clara — cumprimentei, por educação.

— Clara? Você não me chamava assim — dei um sorriso balançando minha cabeça.

— Parei de te chamar com apelidos desde que comecei a namorar com Olívia.

— Amo quando se faz de desentendido, Peter — riu — Como está? Faz tempo que não nos vemos, desde o acidente. Nunca mais me ligou, até achei que a batida tivesse dado pane no seu sistema e tivesse feito você se esquecer de mim e de nosso compromisso.

— Nosso compromisso? — franzi o cenho.

— Não se faça de tolo, Pê — sorriu ao passar o indicador por meu ombro — Não finja que se esqueceu de todas as coisas que fizemos... As escondidas.

Engoli seco sentindo meu coração se revirar de medo.

— Me liga, estamos com alguns meses de atraso. Ou... não quer mais?

— Preciso ir.

Ela saiu de perto de mim, deixando-me mais confuso que já estivesse em todo esse tempo.
As escondidas...

Sai o mais rápido possível do supermercado indo para o carro e me fechando por lá algum tempo. Peguei meu celular e me deparei com uma foto com Oliv, ela estava distraída olhando para o nada e eu jurei que fosse a imagem mais linda que eu já tivesse colocado os olhos.

Não era possível que eu... Céus eu não conseguia nem pensar em tal palavra, em tal ato de tamanha infedelidade.

Não conseguia acreditar que eu era assim.

Não conseguia acreditar que eu tinha me tornado um homem tão podre... Eu era meu próprio pesadelo. Olivia dizia eu a amava e agora descobri que a traia. Nada podia piorar.

Peguei meu celular ligando para o único que poderia saber de alguma coisa.

— Mark, preciso de sua ajuda.

Até você se lembrar. {Completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora