Capítulo 16: Anti-Herói

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           O cheiro de desinfetante e álcool do hospital, deixavam todos daquele quarto enjoados. Hector ainda não havia acordado.
      Sofia, Maria, e Juan estavam lá a espera.
          _ Velho, será que ele nunca mais vai acordar? Eu estou apavorado desde a noite passada.
         _ Ai moleque, por favor cala a boca. Eu te conheço faz vinte e quatro horas e já passei por diversas emoções com você, faz favor pra eu não querer te odiar.
         _Tá bom esquentadinha, já não tá mais aqui quem falou.
         _ Vocês dois calem a boca.- Sofia  mandava os dois ficarem quietos.- Parece que ele já está acordando.
          Hector com seus lindos olhos grandes, acordava como uma pessoa fraca que acabará de acordar, de uma longa cirurgia de emergência.
          _ Oi...-Ele disse baixinho.- Vocês estão aqui.
          _ Pois é. Estamos sim. E queremos sair daqui, só quando você estiver pronto pra sair daqui também.
          Hector começou a chorar. Um chorar compulsivo, de soluçar. Ele devia ter desabado assim todas as vezes que ele encontrou saída apenas nas drogas.
           _ Eu não aguento mais.- ele mal conseguia levantar as mãos, por conta dos fios do medicamento, que estavam em suas mãos.- Eu queria ter ido junto da minha mãe.
     Todos vão pra perto dele. Maria deita na cama junto dele e Sofia e Juan ficam do seu lado, sentados num banquinho, fazendo carinho em seu rosto, e cafuné em seu cabelo.
           _Obrigado gente. Vocês são foda.- Ele fungava, enquanto se sentava na cama de hospital. - Mas o que aconteceu? Eu só lembro de... Ontem e ... Agora eu ter acordado no hospital.
         _ Você teve uma overdose Hector. Teve sorte de estarmos todos num quarto, e... Conseguimos atendimento rápido logo.
         _ As vantagens de ser um playboy rico.- Ele zombava da própria situação.- Velho... Eu tive uma overdose..
          _ É... E os médicos fizeram exames, tomografias e enfim, você usou uma dose altíssima num período curto, então é como se a dose tomada fosse considerada.. uma tentativa de...- Sofia para de falar. É como se as palavras ficassem entaladas em sua garganta.- É...
         _ Suicídio. É eu sei.- Ele concluiu a frase.- Eu já tentei isso de muitas formas diferentes, mas tudo parece a mesma coisa.
        Ficaram em silêncio por um tempo. Era possível escutar o bip do monitor cardíaco, o choro de alguém no quarto ao lado, e os médicos correndo por toda parte naquele lugar.
           _ Então gente...
           _ O que Hector?
           _ Como que eu fui noite passada? Eu brochei?
           _ Acho que alguém aqui já está melhor! Já podemos ir- Maria provoca dando risada.
           _ Ei... Nada disso! Pode ficar pô! Eu só quis saber como foi meu desempenho sexual ontem a noite.
          _ Olha digamos que em meio a tanta libertinagem você até que foi bem.
         _ Eu ainda tenho calafrios lembrando disso. Eu nunca tinha feito algo tão
          _ Louco, carnal, safado, delicioso?
          _ A primeira palavra está de bom tamanho. Aquilo foi tudo muito louco, intenso, pecaminoso...
          _ Pecaminoso? Aí meu lindo, menos vai. Menos.
          _ Desculpa, mas é o que penso. Fui  ensinado que qualquer coisa que fosse errada pela sociedade era errado. É como se isso ficasse estampado na gente, e todo mundo olhasse.
          _ Mas é algo bobo você pensar isso
          _ É mas eu não acho bobo
          _ Gente
          _ Tá, você não acha bobo, mas enfim eu acho, paciência
          _ O, gente
          _ Você sabia que isso é até pecado? Deitar com homens e mulheres
          _ Olha garoto vai pra casa do caralho e
          _ GENTE!!! Da pra parar de discutir? O Hector, ele está passando mal.- Sofia e Maria vão até o leito dele. Ele estava tendo uma parada cardíaca.-  Merda! Juan vai chamar alguém.
         _ Mas porque eu?
         _ Vai chamar alguém logo! JÁ!
      Ele mantém sua cara emudecida, e sai do quarto pra ir procurar ajuda. Ele era o único mesmo que dominava a língua do lugar.
         _ Merda tá acontecendo de novo.
     Maria fica paralisara. Ela lembra daquela dia, o dia em que fugiram. O dia em que passaram fome, o dia que conheceram Hector, e agora ele estava quase morrendo.
          _ E-eu não posso fazer isso. Não de novo, não eu não posso ver outra pessoa morrer.
          _ Maria! Escuta aqui. - Sofia pegava o rosto de Maria com suas duas Mãos e o aproximava do seu.- Ele NÃO vai morrer, está me entendendo. ELE NÃO VAI.
          Elas olhavam pra ele, ficando cada vez mais pálido, e morto. Seus olhos estavam dilatados mas não respondiam aos sinais de Sofia, os dedos dela, pra lá e pra cá na frente de seus olhos, e nada de resposta.
          O momento era crítico, e então o barulho veio. O monitor cardíaco parou... E as duas começaram a entrar em desespero.
                         °°°°°°°°°°°°°

          Paulo esbarra com João no corredor, ele estava aparentemente chorando. E então Paulo continuou seu caminho até o quarto de Pedro. Eram duas da tarde, e ele não tinha dado nenhum sinal de vida.
       Ele chega em frente a porta bate, esperando que de imediato, Pedro a abra. Um minuto se passa e nada. Ele bate na porta de novo. Ela se abre.
           _ Entra. Precisamos conversar.
      Paulo o obedece, e entra no quarto em alegria achando que tudo estaria bem, afinal, Pedro não sabia de nada.
          _ Senta.
          _ Nossa, como ele está mandão hoje. É assim que eu gosto- Ele se levanta e vai abraçar ele mas Pedro o afasta.
         _ Você me nojo.
         _ C-como assim?
         _ Você drogou a mim, e ao meu namorado. Como você faz isso??? Você não tem um pingo de noção, não?
        Paulo se mantém sério, pigarreia e abotoa o botão do seu uniforme, e volta a sua atenção a Pedro.
        _ Pode continuar.
        _ Continuar? continuar? Sabe o que devia continuar, o soco que eu devia te dar agora. Você é um ser podre, nojento, e repugnante. Eu tô com ódio de você. ÓDIO.
        _ Bem, ódio não foi o que seu namoradinho sentiu ontem no quarto enquanto ele me comia. Ele te contou disso?
          Pedro vira um soco no meio da cara de Paulo, e o desequilíbra. Sua mandíbula dói, e ele só consegue se encostar na parede pra ficar de pé.
          _ Ele me contou de ontem a noite, seu babaca. E Lucia também me mostrou a foto. Então, não venha querer se engrandecer pra cima de mim, pra me descontrolar não. Eu sei muito bem que você não vale nada. Perdi meu tempo todo, beijando e transando com você.
             Ele agora está assustado. Como assim, tinha uma foto sobre aquilo, como ela foi tirada , e por que Lúcia teria feito aquilo.
         _ Agora você ficou mudo? Pois bem, agora saia do meu quarto. Pegue suas roupas que estão aqui, e some. Amanhã eu estarei indo embora, de vez, e espero nunca mais olhar pra essa sua merda de cara de babaca.
         Pedro fez questão de abrir a porta pra Paulo, que saiu do quarto.
          _ Ah já havia me esquecendo. Nunca mais toque no nome de João. E se tudo o que ele fez ontem foi uma coisa "ruim" quem decide isso sou EU e ele. Você nunca mais fale dele. Passar bem.- Pedro fechou a porta do quarto na cara de Paulo, que ficou no corredor, plantado feito uma árvore, ferida e morta.
         Seu ódio foi aumentando, ao ponto dele socar a parede, e deixar sua mão vermelha.
           Ele saiu pelo corredor furioso e entrou dentro do elevador. Pegou seu telefone, e foi a lista de contatos.
          _ A, que bom que me atendeu. Então, sabe eu estou com quem vocês procuram. Estou com as três. Isso, mas a mais perigosa, é a mais velha. Eu quero ver essas três fudidas, na merda. Quero elas comendo mato pela raiz. A presas? Não que isso. Eu as quero, mortas. É, isso mesmo. Ah tudo bem, tudo ok. Tchau muito obrigado, cara. Até logo.
         Ele desliga. Da uma ajeitada em seu visual, na roupa, e em seu cabelo semi cortado.
        O elevador se abre, e quem está do lado de fora são as três. Lúcia, Maria e Sofia.
           _ Precisamos falar sobre Hector.
Você é a pessoa mais próxima dele. Infelizmente, você é.
            E assim eles seguem até a sala de Paulo, e a porta atrás deles se fecha. E isso é tudo o que lhes resta.

          

 
   
     

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