Não diga que me ama

7. A recíproca é verdadeira

Cosima POV

A noite havia caído, e as estrelas que eu tanto amava ver no céu, se manifestaram. Felix e Alfred decidiram invadir minha casa novamente, e não me contaram nada relacionado à festa que tinham dado no dia em que viajei. Decidi não perguntar, pois certamente surtaria. Dessa vez, eles descobriram que comprei o novo capítulo de um jogo que jogávamos juntos, mas não os informei, então decretaram que assim que o jogo lançasse, naquela noite, jogariam sem mim como punição.

A água quente do chuveiro caía sobre meu corpo, e eu apreciava cada gota que desenhava minha silhueta nua, me trazendo a mais maravilhosa sensação de paz.

Enquanto isso, pensava naqueles olhos âmbares que me encararam a tarde inteira. Aquela pele clara, quase da cor da neve e as pintas espalhadas, só me deixavam mais curiosa, de como seria se estivesse despida de roupas. Seriam suas costas a própria constelação? Seria seu corpo quente, quente o bastante para aquecer o meu que estava sempre gelado?

Ela estava me propondo um desafio, e eu estava pronta para usar todas as cartas que eu tinha na manga, para satisfazer todas as minhas dúvidas sobre aquela francesa, que tampouco me deixava saber mais a fundo sobre si. Não hesitei em nenhuma de minhas atitudes daquela tarde, e me satisfez o quanto Charlotte se agradou com minha presença. Era uma menina adorável, e merecia todo o amor do mundo para si.

– Cosima! – a voz de Paul me despertou, e eu poderia jurar que escorregaria no chão com a droga do susto que levei. Ele abriu a porta, e entrou sem ao menos bater. Como eu odiava quando ele fazia aquilo, sendo que era o único momento em que eu poderia pensar um pouco. O banheiro era grande, mas ele permaneceu distante, lá na porta, enquanto eu continuava no box do cômodo escuro.

– Que inferno, Paul! – esbravejei enquanto enxaguava meu corpo, para logo alcançar o roupão pendurado na parede do lado de fora do box – Custa esperar eu terminar meu banho? – questionei assim que o vi parado ainda na porta, me encarando com aqueles olhos de quem me mataria a qualquer instante. Paul não se importava de invadir o meu banho, e eu ficava tão nervosa, que poderia demiti-lo só por causa daquilo, mas não o faria.

– Sua secretaria me ligou, e eu perguntei o motivo. Ela disse, que foram ordens suas, e que não queria correr o risco de dar a você, motivos para tratá-la de maneira rude novamente – e lá se vai a minha tentativa de ser pontual àquele jantar com a Srta Cormier.

– Pedi para ela te ligar porquê eu estava ocupada, você sabe disso! Aquela viagem me quebrou e eu queria descansar – respondi no mesmo tom, passando por ele, e caminhando até o meu quarto, enquanto eu ainda pensava no que Marion tinha na cabeça, de reclamar para Paul sobre o que acontece em nossa relação interpessoal.

– Isso não justifica a maneira como falou com ela, e nem a sua ressaca poderia justificar toda vez que trata alguém com indiferença porquê não consegue resolver seus problemas sem se entupir de álcool – jogou na minha cara, palavras que me cortaram, mas que eu sabia que era verdade, enquanto acompanhava-me minha escolha de camisa social, uma que combinasse com a calça escura que eu usaria.

– Não comece Paul! – esbravejei, parando entre as portas abertas do guarda-roupas embutido, que pegava toda aquela parede para encarar Paul. Que bicho havia mordido ele? –Pode parar de surtar! Eu falo com ela na empresa, exatamente quando deve ser. Agora me deixe em paz, pois estou atrasada para a droga do meu jantar – disse ainda irritada, o empurrando para fora do quarto, exigindo ao menos uma pouco de privacidade para me vestir.

– Ferdinand precisou resolver um problema pessoal, então eu vou te levar para este jantar! – informou sem que eu nem soubesse, que seria ele o meu motorista naquela noite. Mas aposto que ele apenas faria aquilo, para não ter que aguentar Felix e Alfred bagunçando a minha casa – Vamos passar na casa dela, e você irá pedir desculpas sinceras. Não vamos correr o risco de levar um processo por causa disso.