Capítulo 7

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Definitivamente não era algo novo ver Bakugou murmurando xingamentos por coisas pequenas, muito menos berrando por acontecimentos menores ainda, porém, havia algo diferente no jeito com que o futuro herói demonstrava a irritação que estava muito mais sensível do que normalmente era.

Izuku não precisou de muito para entender o que estava se passando ali. A data já lhe dizia tudo o que precisava, explicava muito mais do que os lábios crispados de Katsuki, que pela incontável vez soltava um suspiro pesado e impaciente. Amanhã é a prova final para ele e Todoroki-kun conseguirem as provisórias.

Era raro ver Bakugou com aquele tipo de preocupação. O amigo de infância sempre se mostrou bastante seguro a todo instante, mas aquele não era um momento comum ou o que viria a seguir não seria um exame qualquer da academia. Ter a provisória de herói era um grande passo para o futuro que estudavam e treinavam para ter, e mesmo que não tivesse escutado ou visto algum sinal, sabia que não ter sido aprovado havia causado um imenso impacto em Katsuki.

Izuku o observou sentado sobre a cama como se fosse o dono dela, mexendo no celular, usando o carregador que também não era seu. Ainda parecia irritado como durante as aulas da manhã, e se preocupava com isso, porém, não podia deixar de sentir um confortável calor em seu peito por ter aquela visão. Deku gostava daquela intimidade que só aumentava com o tempo, assim como o sumiço de grande parte do receio que antigamente sentia ao tê-lo próximo. Não havia medo de se aproximar um pouco mais ou sequer vergonha por tocá-lo com carinho ou malícia. Era confortável, ainda mais por sentir que o outro tinha sentimentos iguais sobre aquela situação.

Sem surpresa alguma, sentiu Katsuki tenso quando tocou suas costas. Está assim desde ontem, Izuku lembrou, voltando a se preocupar um pouco mais. Sem demora ele também subiu sobre o colchão e devagar se aconchegou por trás do outro. As mãos tocaram a cintura à frente, mas não precisou puxá-la como pretendia. Bakugou se arrastou para trás rapidamente, encostando as costas no peitoral de Midoriya, que o abraçou com carinho enquanto abria um suave sorriso.

— No que você tá pensando? — Perguntou em tom baixo, o sentindo suspirar enquanto o acariciava.

— Na prova.

Katsuki era direto, detestava floreios, mas a sinceridade sempre fora difícil para ele, o que surpreendeu Izuku, fazendo-o se calar por um breve momento. Havia esperado por silêncio ou que ignorasse a pergunta, não pela verdade.

— Tá preocupado? — A pergunta soou cautelosa. Bakugou também se ofendia fácil, mas não podia evitar a questão, não enquanto o observava se torturar em silêncio daquela forma. Queria poder ajudá-lo, mesmo que fosse apenas para ouvir as reclamações e medos que fingia não ter.

— Tá brincando, né? Claro que não, caralho! — O tom nervoso não o surpreendeu, sequer o fez parar com a carícia que voltou para a cintura de Katsuki. Houve um breve momento de silêncio entre eles, e após um pouco de resistência, ouviu um pesado suspiro antes de sentir o toque quente sobre sua mão. — Eu só... fico nervoso porque não era pra eu estar fazendo isso agora. Era pra ter passado de primeira. Perdi muito tempo.

E aí estava mais uma vez a sinceridade que queria, mas não esperava. Izuku quis respondê-lo, dizer qualquer coisa para que aliviasse o claro arrependimento, porém, nada saiu de sua boca. Não sabia o que dizer, sequer se realmente havia algo que pudesse falar sobre aquele sentimento de Bakugou.

— Você não precisa dizer nada — o aviso veio quando o novo silêncio se tornou incômodo, assim como a maneira com que as mãos sobre a cintura haviam se afastado sem notar. — Não quero que me anime ou dê conselhos, eu tô bem. — Katsuki soltou outro suspiro derrotado, abaixando o tom de voz de maneira orgulhosa. — Sei que até aprendi umas coisas por causa disso.

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