Paixão às Cegas.

CAMILA

Meu grande dia.

Chegou a data, chegou o momento. Esto nervosa. Nervosa não, apenas com um leve frio na barriga.

Não me leve a mal, eu sei que ele não vai desistir. Esse não é o meu medo. Sei também que é isso que eu quero pra minha vida. Não tenho medo de me arrepender. Acontece que é um novo capítulo, uma nova convivência e, mais que isso, uma nova etapa de nossas vidas.

Quando dissermos sim um para o outro em frente a todos que amamos e nos amam vamos estar, oficialmente, formando nossa própria família. Minha pequena grande família.

– Filha, seu vestido não chegou ainda, devo me preocupar? - se eu estava com um frio em minha barriga, mamãe estava com o Alasca inteiro na dela.

– Mamãe, eu pedi para que me fizessem outra coisa, não se preocupe, antes da cerimônia o vestido estará aqui. - fiz uma pausa e observei seu olhar aflito de quem, claramente, não cria em mim. – Além do mais, ainda não duas da tarde.

– São duas da tarde mas seu cabelo está pronto, a maquiadora está pra chegar e... e... e o vestido não está aqui. Você tem noção do que fez? Camila, minha filha, nós não mandamos fazer grandes mudanças quando falta apenas um dia para o grande dia. - mamãe estava mais que aflita, ela etava em pânico. Não podia ser apenas pelo casamento. Estreitos meus olhos.

– Mãe, sei que a senhora está falando sério sobre o vestido e tudo mais e sei também que ele vai chegar a tempo. Se acalma. - abracei ela.

– Desculpe, mi hija. - sempre amei quando ela falava comigo em espanhol. Devo a dominância da minha segunda língua a ela. - Eu não consigo.

– Ora, o que te está te incomodando? Não pode ser meu casamento... - ela arregalou os olhos e olhou para o grande espelho atrás de mim, como se estivesse garantindo que estávamos a sós no quarto.

– Se contar a Sofi que te contei, acabo c sua lua de mel! - mama estreitou os olhos e eu beijei meus dedos em forma de juramento. – Pois bem, Sofia acha que está tendo contrações.

– Como?

Ela, simplesmente, jogou a bomba em meu colo e exaltou em alívio por ter dividido o peso com alguém.

– Pois é. Disse a ela que iria te contar e ela me fez prometer que não. - revirou os olhos. – Não diga nada. Ela não pode saber que eu te contei.

– Contou o que?

Sofia ama entrar nos lugares quando não deve. Não sei porque achei que dessa vez pudesse ser diferente.

Estávamos olhando pra ela com olhos assustados. Cada mente trabalhando em uma mentira mais absurda que a outra.

Sofi levou uma das mãos aos cabelos.

– Não! Mama, a senhora me prometeu! - ela não estava brava, estava chateada.

– Eu não consegui, ela perguntou e, se eu não falasse iria chorar ou bater em alguém.

Sofia suspirou e levou a mão até a barriga acariciando a pequena Oli.

Tony é péssimo com nomes, queria que a pobrezinha se chamasse Elisabeth. Se bem que, colocando esse nome, talvez ela vivesse para sempre. Espero ter tempo de convencer minha irmã a trocar o nome da pequena Olívia.

Sofia desviou o olhar de minha mãe para mim algumas vezes até decidir com quem ela falaria promeiro. Fui a escolhida.

– Preste bastante atenção. É o seu dia, Olívia vai ser uma menina muito inteligente e vai deixar eu casar minha irmã mais velha. - direcionou seu olhar para baixo. – Não é, Oli?! Fale para a sua tia bobona que você não vai nascer no meio da cerimônia ou do jantar, porque você ama comer. - sua voz ficava boba quando falava com a bebê. A minha deve ficar idiota. Coloquei minha mão em sua barriga e minha sobrinha a chutou. – Viu?! Isso foi um sim. Agora vai terminar de se arrumar que eu preciso começar a ME arrumar.

– A melhor madrinha chegou. - Tay entrou no quarto com o vestido nas costas e logo atrás dela estava Aaliyah.

– A melhor cunhada também. - controlou.

– Você é a única cunhada. - Sofia retrucou.

– Não vou discutir com você hoje, Sofia. Não quero ser responsável por você parir antes da hora. - Sofia tossiu, levemente engasgada com a fruta que comia. Aali arregalou os olhos. – Oh meu Deus, você vai parir?

Elas são amigas desde sempre. É incrível como sabem ler os sinais uma da outra.

– O que? Você vai roubar a cena da Mila, pequeno gafanhoto?

– Não me chame assim e não, eu não vou roubar a cena de ninguém. Eu só estou tendo leves contrações.

– Eu iria para o hospital. - Taylor se jogou ao lado da minha irmã no sofá.

– Eu ainda espero que ela desista de nascer normalmente para que eu possa fazer uma cesárea. - mamãe revirou os olhos.

– No meu tempo tudo era natural. Por isso as pessoas não tinham medo.

O assunto se encerrou quando minha maquiadora e a cabeleireira das meninas chegaram para terminar de nos arrumar. O grande momento estava chegando e, cada vez mais, as borboletas presentes em meu vestido pareciam ter voado para o meu estômago.

– Você está linda, minha filha. - mamãe me olhava admirada. Sorri para ela e busquei Aaliyah com o olhar.

– Você está pronta? - assenti sorrindo. Não era capaz de falar naquele momento.

Aali se aproximou de mim com a pequena caixa em suas mãos e a abriu diante de meus olhos. Ali estava o pedaço de tecido branco cheio de pequenas borboletas cuidadosamente bordadas para a ocasião.

Olhei para todas ali presentes e procurei decifrar os pensamentos de cada uma.

Mamãe estava se perguntando o que aquilo significava. Provavelmente achava que era apenas mais uma ladainha jovem. Mas não era.

Sofia estava prestes a entender pra que eu queria aquilo. Ela parecia orgulhosa mas precisava de uma resposta minha para ter certeza do que sentir.

Tay estava apenas achando tedioso todo aquele suspense que eu vazia mas, no fundo, ela estava prestes a se emocionar.

Aaliyah, que estava na minha frente com a caixa, tinha lágrimas nos olhos e não foi difícil entender o porque. A ideia foi minha, mas foram os olhos dela que brilharam quando eu verbalizei para a mulher da loja de vestidos.

– Não chore, Aali. - ela virou o rosto para cima e procurou não piscar para fazer com que as lágrimas voltassem para seu lugar de origem.

– Eu estou muito orgulhosa de vocês! Quando ele puder ver, não vai crer no que você fez! - sorri.

Acho que ninguém vai crer no que vou fazer.