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𝟏𝟖 𝐝𝐞 𝐚𝐛𝐫𝐢𝐥 𝐝𝐞 𝟐𝟎𝟑𝟔

O centro de reabilitação estava mais que quieto naquele começo de noite. A única movimentação era um helicóptero chegando no hangar, os soldados nem pararam para olhar, sabiam que era Julie chegando com mais um prisioneiro e todos estavam acostumados demais com aquela rotina para ter o trabalho de ver o que está acontecendo.

Alguns deles jogavam cartas em um canto afastado, escondido dos superiores, outros estavam quase dormindo em pé com o tempo fresco daquela época do ano. Só se preocuparam em olhar quando viram que era um antigo colega de trabalho chegando algemado.

Não fizeram comentários, os olhares nada felizes já diziam bastante. O viam como um traidor e Hwitaek apenas deixou que Julie o levasse para dentro, sem se preocupar em olhar para onde ia, porque ainda se lembrava bem daquele lugar e mesmo depois de dois anos longe ainda se arrepiava ao passar pelos corredores fechados que levam até as salas dos fundos do prédio principal, quase conseguia ouvir os gritos e murmúrios que ouvia quando tinha que passar por ali. Não precisou passar pela triagem, já haviam o revistado e ele estava trajando o uniforme cinza de todo detento ali dentro.

Julie havia recebido ordens diretas para o levar até a sala sete o mais rápido possível para iniciar a interrogação, ele não se conteve em revirar os olhos ao ouvir aquilo, não precisava esconder mais nada e sempre achara perda de tempo tentarem amenizar os termos quando todo mundo sabia o que acontecia dentro daquelas salas. Ela continuou a o guiar, girando a chave entre os dedos sem ao menos ligar para os olhares que recebia, estava concentrada demais para se importar.

— Vai querer ajuda com ele? -—A voz de Juyeon a traz de volta para a realidade, a carranca no rosto dela já dizendo o suficiente para que ele dê dois passos para traz. — Desculpa aí, achei que não gostasse dessa parte do serviço.

— Esse é um caso pessoal. — Julie arruma a mochila em suas costas, piscando para o rapaz que sempre implicava com ela e Hwitaek dizendo que eles tinham um caso. — O chefe passou a tarefa para mim de qualquer forma.

— Beleza. Topa uma partida de pôquer depois? — Ela assente, já empurrando Hwitaek para frente e sem dar mais assunto para Juyeon.

Ele a conhecia bem o suficiente para saber quando ela mentia, preferiu não arriscar.

Só quando chegaram afrente da sala sete que Hwitaek levantou a cabeça, soltando um sorriso quando sua amiga destrancou a porta e o empurrou com força para dentro.

— Precisa dessa agressividade? — Ela riu enquanto tranca a porta atrás de si, mas murchou assim que olhou ao redor a careta foi inevitável ao sentir o cheiro de sangue velho naquela sala fechada.

— Você me disse para ser convincente. — As mãos ágeis foram rápidas ao retirar as algemas, o pulso dele estava marcado em tons de vermelho e roxo pelos últimos dias.

— Justo. — É tudo o que ele diz, se calando para a ajudar a tirar a mochila das costas. Julie o entrega, era pesada e fazia um barulho estridente de metal esbarrando em metal. — Quanto tempo temos?

— Uma hora eu acho, é o tempo de alguém vim ver o que está acontecendo.

— Certo, então não vamos perder tempo. Estudou as rotas que eu te pedi? — Ela assente, já andando em direção á saída de ar com uma chave de fenda que pegou em cima da mesa à sua direita.

— Acha mesmo que eu não ia gravar minha rota depois do trabalho que deu para conseguir a planta desse lugar?

Hwitaek não responde, só deixa que ela pegue a cadeira para alcançar a saída de ar e desparafusar a abertura. Assim que a placa de metal cai ela já está subindo para o duto de ar, estendendo as mãos para que ele entregue a mochila, com dificuldade os dois sobem, fechando a saída de ar logo em seguida. Descobriram isso ao longo dos anos. As passagens de ar ligavam todo o complexo, das celas até o refeitório, estava tudo conectado.