𝐄 𝐩 𝐢 𝐥 𝐨 𝐠 𝐮 𝐞

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Foi um longo dia que eles passaram dentro daquele caminhão, evitando sair da parte de trás por precaução e ouvindo as notícias sobre os últimos acontecimentos. Os jornais não falavam de outra coisa:

A grande queda do centro de reabilitação.

A mídia começou a investigar e teorizar sobre o que havia acontecido ali e o porquê de o exército ter recuado, mas o grupo de doze pessoas preferiu ignorar tudo aquilo por hora, estavam cansados demais para tentar quebrar a cabeça com a repercussão de tudo o que aconteceu.

A fazenda era ampla e escondida, com uma casa simples perto da entrada e um galpão caindo de velho. Três mulheres esperavam atentas na varanda, já correndo para abrir o portão e deixar que o caminhão entre.

Hyojong estacionou no galpão, aproveitando para finalmente poder fechar os olhos depois de tanto tempo dirigindo. Yanan fez questão de bagunçar os cabelos dele, sorrindo e dizendo várias vezes que eles conseguiram, ele apenas destravou as portas e sorriu para o amigo de longa data, ouvindo os dez ali atrás fazerem uma algazarra para que os tirassem de lá.

As três já estavam entrando no galpão quando a parte de trás se abriu e todos desceram. Aya não se importou com a aparência suja ou com o quanto ele estava diferente como o cabelo cumprido e aparência magra, ela só queria o abraçar e foi o que fez. Wooseok se assustou e cambaleou alguns passos para não cair quando ela praticamente pulou nele, tinha medo de estar sonhando, como nas noites em que ele se sentia tão solitário que se deixava divagar e voltar para um tempo que a tinha ao seu lado, mas ali, pôde sentir os cachos tão definidos do cabelo dela fazendo cocegas em sua bochecha e as lágrimas dela molhando sua camisa.

— Me diz que eu não estou sonhando, por favor. — A súplica deixou os lábios dele e ela o apertou mais forte, para depois olhar nos olhos dele e depositar vários selares pelo rosto dele.

Em antemão, Hyuna já estava correndo ao encontro de Hyojong e apenas uma restara, encarando o irmão mais novo estatelada, dividida entre estar muito feliz e assustada por não saber que reação Shinwon teria. Ele a surpreendeu.

Yejin já não segurava mais as lágrimas e os pedidos de desculpa quando ele a abraçou, dizendo que estava tudo bem e que ela não precisava se desculpar.

— Como veio parar aqui? — Ela sorriu com a pergunta, apontando para um Hwitaek pra lá de cansado.

— Ele entrou em contato comigo, dizendo que havia um jeito de eu te encontrar novamente e eu estava desesperada por causa do envelope e não pensei duas vezes em vir ajudar.

— Você nos ajudou?

— O Kino não teve todo o alcance do último texto dele sozinho. Tenho administrado e visto tudo o que falam dele online. — Ele apenas a abraçou novamente, agradecendo mesmo quando ela disse que não era necessário.

— Podemos deixar o momento bonito para depois? Precisamos mesmo de algumas horas de sono.

— Deixa eles matarem a saudade, Hongseok. — Yuto o pegou pelos ombros o fazendo andar a sua frente em direção a casa.

— O amor é lindo cara, dá um tempo pra eles. — Micha riu com a fala de Jinho, entrelaçando seus dedos aos dele.

Eles decidiram por fim, esperar para que todos entrem e se acomodem juntos, estavam com muita fome também e as meninas juraram que estavam com tudo pronto do lado de dentro e seria uma oportunidade de discutirem o que viria a seguir e para se conhecerem melhor. Muitos olhares estavam sobre Aya, ela era assustadoramente parecida com Effie e não desgrudava de Wooseok.

Aquele foi um dia calmo depois de anos. Eles tiraram as horas para conversar e depois de muito papo jogado fora o assunto virou para qual seria o próximo passo. Os militares estavam em silencio sobre o que havia acontecido e todos os olhos estavam voltados para o que aconteceu no meio do deserto.

Era a oportunidade que eles esperavam a tanto tempo.

Não foi difícil tomar uma decisão. E dois dias depois todos estavam ansiosos, arrumando cada detalhe para a transmissão. Hyunggu havia conseguido fazer o equipamento funcionar e Yejin havia feito a parte de segurança para que não notem de onde está partindo o sinal.

Aya passou as mãos pelo HD com carinho, havia dedicado a maior parte de seus dias para ler e analisar tudo o que sua mãe deixou, abriu aquilo tantas vezes que praticamente o decorou. Terminou de conectá-lo ao computador, ouvindo Changgu fazer inúmeras perguntas sobre como tudo funcionaria e sentindo as mãos de Wooseok por sobre seus ombros.

— Já sabe o que vai falar?

— Pra ser sincera, não faço a menor ideia, gato. — Ele riu, estava aos poucos notando o jeitinho dela voltar ao habitual que se lembrava. —Vou só deixar que escutem o que tenho a dizer... o que minha mãe não pôde dizer.

— Estamos prontos. — A voz alta de Micha faz um arrepio passar pela espinha de Aya, sentindo o nervosismo crescer de repente.

Todos deixaram que apenas ela estivesse enquadrada na câmera, prontos para assistir aquele momento pelo qual eles tanto lutaram. As luzes se acenderam e em um piscar, Aya estava ao vivo.

Ela não se demorou ao ir direto ao ponto, mostrando as notas de Effie, os arquivos de áudio e vídeos que estavam no HD. Por um momento toda Segeul parou.

Todos os olhares estavam nas telas de qualquer aparelho que tivesse conseguido se conectar à transmissão, de civil a militar, todos olhavam para o rosto da jovem que estava longe dos holofotes por cinco longos anos e se puseram a escutar, chocados com tudo e além das informações que Effie deixou para trás, ela mostrou gravações feitas de dentro do centro de reabilitação. — Cortesia de Julie. — Mostrando qual foi a motivação por de trás da revolta que aconteceu no meio do deserto e todos os horrores que os prisioneiros passavam naquele lugar.

Naquele momento ninguém ousou dizer uma palavra, vidrados demais na voz da jovem Kanope que realizava o último desejo de sua mãe.

E numa tarde de abril a resistência falou e sua voz não foi ignorada.

Naquela tarde de abril a guerra contra a ditadura havia sido oficialmente travada, depois de um árduo caminho estavam chegando à algum lugar. Ainda batendo de frente e dando a cara a tapa, mas sem nunca recuar para que um dia possam ser livres de fato.

O dia havia chegado.

E eles estariam ali para lutar e fazer com que suas vozes fossem ouvidas.

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