Um amor cheio de fases

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                       Lua cheia

Remus Lupin tinha a estranha sensação de ser perseguido pelos astros. Começando pela lua e sua luz que o atraia involuntariamente todos os meses o transformando em algo que ele abominava, um monstro capaz de destruir impiedosamente quem estivesse em seu caminho. A lua o deixava perigoso, ele a odiava por isso, mas mesmo assim o jovem rapaz se perdia por horas a fio nas noites escuras e solitárias, pensado em como algo tão bonito poderia ser tão destrutivo.

Ele ria ao pensar em como se identificava com o corpo celeste que não emite nenhum luz própria, era tudo uma mentira grande, exatamente como sua vida. Todos pensavam que ele era um bom garoto, e ele se esforçava para ser, contudo, sua realidade, tal como a do satélite, também tinha um lado sombrio que ele não mostrava a ninguém. Remus se sentia um impostor, seus amigos não sabiam quem ele era de verdade, estavam apenas enganados assim como as pessoas deixam se enganar pela luz da lua.

Ele jamais se deixaria enganar por ninguém, dizia a si mesmo sempre que olhava para o céu.

Com o tempo, passou a sentir uma estranha atração pelas estrelas. Pensou no tempo em que as ignorou por conta da lua e sentiu ainda mais raiva do astro. Diferente da lua, que era falsa e egoísta, as estrelas tinham um brilho próprio, uma luz real e um poder de fazer sonhar. As estrelas não seduzem, apenas encantam, e sua estrela preferida passou a ser Sirius, a estrela mais brilhante da constelação de Órion, e para sua sorte, seu melhor amigo. Sirius passou a ser para Remus exatamente o que uma estrela é para o céu, um ponto de esperança em meio a uma imensidão de incerteza. Ao lado do amigo ele nunca se sentia solitário, perdido ou sem esperança. Remus poderia até ser amaldiçoado pela lua, mas passou a se considerar abençoado pelas estrelas. Não só Sirius, mas como todos os seus amigos passaram a iluminar seu pequeno céu e o faziam uma pessoa feliz, por muitos anos Remus achava que isso jamais seria possível. Infelizmente sua felicidade foi breve e todas as estrelas da sua vida pararam de brilhar, o céu se apagou e só lhe restou a lua para voltar a amar e odiar.

Remus voltou a ser infeliz como era antes, não, agora ele era pior. Após ter seu céu cheio de estrelas apagadas, era difícil encontrar uma luz dentro de si, de onde ele tiraria forças para continuar? Perguntava todas as noites a lua. O silêncio do astro o irritava, como a lua poderia ser assim tão egoísta, costumava pensar que ela o queria tão sozinho como ela. Até que ela apareceu.

Lua Nova

Ninfadora brilhava, não só brilhava, ela era a própria luz. Era como a lua, o sol e as estrelas. Possuía todas as cores em uma só. Sempre que ela sorria, começava pelos olhos. Ela tinha a alma de tinta que refletia em seu cabelo que variava de cor conforme mudava o humor.

Ele era completamente apagado até ela chegar.

- Você parece ter todas as cores- falou certa noite sem nem ao menos saber por quê.

— E você não tem nenhuma.- Ela constatou confusa.

Remus sabia que ela era atrevida e dizia sempre o que pensava.

- Oh, não encare como uma ofensa- a menina completou. Ela era distraída e costumava a falar coisas sem pensar, mas não era o tipo que magoava alguém propositalmente. E ele não se magoara, sabia que a moça apenas constatava o obvio, ele era o homem mais amargurado da terra.

— Não me parece ser um elogio- respondeu mesmo assim.

— A meu ver, a transparência é cor mais bonita que alguém poderia ter- Ninfadora disse olhando em seus olhos.

Maldita garota! Ele sentia extremamente vulnerável quando ela o encarava. Seus olhos eram como um espelho, e ele, que era tão bom em se esconder, sentia que ela podia ver através da sua alma.

A Tal Canção Para LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora