CAPÍTULO 23 - ABRAÇOS DEMASIADOS

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Um belo relógio antigo feito de madeira e enfeitado com flores, pendurado em uma das paredes da cozinha, indicava com seus ponteiros sete e trinta e cinco da manhã.

"TIC TAC... Ele faz. Vagueei com o som durante minutos, e com certeza a razão foi minha falta de sono"

Na noite anterior após ter tomado um banho longo e ter empanturrado com alguns bolinhos de chuva feitos por minha amiga. Em uma das nossas conversas demoradas descobri a identidade do novo aliado, mesmo ela sem mencionar alguma vez um nome.
A pessoa tratava - se do homem que recordei  no meu combate a criatura, somente podia ser ele, pois comentou sobre seus olhos violetas brilhantes e sua aura misteriosa.

"Cheguei a pensar num instante que ela tinha apaixonado - se, por causa da maneira que o mencionou. Mas gargalhei em pensamentos por esquecer o quanto ela é calorosa"

No final do seu comentário pude compreender que o propósito dele conosco havia mudado, não seria mais um mestre como dito antes e sim um guia.

"Felicidade sobreveio a mim, as coisas finalmente estavam sendo resolvidas do jeito correto. Assim esperava que estivesse sendo na terra de Som"

Nós levamos as nossas conversas até meia - noite, e depois despedimos uma a outra para o seu canto devido.

O lugar por dentro era aconchegante, dando um sentimento especial de conforto. Principalmente por causa do efeito que os luzeiros amarelos escuros providenciavam.
Nas paredes tinha quadros pequenos, mas não de pinturas, eram flores secas. E quanto ao chão, um tapete de crochê redondo cobria boa parte da cerâmica.

Quando deitei - me na cama, pareceu que meu corpo estava afundando no colchão, assim como os travesseiros. Porém para todo lado que virava o sono não vinha, e isso afligiu - me.
As horas passavam e não conseguia pregar os olhos nem sequer por apenas um segundo. O que tornou aquele momento uma injustiça, eu estava em um conforto lendário, mas miseravelmente não podia aproveitar.

Nesta hora o tédio apareceu, então tornei o momento um horário de diversão.

A minha energia havia dobrado, por isso ficar cansada não seria um problema.

Comecei a explorar primeiramente as gavetas da escrivaninha escura, onde encontrei papéis amassados e restante de tintas. Nos papéis havia desenhos feios e alguns rabiscos não entendíveis.

Na penteadeira tinha uma única gaveta pintada de branco, que dentro guardava uns potes pequenos de creme, um vidro de perfume quase no fim e convenientemente um cordão dourado, que usei para fazer um colar com a chave.

Nos criados mudos nada interessante além dos vasinhos de vidro com lavandas dentro. O que deixava o ambiente com um cheiro agradável. E um relógio no formato de coração.

E por último revistei o guarda - roupa, que era pequeno por sinal, mas foi o local que encontrei mais coisas.
Nele na parte de baixo havia uma caixa com sapatilhas vermelhas, enquanto nos cabides tinha um vestido curto azul de estampa lisa, e uma jaqueta de inverno marrom escuro. E na única prateleira dois shorts brancos.

"Claramente alguém separou as roupas para mim, pois minhas antigas roupas estavam passadas dos dias uso"

Deu - me na mente de repente de olhar o relógio sobre o criado mudo outra vez, feito isto surpreendi ao ver que eram sete horas da manhã.

Desse modo vesti aquelas roupas e desci para a cozinha. Depois de ter escovado os meus cabelos e os dentes.

"Fiz tudo ao contrário..."

Estando na cozinha vagueei um tempo até ponhar os ovos e o bacon para fritar, e descascar algumas maçãs. A falta de sono deu efeito...
Demorei como sempre para comer e beber a água, não fiz suco por não gostar de laranjas.

"Detesto comer rápido, por causa disso nas maioria das vezes saía por último da mesa"

A louça estava limpa, seca e guardada quando subitamente três pesos pularam em mim e agarraram - me.

— Haaaaaaaaa!!! – gritei. — O que estão fazendo? Querem matar - me de susto? – disse rindo.

"No caso o riso foi para disfarçar meu desespero"

— Hahaha... Estávamos com saudade.
— Mirella, você não conta.
— Ei!
— Me viu ontem. – falei esbarrando em seu ombro.
— Se acordou ontem por que não fez nós levantarmos? – William fez um olhar sério.
— Não faz isso, eu que pedi a Mirella para fazer surpresa. Mas acho que não consegui, pois vocês que fizeram isso agora a pouco.
— Sendo assim você merece um castigo. – Miguel falou em seguida olhando para Mirella e William, com uma expressão muito conhecida. Infelizmente não deu tempo para escapar.
— Não, não façam isso. Não, hahaha!! Parem de fazer - me cócegas.

A bagunça teria continuado se o homem não tivesse aparecido e nos encarado com repreensão.

Ele mudou em questão de aparência, os seus cabelos negros batem na altura do ombro, e tem um barba por fazer. As suas roupas mudaram para uma capa branca sobre uma longa blusa cinza, com um cinto de couro preto na cintura. E usa uma calça verde musgo que combina com as botas de ferro, da mesma cor que os braceletes.

— O silêncio é ótimo de manhã, mas é bom que finalmente voltou Hanna. Demorou bastante... Um mês sendo exato. – enquanto falava pegou uma pêra e a começou comer.
— Não foi apenas uma semana? – encarei os quatro.
— Ele está falando desde aquele dia. – respondeu Miguel.
— Agora que está aqui chegou a hora de irmos. Portanto foi a única que nos empatou. – analisou minha postura diante das suas palavras.
— Você não acha que foi um pouco grosseiro? – William o interrogou.
— Desculpa! Mas não cansou de carrega - la por todo o caminho? Cora contou - me que chegou aqui esgotado. E claro... Não estou dizendo isso para sentir - se culpada Hanna, é somente para ter noção do que deve.
— Eu compreendo, obrigada por lembrar. – respondi antes que um deles iniciasse uma discussão.

"Tudo, menos desentendimentos! Por favor"

Com seu aviso dado ele retirou - se, e Miguel e Mirella saíram sem demora. Depois de terem balançado suas cabeças em movimento negativo para mim.
O William foi o único que ficou.

— Por que fez aquilo? – sua voz parecia irritada. — Ninguém deve falar daquele jeito com outra pessoa.
— William... Obrigada! Por tudo que fez. Mas sobre isso, estamos em lugar que as coisas estão conturbadas, então...
— Eu entendi, não precisa continuar.

Acenei ligeiramente com a cabeça para ele e resolvi sair, no entanto no meu coração um agradecimento rápido não foi o suficiente. Por isso dei a volta e o abracei.

O silêncio mútuo e a retribuição do meu ato alegrou - me. Mesmo sabendo que era pouco.
Pelo menos senti firmemente que aquele tempo nos reconciliou.

Autora: — Um capítulo mais emocional! 😸

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