Quarto

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Sakura o encarou. Como proposta de casamento, aquela era definitivamente insultante, tanto que, por um longo minuto, ela não foi capaz de reagir. Amava-o, mas aquilo era demais. Então, Naruto pensava que ela se casaria com ele para aliviar-lhe a consciência pesada? Que estava tão desesperada que se agarraria à primeira chance? E o pior, será que ele teria razão? Tremendo por dentro, não sabia se teria fora para rejeitá-lo, mesmo sabendo o motivo que o levara a fazer tal pedido.

Para ganhar tempo, virou-se para pegar duas canecas do armário de baixo, mantendo-se de costas para ele, enquanto se concentrava em regular a respiração e restabelecer o equilíbrio dos sentidos confusos. Revirando uma caneca de cerâmica nos dedos, por fim, conseguiu administrar uma palavra normal.

- Por quê?

A pele de Naruto apresentava uma leve palidez e Sakura percebeu que fazer aquele pedido não fora fácil para ele. Como podia ser, se ainda esperava, bem no fundo do coração, por Hinata?

Como todo homem de negócios, ele começou esboçando as vantagens de uma união.

- Acho que nos daremos bem casados. Ambos temos uma carreira, entendemos as pressões que cada um sofre, as exigências que afetam o tempo que normalmente teríamos juntos nos dariam a possibilidade de respirar um pouco longe um do outro. Sei que está acostumada a ser independente, a ter tempo só para você - disse cauteloso, observando-a em um esforço de adivinhar o que ela pensava sobre aquela proposta, mas era como procurar por expressões na face de uma boneca de porcelana. - Saberíamos como respeitar a individualidade do outro.

O café ficou pronto. Sakura verteu a deliciosa bebida fervente nas canecas. Em seguida, ofereceu-lhe uma e apoiou-se na bancada, soprando a sua suavemente para esfriar o café.

- Se precisamos tanto ficar separados, para que perder tempo em nos unir? - perguntou por fim. - Por que não continuamos do modo que estamos?

Uma nova expressão suavizou o rosto moreno, quando Naruto olhou para os cachos de cabelo rosa que se enrolavam ao redor dos ombros dela como braços vivos.

- Sakura, se você fosse uma mulher experiente poderia aceitar um romance casual, mas até ontem à noite era uma virgem.

Tremendo, ela se lembrou que Naruto era um bom jogador de xadrez. Sabia como se defender e atacar e como se safar de um argumento fraco. Não, ela não era uma mulher de romances casuais, porque jamais fora capaz de ver outro homem à sua frente que não fosse ele.

Será que Naruto não conseguia enxergar o óbvio? Uma mulher para se manter virgem por tanto tempo, apesar das oportunidades normais para mudar tal condição, só podia ter uma razão muito forte para ter se atirado nos braços dele na noite anterior.

- E ontem foi uma noite fantástica - continuou ele suavemente, as palavras enredando ao redor do coração de Sakura como uma trepadeira, atraindo-a para ele, curvando-a à vontade dele. - Foi tão bom que acabei ficando um pouco louco. Ainda assim, consegui sentir como se abriu para mim. Se eu tivesse conseguido esperar um pouco mais, teria sido capaz de enlouquecer por mim também? Estava começando a ficar bom para você?

Naruto deixou a bancada e aproximou-se dela, a voz grave e aveludada seduzindo-a novamente. Então, parou de beber o café, fintando-a o tempo todo sobre a beirada da caneca.

Sakura também tomou um gole de café, segurando-o na língua de modo que seu gosto forte deleitasse suas papilas gustativas. Podia sentir o calor aquecer sua face e amaldiçoou a cor clara de sua pele que denunciava os mais lânguidos rubores.

- Sim, eu gostei. - Admitiu tensa.

- Eu seria um bom marido. Fiel, trabalhador e leal como Fido, o Wonder Dog, ou seja lá qual for o nome do vira-lata. - Ela o fitou depressa e viu o brilho de divertimento no fundo dos olhos dele, agora dourados com o humor que os iluminava. - Gosto da vida doméstica - continuou, o sotaque rápido reduzido de velocidade, à medida que ele pensava nas palavras. - Gosto de estabilidade, da companhia de alguém para tomar café nas manhãs chuvosas e nas noites frias de inverno. Está chovendo agora. Não é agradável? - Com a palma da mão, ele envolveu a curva do ombro de Sakura, apertando a junta delicada entre os dedos. Então, escorregou a mão, deliberadamente, até o colarinho do roupão que ela usava, os dedos movendo-se sob a camisola para lhe afagar a curva macias dos seios.

Eternal LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora