Estamos sendo ameaçados de morte e você está falando de quê?

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Quantas vezes sentiu-se ansioso?

Por mais que novas oportunidades tenham sido concedidas para você, em quantos momentos você acreditou que não seria possível?

Ou que deixou de acreditar em si mesmo?

Ou pensou que tudo aquilo que acreditava já não era mais a sua verdade?

Afinal, o mundo gira a todo o momento e a cada novo suspiro, as inspirações ressurgem como um balanço sendo empurrado apenas pela força do vento. Talvez seja um tanto difícil compreender de que forma as metáforas se aplicam, mas é extremamente relevante levar em consideração cada novo pensamento — por mais que os julguemos como fracos ou ineficientes.

Talvez, naquele momento, a fraqueza e a insuficiência sejam apenas instantes de todo aquele reboliço lotado de pesares das circunstâncias do dia-a-dia.

— Otto.

— Oi.

Fechando o livro e colocando-o sobre a mesa ao lado da poltrona charles eames em couro preto, ele não deixa de perceber o quanto aquelas olheiras estavam tomando o rosto dela.

Quando ela engravidou, ele pensou que tudo seria pouco mais fácil.

A verdade é que sequer podia lembrar da única gravidez que acompanhou em um momento do passado. Algumas nuances vez que outra se apresentavam, mas nada era consistente o suficiente para trazer aquelas boas lembranças do início, onde nem ele e nem Alice imaginavam sobre a proporção da doença que acometia Stella, a primeira filha deles.

— Está tudo bem?

— Nada com que você precise se preocupar.

— Nos últimos dias você não me pareceu muito tranquilo em relação ao seu irmão. —  Ela diz, enquanto se aconchega melhor no sofá.

Aquele olhar de questionamento dela era quase impossível ignorar.

O último mês havia sido insuportável e ele não podia mentir: estava muito complexo manter a Onze e a Starship em pleno funcionamento, enquanto Roger insistia em derrubar todas as negociações após a morte de Glória.

Nada era o suficiente.

A empresa não era o suficiente.

Os investimentos não eram o suficiente.

Os bens não eram o suficiente.

Ele queria mais.

E Otto sabia exatamente o que Roger queria: poder.

O último mês havia o desgastado por completo.

Entre as idas e vindas das crises de vômito de Luísa, aliadas ao complexo de ansiedade que havia desenvolvido após a morte de Marcelo e a insistente sialorreia que a acompanhava desde o quarto mês, ele tentava se manter o mais são possível para atender a todo e qualquer acontecimento que estavam tirando-o as noites de sono.

A verdade é que Otto nunca foi o tipo de pessoa que precisou dormir por longos períodos, mas a constante problemática acerca do irmão havia o derrubado.

— Roger vem agindo todos os dias e ele acredita que eu não percebo. — Afirma ele, que logo levanta e vai sentar ao lado de Luísa no sofá, abraçando-a carinhosamente e beijando-a na testa, enquanto mantém a mão sobre a coxa dela.

Os suspiros dela eram ritmados e podiam ser ouvidos com muita facilidade, afinal a respiração havia ficado mais dificultosa no último trimestre, devido a como o bebê estava instalado dentro do útero e pressionando as costelas e também o estômago.

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