Peter Collins
Três semanas longe dela, três semanas com sonhos que eu juro que são lembranças distorcidas, sonhos embaçados e três semanas que eu voltei com tratamento. Meu ultimo sonho foi com um apartamento, "estrelas do sul" era o nome do condomínio. Minha psicóloga me orientou a encontrar esse lugar, que pelo o que sabia era onde eu iria morar com Olivia, ia ser algo especial.
Meus pais apoiaram, claro. Peguei o caro deles e vim para California, fiquei um bom tempo dentro do carro criando coragem para pegar a chave que estava no porta-luvas ainda dentro da caixinha de veludo que Oliv entregou para meus pais quando veio embora.
Eu mais que ninguém, sentia a falta dela, era como se tivesse arrancando uma parte de mim.
Clara me procurou, me disse que nos encontrávamos geralmente no meio da semana de noite. Me deu detalhes, historias que fizeram ainda mais minha consciência pesar. Ela também quis voltar, ser um casal de novo, coisa que recusei e a deixou irada exatamente como eu me lembrava que ela ficava quando algo que ela queria dava errado ou quando eu não atendia seus pedidos. Me pergunto como eu fui capaz de ficar tanto tempo ao seu lado.
Ainda estava criando coragem quando o celular tocou, demorei acha-lo já que se encontrava dentro da mochila no banco de trás. Peguei-o e atendi sem ao menos olhar pensando que seria minha mãe.
— Alo — disse pegando as chaves do apartamento saindo do carro, na porta que ia para o elevador tinha uma plaquinha 'em manutenção", sai para fora indo para a portaria buscar informações e até cadastrar meu nome porém, parei ao ouvir a voz do outro lado da linha:
— Peter? — meu coração fez uma reviravolta dentro do meu peito ao ouvir a voz dela.
— Olivia? Esta tudo bem? — apartei o chaveiro em minha mão.
Sua respiração falhou, como se estivesse correndo.
— Eu não seio que fazer, tem um homem... — o vento fazia o telefone chiar — Tem um homem me seguindo, estou sozinha. Esta frio e estou com medo.
— Onde você esta? — o desespero tomou conta de mim, ela estava em risco e eu provavelmente não daria conta de ajuda-la.
— Estou a algumas quadras faculdade, na rua de trás — o chiado aumentou, deduzi que estava correndo.
Olhei para frente um montado de cabelos vermelhos em movimento. Seria possível? Apurei a visão, era ela. A imagem do homem apareceu atrás dela, o cara estava perto fazendo o ódio subir pelo meu corpo.
— Oliv, estou te vendo — ela ergueu a cabeça parando de andar entrando em espécie em transe quando seus olhos me encontraram — Anda, não para. Oliv!
O homem apressou o passo vendo ela parada, fiz o mesmo mas ele estava mais perto. Logo sua mão agarrou o braço da garota que eu amava tentando arrasta-la, por sorte ela finalmente reagiu se mexendo, tentando se livrar do toque ele.
Naquela altura eu ja estava correndo em direção a ela com o coração a mil.
Empurrei o corpo do homem que fedia a álcool mas, apesar de suas condições ainda estava com consciência o suficiente para aguentar o próprio peso e não cair. Olivia deu alguns passos para trás, completamente assustada e tudo o que eu queria era a envolver em meus braços e dizer que ja estava tudo bem.
— Sai de perto dela — ameacei vendo-o rir em total escarnio voltando a ir para cima dela que dessa vez teve a atitude de chutar no meio das pernas do homem que uivou de raiva.
Me meti na frente dele segurando-os pelo ombros aproveitando seu momento de fraqueza e me virei para ela.
— Corre — gritei, por puro extinto fazendo ela ficar mais assustada e recuar alguns passos — Vai Olivia, estou indo logo atrás de você.
Ela correu, com lagrimas nos olhos ainda olhando para trás com receio e esqueceu de parar quando foi atravessar o que fez com que eu soltasse o homem que caiu no chão e virasse totalmente o corpo correndo em sua direção quando vi o brilho dos faróis que fizeram-a se assustar e parar se súbito no meio da rua.
Os sons dos freios de carro, da buzina e do grito de Olivia me fez gritar junto. Minha cabeça entrou em colapso e flashes inundaram minha mente...
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Senti a mão deslizar por minhas costas, olhei vendo o sorriso de minha mãe tentando me acalmar. Eu ainda sentia as lagrimas secas e grudadas em minha bochecha me lembrando que a tamanha tristeza e medo que eu estava sentindo.
A doutora apareceu e eu me levantei o mais rápido que pude seguido por meus pais.
— Parentes de Olivia Jones? — perguntou olhando sua prancheta.
— Namorado — respondi.
— Ela está bem, na medida do possível. O efeito da anestesia está acabando acho que seria importante ter alguém com ela quando acordar — assenti de imediato — Explicarei o estado ela no caminho.
Seguimos a mulher por um extenso corredor, e ela se pôs a falar:
— Olivia bateu a cabeça com muita força mas, não foi submetida a cirurgia porem iremos saber com mais detalhes a saúde do cérebro quando ela acordar mas, por enquanto não tem indícios de nenhum risco. Claro que, terá que fazer mais alguns exames e fisioterapia já que quebrou uma perna em dois lugares. Logo ela irá despertar, fiquem a vontade e me chamem quando isso acontecer.
Agradeci a doutora e entrei no quarto seguido por meus pais. Meu coração gelou ao vê-la deitada naquela cama tão frágil por mais que eu soubesse que fosse a mulher mais incrível que eu já pus os olhos.
Me sentei ao lado a cama segurando sua mão delicada entre as minhas.
— Ela vai ficar bem, filho — meu pai disse colocando a mão sobre meu ombro — Vocês vão ficar bem.
— Será que ela vai me perdoar?
— Vocês terão um longa conversa. Mas, faça de tudo para ela continuar sendo minha norinha — ri balançando a cabeça.
Fechei meus olhos por alguns minutos colocando minha testa sobre sua mão quando senti seus dedos se mexerem. Devagar, ergui minha cabeça vendo seus olhos verdes se abrirem aos poucos. Me levantei com lagrimas nos olhos e um sorriso nos lábios, meus pais se levantaram rápido indo chamar a medica e ela finalmente me olhou ainda meio sonolenta.
— Olivia — sussurrei me inclinando e deixando um beijo em sua testa.
— Perdão, quem é você?
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Até você se lembrar. {Completa}
Romance"Quem é você?" Foram as três palavras que saíram da boca dele. As três palavras que ela não esperava ouvir depois de dois meses. Eles estavam prontos para iniciarem uma nova fase. Um novo passo em suas vidas. Um novo parágrafo na história de amor qu...