Capítulo 1: A fuga.

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É inesperado como as coisas acontecem, um dia você é apenas uma garota que corre atrás dos seus sonhos, e no dia seguinte, você é uma fugitiva.

Está é uma noite muito fria e chuvosa, eu tento me esconder sob o capuz da minha jaqueta, carrego comigo apenas minha mochila, com os meus pertences mais necessários, só pude pegar poucas peças de roupas, um pouco de dinheiro, e claro, meus documentos - não que eu vá poder usá-los para onde, sabe-se Deus, eu vá. Preciso sair o mais rápido possível dessa cidade, sem que eles me encontrem.

Entro em um ônibus de viagem, o mais rápido possível, tive que pagar com um pouco do dinheiro que tenho escondido a algum tempo, não posso ser rastreada de maneira alguma, por isso nem penso em usar um de meus cartões.

Vejo que eles acabaram de entrar no terminal a minha procura. São cinco homens todos eles vestido em termos ajustados ao tamanho do corporal incrivelmente grande, com o semblante totalmente mal encarado, os tipos de homens que ninguém em sã consciência iria encarar sozinho.  Me gela a espinha só de vê-los por aqui, não posso deixar que me encontrem.

- Lise vem aqui. Não corram crianças. Viu eu te falei pra parar! - Diz a mulher assim que a garotinha cai e começa a chorar. - Eu falei para você não correr menina, vocês dois tem de se comportar. Seu pai vai ficar bravo quando te ver com os joelhos assim.

- Desculpa nana. O Léo não para de me provocar, ele fica puxando meu cabelo.- Diz a menininha, com os olhos vermelhos e cheios d'água de alguém que não quer chorar

A senhora continua reclamando e brigando com as crianças, enquanto disfarçadamente entro no ônibus e vou para os acentos vagos, quatro fileiras antes dos últimos acentos, oque está ótimo, devido as atuais condições, meu único desejo é sair o mais rápido possível desse terminal. Espreito por uma pequena fresta da cortina que afastado com o dedo, vejo que estão tentando me encontrar em meio a uma multidão de pessoas que transitam de um lado para o outro com bagagens, um deles chega até mesmo vasculhar dentro de um ônibus próximo ao meu, mas o motorista começa a reclamar com o homem e diz que vai chamar os seguranças, já que ele não tem permissão. O pânico me domina, e agarro a minha mochila, orando para não ser encontrada, sinto minhas mãos suadas e doendo de tanto que aperto a bolsa a procura de qualquer tipo de proteção.

- "Por favor! Por favor! Vamos logo, motorista liga logo este ônibus. Ó me ajuda Deus!"- sussurro como uma prece para que  o motorista de partida.

Quando finalmente percebo que o motorista fecha às portas e da partida, relaxo um pouco meus dedos, embora meus nervos estejam ainda muito ligados, até que estejamos bem longe desse lugar. Assim que saímos da rodoviária, dou um suspiro de alivio.

-- Senhorita, tudo bem com você? – levo um susto, quando a mesma senhora que vi brigando com as duas crianças arteiras no terminal, faz a pergunta bem próxima do meu lado direito, quando olho, percebo que está no acento ao lado do meu, com um ar de preocupação.

-Estou bem sim, obrigada! – Digo tentando parecer o mais normal possível. – Só me deu fraqueza, pois esqueci de comer.

- Bem isso é muito ruim, vocês jovens de hoje, negligenciam demais as refeições, o senhor Carter é terrível também com a alimentação, o homem parece que toma choque logo ao acordar, sai sempre apreçado sem se alimentar, apenas um xícara de café e pronto. Onde já se viu, não sei como não desenvolve uma gastrite. – Ela abre uma bolsa enorme, e vasculha, tirando de lá uma garrafinha de suco e logo depois um sanduíche embrulhado num saquinho lacrado e os oferece para mim. – Tome querida, espero que goste.

- Não precisa senhora, eu tenho um Pacotinho de bolacha e água.

- Pois então guarde para mais tarde, água e bolacha não vão alimenta-la o suficiente, a próxima parada é muito longe. Pegue e não faça cerimônia, sempre carrego muitos lanches nessas viagens. Com crianças a gente tem que estar sempre preparada. Ela diz e resolvo obedecer, porque a final de contas, não estava mentindo quando disse que fazia muito tempo que não me alimentava.

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