Capítulo 1.

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— Haha, você também veio para ver a corrida de cavalos? – Um garoto sorridente questionou enquanto observava a garota, ele segurava em sua mão esquerda uma mochila escolar, indicando que ele estaria voltando da escola ou, improvavelmente indo para ela.

— A-Ah...Eu? Eu só... – A garota parou por alguns segundos e piscou os olhos rapidamente, ela tinha a intenção de dizer ao garoto da onde estava vindo ou para onde estava indo, mas naquele momento era como se todas as suas memórias tivessem escapado de seu cérebro, lhe restando apenas o nada — Eu...não sei.

— Você tem problemas de memória? – Ele se abaixou um pouco para encarar o rosto da jovem a sua frente com mais clareza — Seria realmente ruim se você estivesse perdida ou algo assim, aqui é uma cidade bem grande, embora não pareça.

— Eu realmente não sei agora, mas...Me diga, o que você está fazendo aqui? – A garota questionou levantando mais um pouco seu rosto para encarar a face do jovem a sua frente, mas seus olhos se arregalaram quando ao envés de uma face comum, não havia exatamente nada em seu rosto, parecia que ela estava dentro de um profundo abismo, era incapaz de identificar os lábios, o nariz ou até mesmo o formato certo do rosto do jovem com qual conversava.

De forma natural e descontraída o garoto explicou que estava voltando da escola mas decidiu mudar seu percuso no meio do caminho para assistir á uma corrida de cavalos com alguns amigos, a garota continuou o ouvindo enquanto tentava controlar sua respiração acelerada, a única coisa do garoto aparentemente mais velho que ela conseguia enxergar era sua silhueta e uma luz branca que saía do que parecia ser dois buracos em seu rosto, que deveriam ser seus olhos. Olhando para os lados ela finalmente conseguiu ter noção da onde estava, mas era tão incomum aquele cenário, tudo naquele lugar parecia ter perdido sua cor, ela estava na calçada de uma cidade, era possível ver silhuetas escuras e claras de diversas casas e estabelecimentos, porém, nada detalhado, eram cores mortas e opacas, assim como o jovem á sua frente. Olhando para o céu, ela finalmente viu algo diferente, enquanto todo o cenário era baseado em cores cinzentas ou completamente negras, o céu era um branco cinzento – Não havia sol, não havia lua, não havia estrelas, apenas nuvens mais escurecidas, como se estivesse sendo anunciado que um período chuvoso se aproxima.

— Isso...Isso...! – A jovem quase exclamou, dando passos para trás e em seguida encostando seu corpo contra a parede, seus olhos estavam completamente abertos, ela não parava de olhar para os lugares e também para o garoto, ela não não compreendia o que estava acontecendo, o porquê dela não conseguir enxergar nenhuma cor que não fosse tons cinzentos ou preto. “Hey, você está bem?” Ela escutou o questionamento enquanto via a silhueta negra dar alguns passos em sua direção, encostando o que seria sua mochila na parede e em seguida levar suas duas mãos até ela, tal ação que foi impedida quando a senhorita levou rapidamente suas duas mãos contra a sombra que quase se aproximara de seu corpo, assim a empurrando com força para longe — Se afaste de mim, não me toque!

— H-Hey! Calma, eu só queria ajudar! – Exclamou o rapaz, seu tom de voz agora estava mais sério que antes, ele parecia realmente nervoso — Olha, me desculpa, tá bom? É melhor eu ir embora, boa sorte aí – O garoto falou enquanto pegava sua mochila do chão e ao que parece, se virava para frente, dando alguns passos em tal direção.

— Essa voz...Eu...Espera! – Bruscamente a garota andou em direção á silhueta que parecia se afastar cada vez mais — Você...Quem é você!? Qual é o seu nome?! — Ela exclamou com toda a sua força, seus olhos ainda estavam arregalados, quem antes estava horrizada pelo estranho lugar onde se encontrava, agora se via assustada por reconhecer a voz daquela silhueta que antes aparentava ser gentil, mas, ignorando sua voz, o garoto continuou a andar — O seu nome...Eu preciso saber...! — Ela parou com seus passos e sua voz trêmula foi cortada quando ela sentiu uma imensa dor em sua cabeça e um barulho grave ecoar por seus ouvidos, era como se água estivesse invadiando suas orelhas e quase a impedindo de ouvir qualquer coisa ao seu redor — Es...pera... – Foi a última palavra que ela escutou antes de sentir suas pernas fraquejarem e em seguida o impacto do seu corpo contra o chão frio e cinzento “Meu nome é Lu...” Ela ouviu a voz do jovem, ainda que abafada, ela não conseguiu entender a última parte de sua frase pois quando se deu conta que estava caixa no chão, seus olhos pareciam estar pesados, muito mais do que ela conseguia aguentar, mesmo que ela arregalasse seus olhos, ela ainda tinha a sensação de que eles a desobedeciam e se fechavam lentamente até sua visão ficar completamente escura.

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