Noite juntos

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Luffy revirava na cama de um lado para outro. Céus o que ele havia feito de errado? Havia jogado pedra na cruz por acaso?
A chuva caia como uma torrente do lado de fora, mas mesmo com o ar-condicionado ligado, parecia que estava no inferno. Sim, era um inferno. Estava tudo muito quente e abafado e ele estava sob tortura.

Se virou novamente na cama, mas foi uma péssima ideia. Seus dedos estavam se coçando para não tocar naquela bela tatuagem nas costas de Law, mas não podia. Ele tinha sono leve e iria o pegar no flagra, e o que responderia sobre estar tocando ele? Que estava tendo uma ereção fudida por estar dividindo a cama com seu melhor amigo só de cueca com a pele coberta por tatuagens sexy? Ele não poderia e mentir nem era uma opção, nem sabia como se fazia. Infelizmente não havia nascido com o dom da dissimulação, apesar de bem necessário em momentos como esse.

Agora a pergunta, como havia se metido nessa enrascada? Bem simples, estava na casa do amigo, como de costume, mas havia começado um temporal e Law como bom amigo que era não deixou que ele saísse e ofereceu que dormisse ali. O problema era que só tinha um quarto, já que o de visitas estava, convenientemente, em reforma, e Law com todo aquele corpo monumental gostava de dormir quase pelado se exibindo. Luffy estava quase subindo pelas paredes.

– Não consegue dormir? - A voz rouca de Law fez seus pelos arrepiarem e puxou a coberta desesperadamente para esconder sua ereção, enquanto ele se virava para si.

– É.

– Sei bem como é, posso te fazer campainha. - Disse sorrindo de lado. Porcaria de sorriso sexy. Qual era o nível do pecado para ter de passar pelo terrível clichê de se apaixonar pelo melhor amigo? Era uma tortura. Imagine ser íntimo e próximo da pessoa por quem está apaixonado, mas ter de guardar o sentimento totalmente para si porque além dessa ser a pessoa para quem você normalmente contaria, você pode estragar uma valiosa amizade e ao mesmo tempo ter o coração partido de dois modos, pelo amigo e pelo amor, e ter de suportar a terrível esperança de ser correspondido, mas ao mesmo tempo ter de limitar toda a aproximação e contato que tiverem à intimidade da amizade. Era terrivelmente frustrante.

Luffy sentiu o coração palpitar mais rápido quando Trafalgar se aproximou ainda mantendo o contato com os olhos. Como não se iludir com ele deitado tão próximo e o encarando desse modo? Céus, podia até sentir a respiração dele contra a sua face.

– Luffy-ya... Eu não queria, mas muitas vezes eu sou uma pessoa egoísta... Eu não queria ser assim, não com você, mas é muito difícil...

Franziu o cenho confuso com aquelas palavras, o que Law estava querendo dizer? Sentiu a mão quente traçar um caminho por seu braço até chegar em sua mão, qual ele entrelaçou os dedos. Sentiu uma corrente elétrica e uma queimação gostosa por todo o local que o tatuado havia passado e o coração falhar uma batida. Era nesses momentos que acreditava veemente que Law sabia de seus sentimentos e o provocava de propósito, céus, como queria agarrar aquele homem. Uma divindade poderia ser caridosa e lhe lançar um sinal dizendo que poderia avançar sem correr o risco de perdê-lo, certo? Não custaria nada.

Se assustou levemente com o som do trovão que bradava pelos céus. Isso seria um sinal do tipo “Está esperando o que, porra?!” ou era apenas um devaneio? Voltou a si com o aperto em sua mão.

– Está com medo?

– Claro que não, só estava distraído. 

– Posso te abraçar se estiver com medo.

– Eu não sou criança! ‐ Protestou com um bico nos lábios que levou ao Trafalgar soltar uma leve risada. Algo que não ocorria com muita frequência, mas com certeza era belo. A luz da Lua atravessava a janela de vidro e iluminava pobremente o local, mas era o suficiente para ver o rosto de Law e o sorriso simples naqueles lábios, como ele era lindo. Deveria ser pecado alguém nascer com tanta beleza.

– Luffy-ya? - Voltou a chamar depois de um tempo, os olhos nunca deixando de se conectarem. – Você me odiaria se eu fizesse algo que você possivelmente não gostaria?

Luffy sentiu uma aflição enquanto sofria por antecedência. Claro que não odiaria Law, mas a depender do que ele fizesse poderia machucá-lo. Um coração partido doía e muito, também era difícil de curar.

– Desde de que você esteja feliz, eu estarei feliz também. - Sorriu terno. Era verdade, ele o amava e estaria feliz por Law, mesmo que custasse seu coração.

Prendeu a respiração quando Law aproximou o rosto do seu com um sorriso. Seu coração batia tão forte na caixa torácica que poderia até sair para fora. Fechou os olhos em expectativa e ansiedade que logo foram cessadas ao sentir os lábios sobre sua testa. Não evitou um bufo frustrado e um bico. A esperança era mesmo uma vadia manipuladora.

Antes que abrisse os olhos seu corpo paralisou novamente ao sentir a mão tatuada que segurava a sua pousar em sua cintura. Sentiu a ponta do nariz dele passar sobre o seu, causando arrepios pelo seu corpo, até que as pontas se encontrassem. Pareceu uma eternidade, mas os lábios atrativos finalmente se juntaram ao seu.

Sentiu a língua dele passar sobre seus lábios abrindo passagem para suas línguas se encontrarem e a sensação era simplismente indescritível. Era como uma explosão da mistura dos sabores de suas comidas favoritas em um sabor único em sua boca. Suas línguas travavam uma batalha por espaço, queriam explorar cada canto uma da outra, sentirem seus sabores se misturarem.

Seus pulmões imploraram por oxigênio e eles encerraram o beijo. Mantinham as testas coladas, assim como a conexão de seus olhos enquanto tentavam normalizar a respiração descompassada.

Puta que pariu. Se aquele foi o sinal que lhe enviaram ele estava realmente agradecido, porque foi um baita de um sinal. 

– Me desculpe por ser egoísta. -Apesar das palavras, Law não possuía traços de arrependimento em sua face, nem tão pouco Luffy queria aquilo.

– Só cale a boca, Torao! - Não sabia se xingava Law por tê-lo feito achar que não era correspondido e se privar daquele sentimento por tanto tempo ou se o socava, talvez devesse fazer os dois. Mas não o fez, não estava se importando com aquilo agora. Que se foda tudo, ele iria aproveitar toda aquela noite para se afogar naquele sentimento que tanto desejou se entorpecer há tempos.

Jogou seu corpo sobre o dele, pouco se importando se ele notaria a ereção que há pouco tentou esconder e o beijou novamente. Um beijo aceito de bom grado por Trafalgar e o primeiro de uma sequência que se seguiria por toda aquela madrugada. Talvez se apaixonar pelo melhor amigo não fosse um tortura tão horrível, pelo menos quando se era correspondido. Ao sentir a queimação em sua pele e os arrepios causados pela boca e toque quente do melhor amigo sobre seu corpo, tinha plena certeza que, ao menos, a espera valeu a pena.

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